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Filhos mantidos em cárcere privado por quase duas décadas nunca tiveram contato com outras pessoas

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A socialização é um aspecto essencial para o desenvolvimento do ser humano. No entanto, duas crianças foram mantidas em cárcere privado por 17 anos e tiveram contato apenas com sua mãe e seu pai. Hoje, os jovens têm 19 e 22 anos, mas, ao longo de suas vidas, sofreram agressões diariamente de sua família.

O responsável pela ação criminosa foi o pai, que manteve a mãe das crianças, assim como os filhos, em cárcere privado em uma casa sem saneamento básico em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, durante quase duas décadas.

“Na verdade, eles nunca tinham visto ninguém. Eles só viam ela e ele. Não via ninguém. Então até colocar eles no convívio das pessoas é um pouco difícil”, conta irmã da mulher, que foi responsável pela denúncia.  Assim sendo, a mãe, a filha de 22 anos e o filho de 19 anos receberam alta do hospital na noite da última sexta-feira (29) e foram levados para a casa de parentes.

Eles estavam internados no Hospital Rocha Faria desde quinta-feira (28), quando foram resgatados de uma situação de maus-tratos, apresentando desnutrição. “Eu ficava sem comida, sem água, apanhando, meus filhos também, amarrados, apanhava de fio e enforcava a gente também. Ele já tentou enforcar eu e meu filho”, diz a mulher.

Dessa forma, a mulher conta que está perdida, sem saber o que fazer agora que está em liberdade, visto que saiu de casa sem nada. “A gente tá precisando de muita ajuda porque estamos sem nada aqui, produto de limpeza, higiene, roupas, alimentação, não temos nada”, lamentou.

Homem mantém família em cárcere privado

A mulher lembra que chegou a pedir ajuda diversas vezes, gritando para ser ouvida pelos vizinhos. No entanto, isso foi em vão, já que o homem colocava som alto para tocar e abafar os gritos.

“Ninguém conseguia ouvir. Eu só consegui o telefone da minha irmã tem um ano e pouco. Só que perdeu o contato porque ele tirou o chip. Aí depois eu anotei o número dela, passei para a vizinha, aí a vizinha conseguiu contato com ela. Isso há pouco tempo”, contou a vítima.

Além disso, ela contou que as agressões pioraram ao longo dos anos. “Batia de fio e às vezes com pedaço de madeira. Ele já era bem agressivo, mas com o decorrer dos anos foi piorando as agressões”, disse a mulher.

Investigação

Cárcere privado

Divulgação

A Polícia Civil realizou novas buscas, no sábado (30), na casa da família em Guaratiba. Assim, os agentes estavam buscando mais informações sobre os crimes cometidos por Luiz Antônio Santos Silva, marido e pai das vítimas, que foi preso em flagrante.

O resgate só aconteceu na última quinta-feira, depois que alguém registrou uma denúncia anônima. Luiz Antônio então foi transferido para o presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, onde passará por audiência de custódia no início deste sábado (6). Ele deve responder por cárcere privado ou sequestro, agressão, maus-tratos e crime de tortura.

O resgate

De acordo com o policiais, a principal preocupação no momento do resgate foi de oferecer atendimento médico. Isso porque “a situação era estarrecedora”, segundo um dos agentes.

“Os policiais que primeiro chegaram aqui encontraram essas crianças realmente amarradas. Posteriormente, eu cheguei e vi que elas estavam sujas, subnutridas. Então, a preocupação imediata foi de prestar socorro médico. O Samu foi acionado para prestar todo o socorro”, disse o PM.

Logo após o resgate, a mulher contou à polícia que ela e os filhos sofreram violência física e psicológica de forma permanente e que chegaram a ficar três dias sem se alimentar. Ela também ressaltou que Luiz Antônio nunca permitiu que ela trabalhasse e nem que os filhos fossem à escola.

Fonte: G1

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