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Psicólogo afirma que não existe muita diferença entre o vício em drogas e no celular

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Uma pesquisa feita de maneira involuntária apontou que milhões de pessoas são viciadas em celular, pessoas essas que ficaram frustradas quando o Facebook, Instagram ou WhatsApp estiveram fora do ar por mais de seis horas.

Em 2021, o psicólogo espanhol Marc Masip apontou que em casos extremos, a situação pode ser comparada com a síndrome de abstinência, vivenciada por quem abandona as drogas, o álcool ou o cigarro.

O psicólogo afirma que parte do seu trabalho consiste em oferecer tratamento em clínicas de desintoxicação para viciados em tecnologia. No entanto, essa reabilitação pode ser mais difícil que a das drogas.

“Porque todo mundo já sabe que estas fazem mal, enquanto as novas tecnologias todos nós usamos sem saber o tamanho do dano que podem causar”, explica Masip em entrevista à BBC.

Comparação exagerada

Foto: Marc Masip/ BBC

Ao ser questionado sobre muitas pessoas acharem sua comparação das tecnologias com a heroína algo exagerado, Masip disse que defende a teoria porque o momento sem as redes sociais foi uma loucura que mostrou a importância que as pessoas dão para ela.

“As pessoas enlouqueceram quando na realidade nada estava acontecendo. Estamos todos um pouco perdidos. Os vícios são todos vícios, e não há muita diferença entre o vício em drogas e o vício em telefone celular.”

No entanto, ele ressalta que acredita que as drogas não podem ser bem usadas, já o celular pode. O psicólogo acrescenta que a comparação é o mal-estar que sentimos quando não temos tecnologia disponível, uma síndrome de abstinência.

“A comparação com a heroína me parece boa porque ainda não temos consciência de todos os danos que pode chegar a causar.”

Ainda de acordo com o profissional, quando a heroína começou a ser consumida, não se sabia o quão ruim era, e no final, morreu muita gente. “Espero que não seja assim agora, mas tem gente que morre porque usa o celular até quando está dirigindo”.

Masip também apontou que algumas pessoas sofrem com casos de bullying nas redes sociais, que trazem consequências para a saúde mental.

Tratamento do vício celular

Foto: Getty Images

Masip apontou que realiza o tratamento em clínicas de desintoxicação, porque o vício pode levar a problemas de saúde mental graves e até físicos. O profissional apontou que o vício pode ter reflexos no desempenho acadêmico dos jovens, acidentes de trânsito, ansiedade, estresse, frustração e transtornos alimentares.

No entanto, ele aponta que a pior parte da dependência é como o humor das pessoas muda para pior quando ficam sem Facebook ou WhatsApp.

Ao ser questionado sobre como funciona o tratamento na clínica de desintoxicação, Masip contou que no local a sua equipe oferece uma reeducação sobre o bom uso das redes e das telas.

Além disso, o profissional aponta que é mais difícil tratar o vício em tecnologia do que em drogas porque fumar, beber e se drogar é socialmente mal visto, mas o vício em tecnologias não.

“Com as tecnologias não se trata de deixar de usá-las. O que você tem que fazer é reeducar para que sejam melhor utilizadas. Isso não é fácil quando todo mundo ao seu redor também está usando.”

Para ele, é importante que o paciente reconheça até que ponto é bom usar a tecnologia.

Tecnologia avançando 

Foto: Marc Masip/ BBC

Masip também foi questionado sobre como as pessoas devem se proteger de tecnologias que nem entendemos, e nem mesmo as próprias instituições.

“Estamos vendidos diante do avanço tecnológico porque as empresas buscam que seu uso seja o maior possível em seu próprio benefício. Quase não há regulamentação, e educação para as famílias e nas escolas sobre o uso responsável da tecnologia é muito pobre.”

De acordo com ele, a solução são leis que regulamentem o uso adequado das novas tecnologias e que ainda não existem hoje. Além disso, ele aponta que não existem ferramentas para educar a população mais jovem, que é quem mais utiliza os celulares.

Masip também afirmou que o mundo tecnológico estimula que o futuro continue sendo muito tecnológico. No entanto, devemos considerar que o real sempre vai superar o virtual.

O psicólogo também acredita que chegará um momento em que as pessoas que usam bem as redes e o celular serão mais legais do que quem fica hiperconectado o dia todo.

Técnica para autodiagnosticar nosso grau de dependência do celular

Foto: Getty Images

De acordo com Masip, o autodiagnóstico é sempre complicado. “Você deveria se deixar ajudar, mas nem sempre é fácil. Posso indicar alguns sinais para detectar dependência ou vício.”

Primeiro é preciso medir sua síndrome de abstinência. Também deve-se observar se você substitui atividades, ou deixa de fazer algo, para ficar mexendo no celular.

Ainda segundo o especialista, é preciso observar se você pega o celular para ver uma coisa, e passa uma hora sem que você perceba.

Como podemos usar a tecnologia com sabedoria?

Para Masip, é importante usar a tecnologia quando é para realizar serviços, como por exemplo, levar até uma reunião.

“Você também pode aproveitar seu celular para enviar um e-mail sem ter que entrar no computador. Mas não utilize (o celular) durante a refeição ou quando estiver com outras pessoas. Nem quando você trabalha, passa um tempo com os amigos, com seu parceiro ou antes de dormir.”

No entanto, o especialista aponta que é importante não colocar a tecnologia como algo imprescindível, mesmo ela sendo útil.

Fonte: BBC

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