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O crime que inspirou “Travessia”, nova novela da Globo

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O sucesso “Pantanal” foi substituído por uma nova novela que já está dando o que falar. Agora, na faixa de novelas das 21h, da TV Globo, o público irá acompanhar “Travessia”, uma trama criada pela autora Gloria Perez e direção de Mauro Mendonça Filho. No entanto, o enredo não é uma obra de ficção por completo.

A nova produção da TV Globo terá uma protagonista inspirada em um crime conhecido nacionalmente que marcou o Brasil há 8 anos. Isso porque Brisa, interpretada pela atriz Lucy Alves, será vítima de uma fake news inventada contra ela. Desse modo, ao longo da trama, ela tentará escapar das consequências do ato que ela sequer cometeu.

A origem dessa história que causa agonia é inspirada no caso de Fabiane Maria de Jesus, dona de casa que foi vítima de uma fake news em 2014 que resultou em uma confusão fatal.

Tragédia

Por volta de 2014, espalhou-se rapidamente um boato gerado por uma página no Facebook chamada Guarujá Alerta que afirmava que a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de magia obscura. Assim, um retrato falado da uma suposta sequestradora teria sido comparado com Fabiane Maria, que foi julgada pelo povo como a culpada.

fabiane maria de jesus

Divulgação / Polícia Civil

Então, no início da noite do dia 3 de maio de 2014, moradores do bairro Morrinhos, em Guarujá, no litoral de São Paulo, espancaram a mulher. A vítima foi amarrada e agredida por dezenas de moradores. De acordo com testemunhas, os moradores acreditavam que ela havia sequestrado crianças do bairro para rituais.

Assim, as testemunhas disseram que vários homens imobilizaram a vítima e alguns moradores a amarraram, a agrediram e depois levaram a mulher para os fundos do bairro com a intenção de matá-la. Ainda assim, inconformados com a brutalidade da agressão, outros moradores acionaram a Polícia Militar para tentar afastar os moradores da mulher.

Moradores atrapalharam PM

De acordo com informações da PM, várias viaturas foram enviadas para o local, mas os policiais tiveram o trabalho dificultado pelos agressores que tentavam atrapalhar o resgate da vítima, que ficou gravemente ferida. Ainda segundo a PM, não foi comprovado que ela teria sido responsável pelo suposto sequestro.

Após uma intervenção mais enérgica da polícia, a mulher foi encaminhada para o hospital Santo Amaro, onde foi internada em estado crítico. De acordo com familiares de Fabiane, após as agressões, ela sofreu traumatismo craniano. Minutos após a agressão, quando a Polícia Militar conseguiu chegar ao local, os policiais chegaram a isolar o corpo de Fabiane, acreditando que ela havia falecido com o linchamento.

Família comenta

Apesar de não morrer no local, Fabiane faleceu dois dias depois. O porteiro Jaílson Alves das Neves afirmou, em entrevista ao G1 antes de saber da morte da mulher, que a esposa era inocente. De acordo com ele, a página se confundiu ao colocar uma foto de Fabiane em seu perfil e isso motivou as agressões. “Começou com um boato na internet. Eles colocaram uma foto de uma pessoa parecida e todo mundo achou que era ela. Quando ela voltou para o bairro, a cercaram e começaram as agressões”, explica.

“Quero que a Justiça seja feita. Cabe a polícia investigar. Eu não vi ninguém que eu conheço batendo nela. Vamos esperar as investigações e, acredito, os culpados serão punidos”, comenta. Após as agressões, várias pessoas se revoltaram e afirmaram que Fabiane era portadora de transtorno bipolar e que jamais fez mal a alguém. Jaílson confirmou o tratamento e que sua esposa não era agressiva.

Além disso, uma das vizinhas da vítima, que preferiu não se identificar, diz que nunca viu nenhum comportamento agressivo por parte da agredida. “Nunca vi ela agressiva com ninguém, nem com as próprias filhas. As pessoas acreditam em tudo e acaba acontecendo uma tragédia. Eu não estava lá no momento do espancamento, mas se estivesse, defenderia ela imediatamente”, diz.

“Ela foi espancada porque acharam que ela era uma pessoa de uma foto. Amarraram ela, arrastaram ela, levaram até o Morrinhos 4 e espancaram ela violentamente. Deixaram ela no mangue. A Polícia Militar preservou o corpo achando que ela estava morta”, afirma o advogado da vítima, Airton Cinto.

A página

Segundo os administradores da página, o Guarujá Alerta sempre alertou os seguidores de que a situação era apenas um boato. A página assume que publicou um retrato falado semelhante ao da vítima, foto que foi removida algumas horas depois. Além disso, os administradores afirmam que a página era alvo de perseguição política, já que faz graves denúncias sobre a cidade. O Guarujá Alerta afirmou ainda que estava aberto para qualquer esclarecimento judicial e se comprometeu a pedir uma perícia técnica para comprovar que nada foi apagado da página do Facebook.

Após o caso do linchamento de Fabiane Maria, foi criado um projeto de lei para tipificar, no Código Penal, a divulgação de notícia falsa, que ainda está aguardando aprovação. Dessa forma, a família de Fabiane processa o Facebook e pede uma indenização de R$ 36 milhões. Nas duas primeiras instâncias, a família perdeu e o caso aguarda julgamento no STF.

Ficção e verdade

Em Travessia, Gloria Perez irá falar sobre deep fake, um tipo sofisticado de montagem de notícias falsas que conta com inteligência artificial. Assim, um deep fake pode alterar fotos, áudios e vídeos.

“Só espero, sinceramente, que o final dessa personagem seja diferente da minha mãe, que ela consiga fazer justiça, ela consiga ter um final feliz junto com a família dela, né?”, diz Yasmin, filha de Fabiane. Travessia estreou na segunda-feira (10) e a novelista Gloria Perez falou sobre o desafio. “Eu acho maravilhoso estrear depois de uma novela de sucesso. É tudo o que a gente quer”, disse ela.

“Estou muito contente com tudo que tenho visto, com o retorno da novela, com o trabalho de todos. Para o autor é assim também. A gente vai percebendo como as coisas vão chegando ao público. No meio do caminho você vai rearrumando as coisas. A construção do personagem acontece no movimento, porque novela é obra aberta”, explicou.

Fonte: Aventuras na História

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