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Por que até hoje a humanidade não ‘solucionou’ as pragas de gafanhotos?

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Os gafanhotos eram uma das oitavas pragas descritas na bíblia. Segundo o historiador romano Plínio, o Velho, cerca de 800 mil pessoas morreram de fome por conta das nuvens do inseto nas regiões que hoje representam a Líbia, Argélia e Tunísia. Depois disso, a partir do fim do século XIX, há registros de infestações no sul do Brasil por décadas e décadas seguidas.

Tudo isso prova que esses animais realmente representam um grande perigo. Atualmente, uma espécie de gafanhoto, Schistocerca gregaria, está consumindo plantações no leste da África, no Oriente Médio e no sul da Ásia e ameaçando a segurança alimentar de 10% da população mundial. Por conta disso e de outros registros, os gafanhotos são considerados a praga migratória mais perigosa do planeta.

Tanto que, a América do Sul viveu em 2020 um misto de devastação e tensão por causa do inseto. Os gafanhotos passaram por um processo natural em que deixaram de ser insetos solitários e passaram a viver juntos. Em conjunto, em maio e junho de 2020, eles consumiram plantações no Paraguai e na Argentina.

Gafanhotos

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Há milênios enfrentamos o fenômeno das pragas de gafanhotos. No entanto, mesmo assim, a situação está longe de ser controlada. E, de fato, em um prazo curto de tempo, não há muito o que fazer. Assim, os animais devoram “tudo o que veem pela frente” e, além disso, são capazes de voar até 150 km por dia, explica Kátia Matiotti, pesquisadora do Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS.

“Muitos agrônomos falam em aplicar o agrotóxico mais forte possível para eliminação total da praga”, disse a pesquisadora. Entretanto, isso não irá solucionar o problema. Ao invés disso, “o importante é fazer um manejo constante e sustentável a longo prazo das espécies antes que a situação chegue a esse ponto”, completou.

Segundo especialistas, essa explosão populacional é atribuída, principalmente, a fatores climáticos. Por exemplo, podemos citar a chuva, umidade e temperatura. Mas, para além disso, também há grande influência do uso excessivo de agrotóxicos e da prática de monocultura. Nesse caso, isso contribui para a eliminação natural de predadores dos gafanhotos. Com isso, a reprodução e o aumento de gafanhotos é facilitado.

Problema

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Mesmo com soluções alternativas para a solução do problema, como pesticidas biológicos e introdução de predadores naturais, o método mais comum é a pulverização de pesticidas. Assim, com o auxílio de máquinas próprias, os pesticidas podem matar nuvens inteiras em um curto período de tempo. Contudo, essas são apenas soluções imediatas e não solucionam, de fato, o problema.

Logo, para se obter uma solução realmente efetiva, ainda é necessário muita pesquisa. “Os riscos em termos de danos às culturas, pastagens e, em última instância, à segurança alimentar e social de muitas pessoas pobres nos países em desenvolvimento podem ser enormes”, afirmou o pesquisador Michel Lecoq, um dos maiores especialistas em gafanhotos do mundo.

Nos períodos de calmaria, conhecidos como recessões, o gafanhoto-do-deserto geralmente vive em áreas mais secas, lugares onde a quantidade de chuvas não passa de 200 mm por ano.

Já no período em que eles se tornam pragas, os gafanhotos se espalham por uma área de 29 milhões de quilômetros quadrados em 60 países. Eles ocupam uma área equivalente a quase 20% da extensão de terra do planeta.

Controle?

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Na visão de Keith Cressman, especialista da FAO de monitoramento de gafanhotos, toda essa situação poderia ter sido atenuada através de maiores e melhores controles na reprodução do inseto em alguns países-chave.

Entretanto, controlar populações tão grandes em áreas enormes e remotas ainda é um grande desafio logístico. “Você nunca sabe realmente qual a porcentagem da população de gafanhotos que você conseguiu atingir. Por esse motivo, é crucial dar as mãos e compartilhar conhecimentos e habilidades para evitar uma maior deterioração da situação”, pontuou Cressman.

Fonte: BBC

Imagens: BBC 

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