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O destino macabro dos cadáveres com batimentos cardíacos

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Quando pensamos em alguém que já morreu, essa pessoa já não pode fazer nada que uma pessoa viva consegue. Contudo, alguns cadáveres têm seus corações batendo, eles urinam, seus corpos não se decompõem e eles estão quentes ao toque, seus estômagos fazem barulho, suas feridas curam e seus intestinos conseguem digerir alimentos.

Além disso, eles podem sofrer ataques cardíacos, pegar febre, sofrer escaras, corar, suar e até ter filhos. No entanto, de acordo com a maior parte das definições legais e a ampla maioria dos médicos, esses pacientes estão completa e inquestionavelmente mortos. Eles são os cadáveres com batimentos cardíacos. Ou seja, são corpos que tiveram morte cerebral, mas ainda têm pulso e seus órgãos funcionam.

Nesses casos, com um pouco de sorte e bastante ajuda, é possível que esses corpos sobrevivam por meses. Em alguns casos raros, eles podem sobreviver por décadas mesmo estando, tecnicamente, mortos.

Como é possível?

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O fato é que, biologicamente falando, nunca existiu um único momento de morte. Cada passagem é uma série de mini mortes com tecidos diferentes decaindo em velocidades diferentes.

“Escolher uma definição de morte é essencialmente uma questão filosófica ou religiosa”, disse Robert Veatch, do Instituto Kennedy de Ética, nos Estados Unidos.

Além disso, por séculos, soldados açougueiros e carrascos observaram como determinadas partes do corpo continuam se contorcendo mesmo depois do corpo ser decapitado ou esquartejado. E bem antes do suporte vital, os médicos do século XIX relataram pacientes com batimentos cardíacos contínuos por várias horas depois que eles pararam de respirar.

Inclusive, em determinadas situações, esse declínio lento pode ter consequências bem alarmantes, como por exemplo, o sinal de Lázaro, que é um reflexo automático relatado pela primeira vez em 1984. Ele faz com que o cadáver se sente, levante rapidamente os braços e os deixe cair cruzados sobre seu peito.

Esse reflexo acontece porque, por mais que a maioria dos reflexos sejam controlados pelo cérebro, alguns deles são conduzidos por “arcos de reflexo”, que viajam através da espinha.

E não é somente o reflexo de Lázaro que os cadáveres têm. Eles também mantêm os reflexos involuntários.

Reflexos dos cadáveres

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Além desses reflexos, sabe-se que as células da pele e do tronco encefálico permanecem vivas por vários dias depois da morte de uma pessoa, tanto que células-tronco musculares vivas já foram encontradas em cadáveres depois de duas semanas e meia da sua morte.

Até os genes continuam vivos por muito tempo depois da última respiração de uma pessoa. No começo desse ano, cientistas descobriram milhares de genes ainda com vida depois de dias da morte de uma pessoa.

No caso de cadáveres com batimentos cardíacos, eles só podem existir justamente por conta desse desequilíbrio. Até porque, tudo depende do cérebro morrer primeiro.

Para entender melhor o motivo disso acontecer é preciso saber que o cérebro compõe somente 2% do peso corporal de uma pessoa, mesmo assim, ele consome 25% do seu oxigênio.

Essa manutenção é tão alta porque os neurônios estão ativos todo o tempo. Eles estão sempre bombeando íons para criar gradientes elétricos em miniatura entre o seu interior e o ambiente à sua volta.

Mas o problema é que eles não podem parar de bombear. Se os seus esforços pararem pela falta de oxigênio, rapidamente os neurônios são inundados com íons que se acumulam em níveis tóxicos. Isso causa danos irreversíveis.

Justamente essa cascata isquêmica explica por que se uma pessoa perder um dedo acidentalmente ele pode ser costurado de volta, mas a maior parte das pessoas não consegue segurar a respiração por mais de alguns minutos.

Gestão de doadores  cadáveres

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Geralmente, o esperado é que os tratamentos médicos sejam suspensos depois de uma pessoa ser declarada morta, mesmo no caso de cadáveres com batimentos cardíacos. Contudo, não é isso que acontece.

Hoje em dia, os cadáveres com batimentos cardíacos criaram uma especialidade médica nova e um tanto estranha, a gestão de doadores cadáveres. O objetivo dela é aumentar o sucesso dos transplantes e cuidar da saúde do morto.

Eles enganam o corpo para que ele pense que está tudo bem até que quem vai receber determinado órgão esteja preparado e os cirurgiões estejam prontos para a cirurgia.

Essa especialidade é importante já que, aproximadamente duas vezes mais órgãos viáveis são recuperados desses cadáveres com batimentos cardíacos em comparação com os corpos sem pulso. Por isso que, atualmente, eles são a única fonte confiável de corações para transplante.

Fonte: BBC

Imagens: BBC

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