Os deuses do submundo

Uma das perguntas mais básicas da humanidade é: para onde vamos quando morremos? A fascinação pela vida após a morte faz parte da nossa cultura desde o início dos tempos, e com razão.

Quando só conhecemos essa realidade, como não passar anos ponderando sobre o que acontece quando o corpo perde a vida? Tem algo do “outro lado”? Tem alguém?

É com essas perguntas que temos lugares mitológicos, como o paraíso ou o inferno, nas mais diversas culturas. Em algumas, não existe necessariamente um paraíso, e sim só o submundo.

Nesse caso, o submundo é o mundo dos mortos, para onde todas as almas vão, independente da sua índole. Algumas culturas até descrevem criaturas que governam o submundo, mantendo tudo em ordem e até punindo as almas. 

Hades

Reprodução

O deus mais famoso e o primeiro que surge na cabeça quando pensamos em submundo é o deus grego Hades. Ele não nasceu do submundo ou para o submundo.

Então, na mitologia grega, quando os reinos estavam sendo partilhados pelos deuses, Zeus ficou responsável pelos céus, Poseidon pelos mares e Hades ficou encarregado de comandar o mundo dos mortos. 

Assim, a partir dessa designação, ele se tornou o comandante do submundo. Essa mitologia explica que todo mundo teria sua alma encaminhada ao submundo, sendo julgado por seus atos em vida pelos três juízes infernais: Radamanthys, Minos e Aiacos.

O submundo de Hades

Esse reino era dividido em algumas regiões, sendo o Tártaro o lugar para onde os grandes pecadores e criminosos iriam. Lá, eles sofriam castigos horríveis. Em seguida, temos o campo de Asfódelos. Esse lugar é descrito como uma planície monótona, cheia de árvores sombrias, para onde vão as almas que não cometeram crimes ou pecados e nem possuíram glória ou méritos significativos.

No campo de Asfódelos, as almas não eram castigadas mas também não recebiam gratificações. Então, elas só sentiam tristeza e passavam a eternidade caminhando pela planície escura. O campo também servia como um lugar neutro, onde as almas aguardavam seus julgamentos, era basicamente um limbo.

Já os Campos Elísios é um lugar com temperatura amena, brisa suave e alegria constante. É para esse lugar que as almas boas eram enviadas. Antigamente, os Campos Elísios eram descritos como um lugar de alegria e prazeres constantes. Ele era destino dos heróis gregos que visavam escapar das escuridões do submundo.

No entanto, com o tempo, a cultura grega ditou que almas boas também eram enviadas para lá. Ao contrário do que se popularizou, Hades não era uma figura malvada e tenebrosa. Na verdade, ele guiava suas ações pela sabedoria e justiça, sendo muito respeitado como um dos deuses do submundo. 

Hella

Reprodução

Já na mitologia nórdica, Valhalla é muito conhecido. Esse paraíso nórdico era reservado somente para os mais bravos guerreiros que morreram em batalha. Dessa forma, os demais iam para o Niflheim, ou reino da névoa.

Lá, quem reinava era Hella, ganhando seu lugar na lista dos deuses do submundo. Assim, sua aparência era sinistra, com metade de seu corpo em decomposição. Diferente do que vimos nos filmes da Marvel, ela era filha de Loki, o deus da trapaça.

Assim como Hades, Hella não era maligna. Ela apenas realizava seu trabalho sob ordens de Odin. Muitas culturas não destacam os governantes do submundo como figuras ruins, já que isso é uma herança do cristianismo.

Com isso, aqueles que iam para o reino da névoa não estavam fadados ao sofrimento. Esse caso é parecido com o campo Asfódelos, onde as pessoas vagavam sem memórias para sempre. 

Izanami

Reprodução

Já na mitologia japonesa, a deusa do submundo já foi uma deusa viva. Ela vivia com seu marido, o deus Izanagi, até falecer em trabalho de parto e ser enviada para o reino dos mortos. Lá, ela teve sua divindade corrompida antes de ser salva por seu marido. Então, para prevenir que as criaturas do submundo fugissem junto com a deusa, Izanagi fechou a porta do reino com uma grande pedra.