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A crise climática já é uma realidade em muitas partes do mundo. Milhões de pessoas estão vivendo em temperaturas extremas, enfrentando ameaças de enchentes ou incêndios florestais.
Shakeela Bano conta que na Índia, algumas noites são quentes demais para dormir dentro de casa. “É muito difícil”, disse ela à BBC. “Temos muitas noites sem dormir.”
Foto: BBC
Shakeela mora com o marido, a filha e os três netos em um quarto sem janelas em Ahmedabad. Além disso, eles possuem apenas um ventilador de teto para ajudar a refrescar a casa.
Devido à mudança climática, muitas cidades na Índia estão agora atingindo 50°C. As áreas bastante povoadas são ainda mais afetadas pelo efeito de ilha de calor urbana. Além disso, vale destacar que materiais como concreto prendem e irradiam calor, elevando as temperaturas. Muitas vezes, os locais ficam ainda mais quentes à noite.
Em casas como a de Shakeela, os moradores podem sofrer com tontura, erupções cutâneas, exaustão pelo calor e diarreia. Por isso, eles pediram dinheiro emprestado para pintar o telhado de sua casa de branco.
As superfícies brancas refletem mais a luz do sol e uma camada de tinta dessa cor no telhado pode diminuir as temperaturas internas em 3 a 4 graus.
De acordo com Shakeela, o quarto fica mais fresco e as crianças dormem melhor.
Temperaturas quentes como o fogo
Foto: BBC
Já no norte da Mauritânia, no oeste da África, o calor é demais para as pessoas viverem e trabalharem. “É como fogo”, afirma Sidi Fadoua.
Sidi, de 44 anos, vive em uma pequena vila perto dos limites do Saara. Ele trabalha como mineiro de sal em locais próximos. O trabalho árduo fica mais difícil conforme a região esquenta por causa das mudanças climáticas. “Não podemos suportar tais temperaturas”, diz ele.
Para evitar o calor extremo no verão, que pode atingir temperaturas acima de 45°C no verão, Sidi começou a trabalhar à noite.
Além disso, as oportunidades de empregos são escassas. Aqueles que trabalhavam criando gado não podem mais fazer isso, não existem plantas para as ovelhas e cabras pastarem.
Sidi conta que por causa disso as pessoas estão se mudando do local. “Não aguentam mais o calor.”
“Como você acaba com um inferno?”
Foto: BBC
Patrick Michell, chefe do Kanaka Bar First Nation, estuda mudanças preocupantes na floresta perto de sua reserva em British Columbia, no Canadá, há mais de três décadas. Os rios apresentaram menos água e os cogumelos pararam de crescer.
No verão de 2021, sua cidade natal, Lytton, bateu recordes de temperatura, chegando a 53ºC. A região chegou a ficar em chamas.
A filha dele, Serena, grávida de oito meses, correu para colocar seus filhos e animais de estimação no carro: “Saímos com as roupas do corpo. As chamas tinham três andares de altura e estavam bem ao nosso lado.”
Patrick conta que cresceu lidando com incêndios florestais, mas que assim como o clima, os incêndios também mudaram. “Não são mais incêndios florestais, são infernos”, diz ele. “Como você acaba com um inferno?”
No entanto, Patrick vê o que aconteceu como uma oportunidade: “Podemos reconstruir Lytton para o meio ambiente que está por vir nos próximos 100 anos. É assustador, mas em meu coração existe esse otimismo”.
“Quando eu era criança, não era assim”
Foto: BBC
Joy, que mora no Delta do Níger, na Nigéria, uma das regiões mais poluídas da Terra, afirma que quando era criança os dias não eram assim. No local, as temperaturas estão aumentando durante os dias e as noites.
Ela trabalha usando o calor de chamas a gás para secar tapioca e vender o produto em um mercado local. “Eu tenho cabelo curto porque se eu deixar meu cabelo crescer, ele pode queimar minha cabeça se a chama mudar de direção ou explodir”.
No local, a mudança climática teve um impacto devastador, transformando terras férteis em desertos no norte, enquanto enchentes repentinas atingiram o sul.
Fonte: BBC
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