Pai é quem cria. Homens que se dedicam a filhos com doenças raras

Ser mãe ou pai é um desejo de muitas pessoas. Algumas sonham com isso desde a infância, outras começam a despertar esse desejo só depois da vida adulta. E claro, existem aqueles que não têm a mínima vontade de experienciar a paternidade ou a maternidade. E está tudo certo.

No entanto, ser pai pode trazer um sentimento que une pessoas que, a priori, não teriam muito em comum, como por exemplo, o caso de um estoquista e um microempreendedor. O que esses dois homens têm em comum é o amor incondicional pelos filhos, nascidos com doenças raras.

Sejam eles pais biológicos ou os que assumiram a criação dessas crianças, esses homens mostram que realmente a máxima “pai é quem cria” é verdadeira, e além de criar, ensina, aprende junto e ama incondicionalmente.

Pai é quem cria

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A primeira história acontece em Olinda, com um padrasto que chegou na vida de um menino antes de ele nascer. Isso porque o estoquista Audecy Andrade conheceu Claudilene Reis quando ela estava grávida de Kauan. E ele estava do lado de Claudilene quando ela recebeu o diagnóstico de que Kauan nasceria com microcefalia.

Depois que Kauan nasceu, o pai biológico registrou o menino, mas é o padrasto que ajuda na criação dele. “Ele não fala, mas ele sente tudo. Só de ouvir minha voz, ele começa a gritar”, disse Audecy,

O estoquista busca uma vida melhor para toda sua família, por isso ele trabalha em um período, faz estágio no outro e estuda à noite. Além dessa rotina, ele também tem no meio disso tudo as idas aos médicos com Kauan e as terapias.

“Ele é meus pés, minhas mãos. Ele é o que está presente em minha vida. Não sei o que seria de mim sem ele na minha vida. Ele não falta a uma consulta de Kauan”, disse Claudilene.

Quando Claudilene se casou com Audecy ela já tinha sua filha, Ana Beatriz, que o homem também assumiu a criação. Agora, depois de sete anos junto, o casal espera seu primeiro filho.

“É um paizão, que faz tudo que está ao alcance dele. Ele não é o padrasto, é o pai. Porque ser pai não precisa ser de sangue”, disse ela.

Amor incondicional

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A segunda história é do microempreendedor Clênio Tenório, pai de Maria Luiza, de seis anos. Para ele, ser pai é ter a chance de ver o filho crescer, poder dar amor, servir de exemplo e estar junto para tudo.

A filha de Clênio nasceu com osteogênese imperfeita, doença que é popularmente conhecida como ossos de vidro. Por conta disso, Maria Luiza é acompanhada desde os oito meses na AACD. E desde sempre o pai está ao lado de sua filha. Além disso, a conexão dos dois é notada logo de cara.

“Ela veio com uma magia especial, algo que mexe. Quando estou com ela, é uma forma incrível de reação com toda dinâmica que a gente tem diária, tanto em brincadeiras quanto em terapias. Eu não saiba, até então, o que era ser pai. Quando ela chegou, a partir do momento que peguei ela no colo, entendi o que era”, contou Clênio.

Embora seja muito nova, Maria Luiza já fraturou os ossos 21 vezes e passou por três cirurgias, e a menina entende o que se passa e dá forças ao pai para encarar os desafios.

“Por mais que o dia seja o pior da minha vida, ela transforma com o sorriso dela. Porque tudo que ela mostra é amor”, disse o microempreendedor.

E para crianças com o diagnóstico como o de Maria Luiza, ter a presença de uma pessoa tão especial como o pai ao seu lado pode ajudar no tratamento.

“A reabilitação tem como objetivo a gente pensar muito nesse vínculo de parceria. A gente trabalha considerando o que a gente pode oferecer e essa continuidade em casa favorece para que a evolução aconteça”, declarou a psicóloga Inabelle Oliveira.

O microempreendedor está junto de Liliane há oito anos, e há seis meses Maria Luiza ganhou um irmão, Luiz. O casal se divide assim: enquanto a mãe cuida do caçula, o pai vai com a filha mais velha nas terapias. “Tenho um pai muito maravilhoso, eu gosto muito dele”, disse Maria Luiza.

“Deus me capacitou, mandou a Maria Luiza e transformou literalmente a minha vida. Eu me sinto um superpai ao seu lado. Te amo, você é o amor da minha vida”, disse Clênio para sua filha.

Fonte: G1

Imagens: G1