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Âmbar de 30 milhões de anos conserva inseto semelhante a um louva-a-deus

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Os crisopídeos são pequenos insetos predadores, cujas larvas podem ser utilizadas como agentes de controle de pragas na agricultura. Alguns deles são semelhantes ao louva-a-deus. Mesmo que esses animais tenham um longo registro geológico, que data o Período Cretáceo, nenhum indivíduo adulto havia sido registrado no âmbar do Báltico, o que é surpreendente, visto que o depósito fóssil localizado na região da Lituânia, Letônia e Estônia, é o maior e um dos mais estudados do mundo.

Porém, isso mudou após um estudo realizado no ano de 2021. Uma equipe de pesquisadores liderada por Viktor Baranov, da Universidade Luís Maximiliano de Munique (LMU), na Alemanha, encontrou um belo espécime da mina Yantarny, no oblast de Kaliningrado, na Rússia. 

Jonas Damzen, um colecionador independente de âmbar e entusiasta da pesquisa de paleoentomologia, foi o responsável por chamar a atenção dos pesquisadores para o espécime.

Foto: Reprodução

Após analisar a morfologia do animal, os paleontólogos descobriram que ele estava intimamente relacionado ao gênero conhecido como Mantispa. Os bichos desse gênero medem de 5 a 47 mm de comprimento e possuem pernas proeminentes que agem como armadilhas para presas desavisadas. 

Essas pernas, também chamadas de raptoriais, dão a eles uma aparência semelhante à do louva-a-deus. A similaridade se deve à evolução convergente, um processo em que diferentes organismos adquirem características parecidas conforme se adaptam a condições semelhantes. 

No entanto, algumas características importantes, como venação da asa traseira e genitália, foram obscurecidas pelo chamado “verlummung”, uma espécie de filme branco que cobre muitos dos fósseis em âmbar do Báltico. Por causa disso, se tornou impossível confirmar conclusivamente a identidade do inseto.

O inseto semelhante ao louva-a-deus foi classificado como “provável” Mantispa

Foto: Reprodução

“Então, para lidar com essa incerteza, designamos este espécime como ‘provável Mantispa’ (Mantispa?)”, explica Baranov. No artigo de pesquisa publicado na revista Fossil Record, eles o apresenta como “Mantispa? damzenogedanica”.

O nome é uma combinação de “Damzen”, em homenagem a Jonas Damzen, que encontrou o inseto, e “gedanicum”, referindo-se a um nome latino para Gdańsk, na Polônia, local em que o museu mantém o espécime.

De acordo com os pesquisadores, eles ainda estavam confusos sobre qual seria o motivo para mais indivíduos de crisopídeos de louva-a-deus não serem encontrados no âmbar do Báltico.

Depósitos de âmbar do Báltico se formaram na época do Eoceno (entre cerca de 56 milhões de anos e 34 milhões) no norte da Europa. O consenso atual é que o clima daquela época era temperado quente.

“Tal clima é de fato perfeito para crisopídeos de louva-a-deus existentes”, destaca Baranov. “Portanto, é lógico sugerir que o clima inadequado não foi a principal razão para a raridade desses animais no âmbar do Báltico.”

Ao analisar como a aparência do louva-a-deus mudou ao longo do tempo, a equipe encontrou uma tendência: desde o Cretáceo, a diversidade na forma de suas pernas diminuiu. 

“Enquanto a forma das pernas raptoriais no Cretáceo era caracterizada por uma diversidade eclética e surpreendente, os crisopídeos posteriores têm uma forma bastante uniforme de pernas raptoriais”, informa Baranov.

Mesmo que os cientistas não saibam exatamente o que provocou essa diminuição nas pernas dos louva-a-deus, eles possuem uma teoria.

“Acreditamos que mudanças bióticas drásticas após o evento de extinção Cretáceo-Paleogeno (a extinção em massa que matou os dinossauros) podem ter levado o ambiente a se tornar menos condutor de crisopídeos de louva-a-deus, o que, por sua vez, diminuiu sua diversidade.”

Baranov afirma que está entusiasmado para compartilhar a descoberta do primeiro louva-a-deus do âmbar do Báltico, porque oferece “um raro vislumbre de uma época em que, no mundo depois dos dinossauros, os crisopídeos ficaram um pouco menos diversificados”.

Fonte: Olhar Digital

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