Curiosidades

O mistério das gravações de voz humana feitas antes de Thomas Edison

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Todos nós sabemos que Thomas Alva Edison, o americano que inventou a lâmpada e a câmera cinematográfica, foi a primeira pessoa no mundo a conseguir gravar a voz humana. O feito, o grandioso feito, na verdade, ocorreu em 1888, graças a uma de suas grandes invenções, o fonógrafo de cilindro de cera – e conforme sempre apontou a história, bem diante de testemunhas.

Por ironia do destino, tempos e tempos depois, dois membros da First Sounds Initiative — uma espécie de coletivo que une forças para disponibilizar as primeiras gravações sonoras da humanidade para todas as pessoas — apareceram, jogando sobre a mesa o fato de que Edison não havia sido o primeiro a gravar uma voz humana. Curiosamente, os membros estavam corretos. Esses dois indivíduos, ao trazer à tona a verdade, fizeram com que a história tivesse que ser reescrita.

E é exatamente por isso que estamos aqui.

Edison cai por terra

De acordo com uma reportagem publicada pela BBC, quem descobriu que Edison não havia sido responsável por gravar a voz humana pela primeira vez foi o americano Patrick Feaster, um historiador de áudio. Segundo a reportagem da BBC, o profissional descobriu a verdadeira história por trás do feito assim que começou a pesquisar sobre o pioneiro do som, Édouard-Léon Scott de Martinville, um bibliotecário francês.

A incerteza se instaurou sobre Feaster logo depois que o mesmo se deparou com uma série de fotocópias ruins da patente de um dispositivo chamado fonoautógrafo, o qual o francês havia registrado a patente, em uma bela manhã do dia 25 de março de 1857.

David Giovannoni, um colega de Feaster, consultou os documentos de Scott de Martinville pessoalmente no Escritório de Patentes da França em uma de suas visitas ao país e, nesse ínterim, acabou encontrando dois fononautogramas – ou seja, duas gravações de som. E é exatamente aí que Edison cai por terra, afinal, ambas as mídias eram datadas de 1860 – 28 anos antes de Edison.

Conforme expôs a reportagem da BBC, “os fononautogramas eram folhas de papel marcadas pela vibração de um fio de pêlo de javali causada por sons”. Os registros permaneceram intactos por terem sido submetidos a uma espécie de fixador.

Para traduzir as ‘marcas’, Giovannoni enviou os documentos a Feaster. “Acabei ficando acordado a noite toda”, disseFeaster à BBC. “Quando o sol nasceu, finalmente consegui ouvir a gravação. Era (a canção folclórica francesa) Au Clair de la Lune. Sentado ali, percebi que era a primeira pessoa a ouvir alguém cantar antes do início da Guerra Civil americana: fiquei arrepiado”.

Curiosamente, Feaster foi a primeira pessoa a ouvir essa gravação em específico. E mais curioso ainda é o fato de que Édouard-Léon Scott de Martinville nunca a reproduziu.

Scott e a gravação da voz humana

Scott, de acordo com registros históricos, trabalhava em uma editora de livros científicos em Parisem como editor de manuscritos e tipógrafo. À época, o profissional desejava criar um dispositivo que cumprisse a mesma função que os atuais programas de reconhecimento automático de fala, os quais, como todos sabem, são capazes de processar o sinal de voz para, em seguida, convertê-lo em símbolos de fácil leitura.

A incrível inspiração que nasceu no século XIX foi o que permitiu o surgimento do fonoautógrafo, um aparelho altamente capaz ‘transcrever’ o som. A invenção acabou conquistando a Société d’encouragement pour l’industrie nationale (SEIN), uma associação que estuda novas tecnologias e suas possíveis contribuições para a indústria. Admirados, Scott recebeu todo o apoio necessário para aprimorar sua invenção.

Com o dinheiro em mãos e com gana de comercializar o objeto, Scott estabeleceu uma parceria com Rudolph Koenig – um fabricante de instrumentos científicos de precisão. O dispositivo, então, tornou-se “um meio de dissecar fenômenos sonoros, um microscópio que não apenas mostra os sons, mas também preserva sua impressão”.

E em 2008, com a tecnologia de hoje, uma dessas gravações veio à vida como “um fantasma atravessando uma cortina de tempo”, conta Giovannoni à BBC.

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