Entretenimento

“Regra 34”, o filme brasileiro sobre cam girl que ganhou Leopardo de Ouro

0

O filme que levou o prêmio da categoria de melhor longa-metragem da edição de 2022 do renomado Festival de Locarno, realizado na Suíça, foi a produção brasileira “Regra 34”.

O titulo do filme faz referência a um mandamento da internet que diz que “se algo existe, foi feito pornografia a respeito”. Logo, existe conteúdo pornográfico de todos os tipos concebíveis na internet. Desse modo, a produção premiada com o Leopardo de Ouro conta a história de Simone, uma estudante de Direito negra que trabalha como “cam girl”. Isto é, ela trabalha fazendo trabalho sexual na internet, sendo paga para performar ao vivo na frente de sua câmera. Depois de se formar, a personagem tem como plano se dedicar à defesa de vítimas de violência doméstica.

Sendo assim, a história interessante foi dirigida pela carioca Julia Murat, que passou por vários processos antes de concluir o filme. “O mundo era outro quando comecei a pensar nele: ali em 2013, 2014 existia em mim uma sensação de esperança”, relatou ela através de uma publicação em sua conta oficial do Instagram.

Foi somente no ano de 2018 que Murat recebeu os fundos para produzir a obra audiovisual. No entanto, ela ficou em dúvida se seria uma boa ideia continuar com o projeto considerando o contexto político da época.

“Fazia sentido continuar fazendo um filme cujo o intuito era criticar a o campo progressista? Pensei em devolver o dinheiro. Mas tinha algo dentro de mim que achava que esse não era o melhor caminho (como se existisse algum caminho bom). Pensei muito e cheguei à conclusão que o discurso de ódio já está em voga e que a auto-censura é mais uma das características que devemos enfrentar neste momento de risco de ruptura democrática”, concluiu a artista.

regra 34 filme

Divulgação

Filmes brasileiros no mundo

Julia não foi a primeira a levar um filme brasileiro a ganhar o Leopardo de Ouro na história do Festival de Locarno, sendo este o troféu máximo da premiação. Desse modo, a última vez que um filme brasileiro levou o prêmio foi em 1967, mais de meio século atrás, com “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, segundo a Folha de S. Paulo.

Além disso, outras produções brasileiras ganharam destaque em Cannes. A relação do Brasil com o prêmio começou ainda na década de 1960, no ano de 1962, com o clássico “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, vencendo a Palma de Ouro de melhor filme.

Dirigido por Anselmo Duarte, a partir da peça de Dias Gomes, o longa mostra a história de Zé do Burro (Leonardo Villar), homem humilde do sertão da Bahia que tem como desejo máximo cumprir a promessa – feita em um terreiro de candomblé – que salvou seu burro da morte, levando uma pesada cruz até a capital, Salvador.

Assim, o filme mostra a intolerância religiosa presente até os dias atuais no Brasil com belas cenas, e conta também com interpretações magistrais de Villar e Glória Menezes, como a esposa Rosa.

Glauber Rocha conseguiu outro destaque internacional, dessa vez com “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969). Maurício do Valle interpreta Antônio das Mortes, um matador de aluguel contratado para dar fim ao bando de cangaceiros liderado por Coirana (Lorival Pariz). Este considerado a “reencarnação” de Lampião. O filme, que fez sucesso tanto com a crítica quanto com o público, conferiu ao diretor o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes.

Mais produções

“Linha de Passe” – de Daniela Thomas e Walter Salles (2008), levou o prêmio de Melhor Interpretação Feminina, contando a história de uma mãe solo da periferia de São Paulo. Dessa forma, a atriz vencedora, Sandra Corveloni interpreta Cleuza, a matriarca trabalhadora doméstica que criou quatro filhos, grávida do quinto, e que luta para superar a ausência do pai ao conquistar seu espaço num mundo injusto.

Apesar de tratar da periferia, o filme não cai nos clichês de levar os personagens em um rumo do crime. Além disso, a obra conta ainda com as ótimas interpretações de Kaique de Jesus Santos, como o caçula que procura o pai, Vinícius de Oliveira, interpretando o jovem que sonha em ser jogador de futebol. Há também José Geraldo Rodrigues, que vive o religioso Dinho, que ganha a vida como frentista em um posto de gasolina, e João Baldasserini, o irmão mais velho Dênis, que já é pai e ganha a vida como motoboy.

Fonte: Aventuras na História

Cidades flutuantes são o futuro da humanidade?

Artigo anterior

Bebê nasce sem parte do crânio e é operada com tecnologia 3D

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido