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Qual a origem das múmias de Tarim?

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A China é um país conhecido por sua história milenar. No entanto, um fato que chama a atenção são as descobertas de 113 múmias caucasianas encontradas no deserto chinês. Após isso, pesquisadores passaram a estudar a origem das múmias de Tarim.

De acordo com os pesquisadores, as origens genéticas das múmias datam de 2 mil a.C. a 200 d.C. Elas foram descobertas no fim da década de 1990 na região de Xinjiang, na Bacia de Tarim. Inicialmente, acreditava-se que os restos mumificados eram de imigrantes indo-europeus. Porém, um estudo, publicado em 2021 pela revista Nature, mostrou que esse pode não ser o caso.

Ainda de acordo com os estudos, o cemitério das múmias, localizado no sítio arqueológico “Tumbas de Xiaohe”, guardava restos das populações indígenas locais. Mesmo com profundas raízes asiáticas, ela possui culinária vinda de vários locais.

História das múmias de Tarim

AP/Matt Rourke

As múmias, que são consideradas as mais enigmáticas da Ásia, estavam dentro de barcos, que serviam como caixões. Além disso, elas chamam a atenção devido aos vestiários de lã e sua criação pastoril de gados, ovelhas e cabras, assim como a plantação de trigo, cevada, painço e kefir. Essas características fizeram os especialistas acreditar, anteriormente, que elas eram descendentes de pastores Yamnaya, que teriam vindo do Mar Negro, no sul da Rússia.

No entanto, ao buscarem entender a origem das múmias de Tarim, eles analisaram dados de todo o genoma de 13 das primeiras múmias, datadas de aproximadamente 2,1 mil a 1,7 mil a.C. Logo depois, fizeram o mesmo com 5 indivíduos de cerca de 3 mil a 2.800 a.C., de uma bacia vizinha, Dzungarian.

Após esses estudos, os pesquisadores descobriram que as múmias de Tarim eram familiares diretos de uma população do Pleistoceno, que praticamente desapareceu ao fim da idade do Gelo.

Descentes dos ANE

Aventuras na História

Em relação aos Antigos Eurasianos do Norte (ANE, na sigla original), sobreviveu apenas uma parcela de seu genoma nas populações atuais. Entre seus principais descendentes estão comunidades indígenas da Sibéria e das Américas, que possuem 40% do seu genoma com similaridades.

Diferente do que acontece com as populações hoje em dia, as das múmias não se misturaram com outros grupos da época. Isso pode ter resultado em um “gargalo genético”, que separou essa população da sua origem.

“Os arqueogeneticistas há muito procuram por populações de ANE do Holoceno para compreender melhor a história genética da Eurásia interior. Encontramos no lugar mais inesperado”, afirmou Choongwon Jeong, líder do estudo, em comunicado oficial após a divulgação do estudo.

Mesmo com o isolamento da comunidade geneticamente, não ocorreu um isolamento cultural. O povo de Tarim era cosmopolita. Isso foi possível de se identificar por meio de análises de amostras dentárias, que apontou que a leiteira de gado, ovelhas e cabras era praticada por esse grupo. Além disso, foi identificado que eles estavam cientes das diversas culturas e tecnologias ao seu redor. Um exemplo disso, apontado pelos estudos, é que eles já conheciam o trigo e laticínios do oeste da Ásia e plantas medicinais vindas do centro do continente.

“Reconstruir as origens das múmias da Bacia do Tarim teve um efeito transformador em nossa compreensão da região, e continuaremos o estudo de genomas humanos antigos em outras eras para obter uma compreensão mais profunda da história da migração humana nas estepes da Eurásia”, revelou Yinquiu Cui, professor da Universidade de Jilin, na China, que trabalhou no estudo.

Fonte: Revista Galileu, Socientifica, Aventuras na História

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