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Os povos antigos escondem diversos segredos que, até hoje, não se revelaram. Por isso, estudiosos dedicam suas vidas em busca de informações que nos façam entender um pouco mais de como era o mundo antigamente. Através de novas tecnologias, os arqueólogos conseguiram descobrir as pegadas mais antigas do Homo sapiens no mundo.
Essas pegadas foram descobertas na África do Sul e têm 153 mil anos. Além delas, os sítios arqueológicos da região foram palcos de várias outras descobertas impressionantes, como por exemplo, pegadas de 3,66 milhões de anos em Laetoli, na Tanzânia, que foram encontradas há mais de 40 anos e foram o que deram início às pesquisas.
Ao todo, sete sítios arqueológicos, que ficam na ponta leste do sul do continente, deram evidências de humanos antigos. Esses lugares são chamados de icnosítios, que são aqueles que têm pegadas fossilizadas das mais variadas espécies, nesse caso em específico, de hominídeos e hominínios.
Para se ter uma ideia, a algumas dezenas de quilômetros continente adentro foram descobertas mais de 100 trilhas que estavam preservadas nas rochas. Elas foram feitas pelos nossos ancestrais e por humanos extintos, e também por ancestrais mais recentes que já eram da espécie Homo sapiens.
Sobre as pegadas mais recentes encontradas, um estudo foi publicado no Ichnos, que é um periódico científico, e mostrou que a equipe de pesquisadores internacional usou a técnica de luminescência oticamente estimulada (LOE) para conseguir datar as pegadas encontradas na África do Sul.
Técnica
Essa técnica usada para fazer a datação faz a estimativa do tempo passado desde a última exposição ao sol desses minerais que estão em volta das pegadas fossilizadas, como por exemplo, o quartzo ou feldspato. Isso funciona porque quando algum lugar é pisado, ele é coberto rapidamente por sedimentos. Então, essa tecnologia é bem útil na descoberta do quão antigo elas são.
No caso das pegadas vistas no Parque Nacional Garden Route, elas foram datadas de 153 mil anos atrás, tendo uma margem de erro de 10 mil anos. E embora existam pegadas mais antigas de outras espécies de hominínio na África, Europa e Ásia, as vistas nesse estudo foram feitas por espécies de Homo sapiens, a mesma que a nossa e que evoluiu na África aproximadamente 300 mil anos atrás.
De acordo com os pesquisadores, essa descoberta é um grande incentivo para que eles procurem pegadas em depósitos ainda mais antigos.
Pegadas
Um ponto ressaltado pelos pesquisadores foi que a definição das pegadas para uma espécie humana ou alguma outra depende mais dos artefatos arqueológicos que são vistos nas redondezas e dos restos de ossos do que do formato da pegada.
Nesses icnosítios da África do Sul já foram descobertas quatro trilhas cheias de pegadas de hominínios, que são os ancestrais antigos. Em uma delas existem impressões de um joelho, e todas têm amoglifos, que são padrões feitos por algumas linhagens de humanos e que foram preservados pelo tempo. Isso não se refere somente a pegadas.
E além de mostrar que humanos já passaram por determinado local, esses vestígios também são evidências das suas atividades. Até porque, nessa região também já foram descobertos adornos pessoais, como joias, ferramentas complexas de pedra, símbolos abstratos, restos de frutos do mar pescados e abrigos de pedra.
Evidências
Daily mail
Essas pegadas de Homo sapiens revelam muitas coisas aos arqueólogos. E outras evidências como essa também revelam fatos sobre outros ancestrais humanos, como por exemplo, as pegadas misteriosas que as pessoas que moram perto de Roccamonfina, um vulcão extinto no sul da Itália, conhecem.
De acordo com uma lenda, o diabo desceu a encosta desse vulcão e suas pegadas ficaram preservadas na rocha. Essas pegadas são conhecidas como Ciampate del Diavolo, ou Devil’s Trail. Entretanto, detalhes publicados em um estudo feito ano passado mostram uma história diferente.
Embora não seja diabólica, a descoberta do estudo é bem mais interessante a respeito do surgimento dessas pegadas. Os pesquisadores procuram desde 2001 uma forma de explicar as dezenas de pegadas deixadas por um grupo pequeno de ancestrais humanos.
Nos últimos anos, várias expedições deram medições detalhadas de 67 rastros deixados pelos pés, mãos e pernas. Todo eles foram divididos em três trilhas diferentes saindo do cume da montanha. Agora, graças às contribuições de uma equipe de cientistas de vários institutos da Itália, os pesquisadores conseguiram mais detalhes de mais de 14 dessas pegadas. Algumas delas inclusive estão subindo a montanha ao invés de descer.
Além disso, a datação radiométrica e geológica de vários estratos rochosos mostrou que as pegadas foram feitas no manto macio de cinzas, deixado na esteira de uma erupção, há aproximadamente 350 mil anos. Como resultado, essas são algumas das pegadas humanas preservadas mais antigas.
Contudo, fica a pergunta: quem deixou essas pegadas? É impossível se dizer com certeza a quem elas pertenceram. Até porque, elas têm uma grande variedade de formas opacas pressionadas desajeitadamente em sedimentos vulcânicos que já estão desgastados pelo tempo.
Os pesquisadores têm mais algumas pistas, como por exemplo, uma das pegadas mais claras fornece evidências de um homem adulto. Além disso, a forma de várias pegadas mostram uma possibilidade interessante. Nesse caso, a natureza ampla da área do retropé com uma baixa elevação do arco faz com que eles se pareçam com os pés dos indivíduos enterrados no chamado Poço dos Ossos.
A quem pertenciam esses restos mortais de mais de 430 mil anos ainda é um tópico de debate. Dentre as possibilidades estão o Homo heidelbergensis para Neandertal, para Denisovano, e de volta para Neandertal. Dentre esses, a aposta mais razoável é que eles sejam neandertais, mesmo que essa hipótese não seja sólida. Assim, um grupo de jovens adultos neandertais teria deixado essas pegadas. Mesmo assim, os pesquisadores procuram ter cuidado para não tirar conclusões precipitadas.
Fonte: Canaltech, Science Alert
Imagens: Twitter, Daily mail
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