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Os conflitos linguísticos que moldaram o mundo

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Ao redor do mundo e da história, tivemos diversas regiões de conflitos com línguas com nomes diferentes mas semelhanças notáveis. Línguas que poderiam até ser uma só, mas por conta dos conflitos linguísticos, pautados em questões de política, história e religião, se dividiram.

Esse é o caso do urdu e do hindi, falados pelos arqui-inimigos Paquistão e Índia. Outro exemplo é o servo-croata, cujas variantes na Sérvia e na Croácia são consideradas línguas separadas.

Porém, o oposto também acontece: quando línguas distintas são forçadas sob o mesmo guarda-chuva. É o caso do árabe, com a versão clássica que se lê o Corão, mas que se desmembrou em muitas línguas-filhas ao redor dos diferentes países islâmicos. Apesar disso, não se reconhece essas línguas de forma oficial, enquanto as escolas forçam as crianças a escrever de uma forma tão antiquada quanto o latim é para o português.

No entanto, o problema mais comum é dos falantes de duas ou mais línguas distintas que convivem no mesmo território. Esse é o caso dos conflitos linguísticos presentes até hoje.

conflitos linguísticos

Reprodução/FMIT

Índia, Paquistão e Bangladesh

Índia e Paquistão são exemplos de vizinhos que falam a mesma língua mas jamais admitiriam. Isso porque, para os paquistaneses, que são muçulmanos, o idioma é o urdu, sendo escrito com o alfabeto árabe. Já os indianos falam hindi e usam o alfabeto devanagari, que é o do sânscrito.

Vale destacar que os dois países com conflitos linguísticos, ex-colônias britânicas, mantêm uma inimizade desde 1947, marcada por quatro guerras com ameaças nucleares e a disputa do território da Caxemira.

Além disso, o Paquistão originalmente tinha uma extensão de terra isolada do outro lado da Índia, onde não se falava urdu, e sim bengali, que é outra língua diferente. Então, a minoria bengali transformou sua língua em uma das oficiais do Paquistão no ano de 1959. Em 1971, declarou independência e formou o Bangladesh. Esse caso inspirou a Unesco a criar o Dia Internacional da Língua Materna.

Sri Lanka

Outro local de conflitos linguísticos é Sri Lanka, onde se fala o cingalês, idioma da maioria budista. Além disso, fala-se o tâmil, língua dos hindus e católicos. Desse modo, enquanto os falantes de tâmil acusam os cingaleses de privilégios, os cingaleses defendem que é reparação histórica, visto que o povo tâmil era “queridinho dos colonizadores”. Como resultado, os Tigres de Libertação da Pátria Tâmil iniciaram uma guerra que acabou em 2009 com cerca de 100 mil mortos. Eles perderam.

Cabo Verde

A ex-colônia de Portugal representa conflitos linguísticos comuns na África. Isso porque a língua oficial é o português, mas cada ilha do arquipélago fala sua versão do crioulo cabo-verdiano. É uma mistura do português com as línguas nativas de cada região, sendo que há um movimento para torná-lo a língua oficial. No entanto, fica a questão: qual das nove variantes deve ser a oficial?

Timor-Leste

O pequeno país no Sudeste Asiático declarou independência de Portugal em 1975, sendo outro palco de conflitos linguísticos lusófonos. Porém, a independência não durou, porque um ano depois, a Indonésia anexou o território, proibiu a língua portuguesa e o catolicismo. Além disso, realizou um genocídio.

Então, em 2002, o país conseguiu a liberdade e tentou trazer o português de volta, que é a língua falada pelos mais velhos. Já os jovens preferem o inglês.

Croácia e Sérvia

Esse é um dos conflitos linguísticos que é um ponto de tensão até hoje. Os croatas são católicos e escrevem com o alfabeto latino, pertencendo à esfera de influência de Roma. Já os sérvios, de fé cristã ortodoxa, usam o alfabeto cirílico e herdam a influência do Império Bizantino. Porém, ambos falam o idioma servo-croata e só o sotaque que muda, basicamente.

Ainda assim, os dois povos insistem em reivindicar suas variantes como línguas distintas, virando até uma briga. Após a Segunda Guerra Mundial, as duas nações eram parte da Iugoslávia socialista, unificada por Marechal Tito.

Em 1980, com sua morte, os croatas, sérvios e outras quatro etnias foram forçadas a se juntar, causando conflitos. Assim, os croatas declararam independência em 1991 e lutaram contra o exército iugoslavo, sob controle sérvio. Em 1995, ganharam a batalha, mas ainda existe muita tensão na região.

Fonte: Superinteressante

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