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Empresário rompe contrato milionário após ser chamado de ‘negão’

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Estamos no século XXI e, infelizmente, o racismo ainda está presente na sociedade. Esse é um assunto importante e que devemos discutir diariamente, além de repassar para as nossas crianças. E ele pode acontecer em qualquer ambiente, como foi o caso sofrido por esse empresário.

O empresário Juliano Pereira dos Santos, diretor de tecnologia da Proz Educação, cancelou um contrato milionário com a Optat Consulting depois que o representante da empresa, Matheus Mason Adorno, o chamou de “negão” em uma reunião feita por vídeo.

O encerramento do contrato não foi tudo que foi feito. Juliano também entrou com um processo na 5ª Vara Cível da Comarca de Campinas (SP) contra Matheus, com um pedido de indenização por danos morais.

Essa reunião por videoconferência aconteceu em outubro de 2021 para que as empresas falassem sobre o desenvolvimento de um novo software para a Oracle, multinacional norte-americana de tecnologia. Nela, estavam presentes representantes das duas empresas que fariam esse software, a Proz Educação e a Optat Consulting.

De acordo com o relato do empresário, o objetivo da reunião era para que eles conversassem sobre vários desacordos e descumprimento de prazos no contrato com a Oracle por parte das duas empresas.

Em um determinado momento da conversa, Matheus disse: “Pô, negão, aí você me f…”. Nesse mesmo momento, o empresário encerrou a videoconferência e decidiu acabar o contrato. Essa decisão de Juliano teve apoio dos outros sócios da Proz Educação.

“O sentimento foi de revolta. Isso não pode mais ser tolerado. A decisão foi imediata, durante a reunião, eu falei que o contrato estava rescindido, porque tenho autonomia para isso. Conversei com meus sócios, que entenderam, e isso foi imediatamente acordado. A gente não teve dúvida. Isso fala muito da cultura da empresa, a gente não vai permitir que isso aconteça nem uma, nem duas, nem mil vezes”, pontuou Juliano.

Ação

G1

O empresário também processou a Oracle por suposta omissão. De acordo com ele, a empresa continuou seu contrato com a Optat mesmo depois de todo ocorrido ter vindo à tona. Tanto que, na época, Juliano também registrou um boletim de ocorrência pela internet por injúria e difamação.

Segundo Diogo de Lima dos Santos, um dos advogados de Juliano, a reunião era formal e Juliano e Matheus não tinham intimidade para que o termo fosse usado de uma forma não ofensiva.

“Parece simples, mas não é fácil você ser negro no Brasil e, depois de já ter muita dificuldade para chegar a um cargo de diretor, ser chamado de ‘negão’ em uma reunião”, pontuou ele.

As duas ações, contra Matheus e a Oracle, têm o valor de indenização de 50 mil reais. “Se trata de um caso de injúria racial. Não podemos mostrar que o racismo no Brasil vale a pena, que as pessoas podem falar e não vai acontecer nada”, explicou o advogado.

“Escapou”

Advocacia dos conursos

Em entrevista, Matheus Mason Adorno, que também é presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da região de Campinas (Abrasel), disse que o termo “escapou inconscientemente” e no mesmo momento ele pediu desculpas.

O empresário também ressaltou que ele ficou surpreso com a demora entre a data da reunião e a entrada do processo na Justiça. Ele também reforçou que o racismo no nosso país deve ser sim combatido.

“Naquele momento escapou inconscientemente ali a palavra, que foi inadequada sim, mas eu me retratei na hora, e acho que ele mesmo entendeu isso. Ele entendeu que não foi um crime, até porque se fosse um crime o processo deveria ser na esfera criminal e não cível. Eu não tenho interesse nenhum em brigar, mas eu me retratei. Foi uma figura de linguagem. Sou antirracista e acho que o Brasil tem sim um racismo estrutural que precisa ser combatido”, disse Matheus.

Posicionamento

G1

Em nota, a Optat Consulting disse que o contrato foi rescindido por justa causa depois da quebra feita por parte da empresa de Juliano. A empresa também disse que suspendeu Matheus depois do ocorrido. Contudo, testemunhas dizem não ter acontecido crime nenhum e provam que os fatos ditos no processo estão “distorcidos da realidade” e que tentam, na verdade, encobrir o motivo real da rescisão do contrato.

A Oracle disse, em nota, que deu todo apoio necessário a Juliano e que é contra qualquer tipo de discriminação.

A Proz Educação disse que não tolera nenhum tipo de discriminação. Quando  soube do ocorrido, tomou a decisão de rescindir o contrato e adotar medidas cabíveis.

Fonte: G1

Imagens: G1, Advocacia dos concursos

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