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Pintura que teve jovem negro escravizado apagado do quadro será exposta no Met com desenho original

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Dizem que a arte não foi feita para entendermos, e sim para sentirmos. No entanto, as pinturas, assim como as fotografias, servem como um vislumbre de determinada época e de como era a sociedade. Contudo, algumas pinturas podem guardara alguns segredos, como no caso dessa do século XIX.

Na pintura é possível ver três crianças brancas em uma paisagem de Louisiana. Porém, embaixo de uma camada de tinta que parecia ser o céu estava um jovem negro escravizado.

Pintura

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O motivo desse jovem estar coberto ainda não foi especificado. O que se sabe é que ele foi apagado da pintura por volta da virada do século passado, e durante décadas essa obra ficou em sótãos e no porão de um museu. Somente em 2005 que a obra foi restaurada e revelou o jovem negro. E agora, a pintura está exposta no famoso Metropolitan Museum of Art (Met).

“Há dez anos venho querendo adicionar uma obra dessas à coleção do Met, e esta é a obra extraordinária que apareceu”, disse Betsy Kornhauser, curadora de pinturas e esculturas americanas que cuidou da aquisição.

De acordo com a curadora, a obra chamada “Bélizaire and the Frey Children” foi adquirida pelo museu nesse ano como parte do esforço dela para reformular a forma como a história da arte norte-americana é contada. Com a aquisição, essa obra de Jacques Amans, um retratista francês da elite da Louisiana, irá ser exposta na ala americana do museu durante o outono desse ano no hemisfério norte e também no ano que vem.

Uma das coisas que chamou atenção nessa obra foi a representação naturalista de Bélizaire, o jovem negro que está na posição mais alta da pintura, encostado em uma árvore atrás das três crianças brancas. Mesmo que ele esteja separado delas, o artista o pintou em uma forma poderosa, com bochechas rosadas e com uma essência incomum para a época.

História por trás

Estadão

Jeremy Simien, um colecionador de arte de Baton Rouge, Louisiana, ficou anos tentando achar a pintura depois que viu uma imagem dele online em 2013. Desde então, ele procurou a pintura até achá-la em uma coleção particular em Washington e a comprou por um valor não revelado.

Nessa época, ele não sabia quem eram as pessoas retratadas, mas a história do jovem negro o atraiu, e também a tentativa de apagá-lo. “Sabíamos que precisávamos descobrir quem ele era, como um filho da Louisiana, e como alguém digno de ser lembrado ou conhecido”, disse.

Então, ele contratou Katy Morlas Shannon, uma historiadora da Louisiana que pesquisa a vida de pessoas escravizadas. Foi ela quem descobriu a identidade de todas as pessoas na pintura e, através dos registros de propriedade e censo, conseguiu encontrar o nome do jovem negro: Bélizaire.

Sabendo o nome, Shannon reuniu mais detalhes a respeito da vida de Bélizaire. Ele nasceu em 1822 no French Quarter, sua mãe era Sallie e seu pai desconhecido. O jovem tinha irmãos e irmãs que foram vendidos, excerto um.

Aos seis anos de idade, ele e sua mãe foram vendidos para Frederick Frey, um banqueiro e comerciante. Junto com Coralie, sua esposa, e sua família, eles moravam em uma casa grande no French Quarter na Royal Street.

O jovem e sua mãe eram próximos da família porque ele estava listado como doméstico e sua mãe como cozinheira.

De acordo com os registros, a obra foi pintada por volta de 1837, época em que Bélizaire tinha 15 anos. Ele foi o único presente na pintura que sobreviveu até a fase adulta. As duas irmãs, Elizabeth e Léontine Frey, morreram no mesmo ano, muito provavelmente de febre amarela. E alguns anos depois, o irmão delas, Frederick, também morreu.

Até 1861, Bélizaire estava listado nos inventários. Então, a Guerra Civil começou e logo depois Nova Orleans caiu nas mãos do Exército da União.

“Ele sobreviveu à Guerra Civil e viveu o suficiente para experimentar a liberdade? Não sabemos por que a trilha para por aí”, disse Shannon.

Fonte: Estadão

Imagens: Estadão

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