Curiosidades

Os profissionais do sexo especializados em atender pessoas com deficiência

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Com certeza a maior parte das pessoas já ouviu dizer que profissional do sexo é o trabalho mais antigo do mundo. Se isso é verdade ou não, ninguém sabe. E o que muitos não sabem é que, no Brasil, a prostituição em si não é considerada crime. A profissão de “profissional do sexo” é reconhecida formalmente na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), com o código 5198. O que é considerado crime é a exploração sexual e o ato de tirar proveito da prostituição.

De acordo com a CBO, os profissionais do sexo buscam programas sexuais, atendem e acompanham clientes, além de participarem em ações educativas no campo da sexualidade.

E quando se fala de profissionais do sexo, muitas pessoas pensam que eles são apenas para o ato sexual. Contudo, essa não é bem a realidade. Um exemplo disso é Mon Silva, de 28 anos. A espanhola tem mestrado em pedagogia, trabalha como orientadora profissional em Barcelona, mas há aproximadamente três anos ela começou um outro trabalho. Ela é assistente sexual de pessoas com deficiência.

Segundo ela, algumas pessoas que têm deficiência não têm acesso ao próprio corpo. Com isso, elas têm dificuldades até para se masturbarem, por exemplo. É em casos de pessoas assim que profissionais do sexo como ela têm se especializado.

As discussões a respeito da sexualidade de pessoas com deficiência têm aumentado de maneira significativa nos últimos anos. Com isso, a inclusão dessas pessoas e o reconhecimento de que elas também têm seus direitos sexuais estão sendo mais explorados.

No caso da Espanha, existe a organização chamada Asistência Sexual composta pelos ativistas pelos direitos sexuais de pessoas com deficiências. Existe uma parecida na Austrália, há mais de 20 anos, chamada Touching Base. As duas têm em comum o mesmo objetivo, que é ajudar as pessoas com deficiência e os profissionais do sexo a se conectarem de uma maneira segura.

Profissionais do sexo

G1

Esse trabalho de profissionais do sexo com pessoas com deficiência é relativamente novo. A primeira vez que Mon ouviu sobre ele foi em sala de aula, mas de uma maneira superficial. Depois disso, ela viu o filme “Yes We Fuck”, sobre as questões de direitos sexuais para essas pessoas, e então foi se informar a respeito do trabalho de assistente sexual.

Então, ela decidiu se tornar uma prestadora desse serviço de forma autônoma. “É um acompanhamento sexual para pessoas com deficiências que não têm autonomia suficiente para poder explorar o próprio corpo e que têm mobilidade tão reduzida que não conseguem se masturbar. Eu não fico nua, não há interações com meu corpo, eu faço massagem para que (as pessoas que ela acompanha) descubram as diferentes zonas erógenas que têm no corpo, não são só os genitais, e depois eu os acompanho na masturbação”, contou ela.

Claro que no começo ela teve um receio sobre a atuação. “Eu conversei com outros assistentes porque eu tinha muitas dúvidas e inseguranças — dá um pouco de medo, você vai à casa de uma pessoa desconhecida para práticas sexuais, e não há um curso de formação”, disse Mon.

No entanto, depois que Mon se envolveu mais com ativistas da causa, ela virou uma porta-voz dos assistentes sexuais. Ela até lançou um livro, o “La Resurrección de las Monstruas. Asistencia Sexual, entre deseos y placeres”, “A Ressurreição das Monstras: Assistência Sexual, entre Desejos e Prazeres”, traduzido.

Clientes

Gato pardo

No caso de Mon, a maior parte dos clientes dela são homens entre 30 e 60 anos que têm deficiências bem variadas. “Alguns têm problemas de mobilidade, outros são tetraplégicos, pessoas com diversidade intelectual ou transtornos mentais que até têm mobilidade para se tocar, mas não conseguem interagir com outras pessoas ou querem contato com outras pessoas”, disse.

Ainda de acordo com ela, os clientes têm até uma dificuldade em saber o que querem por nunca terem tido uma experiência dessas. Algumas das pessoas têm dificuldades de fala e têm placas com o alfabeto ou palavras anotadas para construírem frases. E em alguns casos, há um profissional na casa para ajudar na comunicação, sendo muitas vezes alguém da família. “Às vezes, a mãe ou o pai que entram em contato comigo para que eu vá prestar assistência”, contou Mon.

A atividade desses profissionais do sexo é regulamentada na Espanha. Por conta disso, as pessoas pagam do próprio bolso pelo serviço. Já na Austrália, as pessoas com deficiência têm uma ajuda do governo e parte delas usa o dinheiro para contratar esses assistentes.

Infelizmente, no Brasil não existe uma organização formal que faça essa conexão entre pessoas com deficiência e profissionais do sexo.

Fonte: G1

Imagens: G1, Gato pardo

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