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Por que mulheres eram julgadas “bruxas” nos séculos 16 e 17? Estudo explica

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Na Idade Média, durante aproximadamente quatro séculos, a Igreja liderou uma grande investida contra mulheres que de alguma forma haviam ferido as expectativas sociais, políticas ou religiosas. E hoje o termo caça às bruxas diz espeito especificamente à perseguição sistemática contra algum grupo.

As mulheres foram o grupo mais acusado de praticar feitiçaria. Hoje em dia, calcula-se que elas representavam 80% de todos os denunciados. Por mais que pessoas de todas as classes sociais foram acusadas de bruxaria, as mulheres mais pobres eram as mais vulneráveis. Normalmente, elas eram viúvas e tentavam sobreviver fazendo remédios de ervas ou então fazendo um atendimento médico, que eram muitas vezes as únicas possibilidades que elas tinham.

E durante o período de crises epidêmicas, instabilidade política e mudança social, essas mulheres foram usadas como alvo de campanha das classes dominantes para direcionar o pânico da população, gerando histeria. Com isso, acontecimentos negativos começaram a ser considerados como ação das bruxas.

Caça às bruxas

Aventuras na história

O que é visto como instrumento de elucidação das massas é a criação da prensa de Guttenberg. Em 1487, Heinrich Kramer, um clérigo católico, lançou seu livro “Malleus Maleficarum”, que teve seu sucesso justamente por conta do método revolucionário de reprodução de livros. E por dois séculos ele foi o segundo livro mais vendido na Europa, perdendo somente para a Bíblia.

O livro é um guia de caça às bruxas e heresias afins, em que o autor endossa o extermínio se baseando em análises legais e teológicas detalhadas, e validando a prática da tortura para conseguir confissões. Nesse sentido, um ponto central da sua obra é dizer que as mulheres têm uma tendência natural a se tornarem bruxas.

De acordo com Diarmaid MacCulloch no livro “Reformation: Europe’s House Divided”, a obra de Kramer foi escrita como uma vingança e autojustificação pelo clérigo ter sido impedido de continuar os primeiros processos contra bruxas na região do Tirol.

Antes do livro ser publicado, a bruxaria era considerada um crime menor, tendo como punições variações de castigos físicos. Depois da publicação, as autoridades católicas e protestantes começaram a usá-lo como forma de julgamento e condenação de quem era suspeito de bruxaria. Isso fez com que a perseguição a essas pessoas ficasse ainda mais brutal.

O interessante era que o Malleus não era usado pelos inquisidores, mas sim pelos tribunais seculares, principalmente no período da Renascença. E quem queimava as pessoas acusadas de bruxaria não era o clero, mas o Estado. Apenas nos Estados Papais, que era onde a Igreja tinha autoridade secular, que a inquisição podia queimar as pessoas.

Símbolos

Aventuras na história

Todo o ódio às bruxas não era somente por conta da negação a Cristo. Ele andava de mãos dadas com a fé de tirar vidas inocentes. Durante o auge da perseguição, entre os séculos 14 e 17, eram comuns acusações de sexo com demônios.

Além disso, não era incomum que nos julgamentos os juízes exigissem detalhes minuciosos dessas alegadas práticas sexuais. E quanto mais inventivo fosse o ato, maior era a tortura das acusadas.

Outro ponto que enfurecia as pessoas da época era que, além de curandeiras, as mulheres não seguiam à risca as normas sociais da época, como por exemplo, obedecer os pais e o marido e se comportar de forma recatada. Elas eram julgadas da mesma forma que as mulheres mentalmente insanas ou perturbadas, ou as que tivessem o azar de serem denunciadas pelos mais variados motivos, como inveja ou ciúme.

E no caso da associação com vassouras, a origem delas também é bastante escandalosa. De acordo com várias fontes, ela era um composto tradicional alucinógeno feito de plantas venenosas como a mandrágora, a beladona e a figueira-do-diabo. Isso provavelmente era um vestígio da era dos druidas que era usado em rituais noturnos, que tinham vassouras, mas de um jeito peculiar.

Fonte: Aventuras na história

Imagens: Aventuras na história

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