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Dona Janete, que relatou passar fome, recebe ajuda e compartilha seu sonho de pagar faculdade da neta

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A entrevista de Dona Janete, que emocionou ao relatar sua dificuldade em lutar contra a fome e colocar comida na mesa para sua família, repercutiu por todo o Brasil. Agora, na última quarta-feira (22), a repórter Lívia Torres reencontrou Dona Janete.

Após a entrevista ao RJ1 ir ao ar, Dona Janete recebeu uma rede de solidariedade. Assim, com essa ajuda, ela sonha em pagar a faculdade da neta e voltar a estudar.

“Reformar a minha casa, pagar a faculdade da minha neta, pagar a formatura dela. Meu neto queria jogar futebol. E voltar a estudar, que seria meu sonho, pra mim ter um trabalho digno e mostrar meus netos que eu posso”.

O reencontro ocorreu na ONG que funciona no Grajaú, na Zona Norte do Rio, e é responsável pelo acolhimento de mulheres de baixa renda.

A entrevista

Reprodução/TV Globo

“O que emocionou mais a senhora ontem?”, perguntou a repórter Lívia Torres.

“Saber que eu tinha o que dar para as crianças, saber que, igual a menina que falou pra mim ‘é vai de segunda a sexta e sábado e domingo?’ Falei ‘sábado e domingo eu ajeito’. Mas pelo menos vou ter alguma coisa pra comer”, respondeu Dona Janete.

“E deu, porque eu dividi pro almoço e ainda comi na janta, deixei um pouquinho e hoje de manhã, antes de vir, o meu neto Luan foi lá esquentou e comeu.”

“Hoje meu neto falou: ‘hoje vamos comer mamão, um tempão que eu não como’. É vamos sim, é triste, mas é a realidade da gente. Eu não tenho mesmo. Eu tenho receio de pedir aos outros e eles falarem não.”

Quem é Dona Janete

Janete Evaristo tem 57 anos, nasceu e cresceu no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Dessa forma, ela vive numa casa localizada no Carandiru, região que ganhou nome por ser parecida com o presídio desativado em São Paulo, em 2002. Com ela vivem cinco netos, todos menores de idade.

Dona Janete conta que, antes da pandemia, ela conseguia se sustentar cuidando das crianças, mas perdeu o emprego há dois anos e passou a viver em situação de extrema pobreza, enfrentando a fome.

Assim, na última segunda-feira (21), ela foi até uma cozinha comunitária inaugurada no Andaraí pegar uma refeição gratuita do programa Prato Feito Carioca. Foi nessa ocasião que ela deu a entrevista em que se emocionou e levou espectadores às lágrimas.

Luta

“Era seis com a minha filha que faleceu, né? Fez dois anos agora, vai fazer. Dois anos e meu marido também faleceu tem 6 meses”, chorou ao relembrar.

“Domingo a gente não tinha nada para comer. Eu estou desempregada, está muito difícil. Estou catando latinha, mas não dá. Eu não tenho ajuda de muita gente, então domingo a gente não tinha mesmo nada. Está muito difícil”, disse, voltando a chorar e enxugando o rosto.

Desse modo, Dona Janete teve quatro filhos. No entanto, uma delas morreu há dois anos de lúpus, sendo mãe das quatro crianças criadas pela avó.

“A minha filha era muito doente, porque durante o dia tava no mercadinho conversando e rindo pra todo mundo, ia pra faculdade rindo, mas chegava em casa e botava três travesseiros no chão. Ajoelhava e gritava de dor”.

Com as dificuldades que passa, Dona Janete ainda consegue ajudar outras pessoas. “Onde eu moro tem uma senhora, que na sexta-feira eu ganhei 2 quilos de fubá e um macarrão. Ela foi lá bater na porta e perguntou ‘você tem alguma coisa?’ Eu falei ‘só tenho isso’. Ela tava com R$ 2 pra comprar, pra fazer salsinha. Eu tava com R$ 6, dei 3 pra ela e fiquei com 3″, disse Dona Janete.

“O pouquinho que eu tiver e poder ajudar os outros, é muito bom. Sinto uma paz. Então queria pedir obrigada e se pudesse ajudar a ONG pra ajudar as outras meninas também”.

Para mais informações sobre como ajudar, acesse o site da ONG Anjos da Tia Stelinha.

Fonte: G1

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