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Sintomas da dependência química podem durar para a vida toda

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Pelo visto, os sintomas da dependência química não se encerram com o fim do uso de drogas. Pelo menos foi isso que concluiu um estudo da Universidade de Michigan (EUA).

De 1976 a 1986, a pesquisa avaliou os sintomas de 5.317 adolescentes com problemas do vício. Em seguida, os estudiosos continuaram a monitorar os jovens até eles completarem 50 anos. A partir disso, eles viram que boa parte dos sinais da adolescência permaneciam presentes na vida adulta.

A publicação deste estudo saiu no Jama Network Open e faz parte do projeto Monitoring The Future Panel. Este tem em sua condução o Centro para o Estudo de Drogas, Álcool, Fumo e Saúde.

Fonte: Alex Silva/A2

Dependência química: do adolescente ao adulto

A princípio, a pesquisa avaliou adolescentes de 18 anos que apresentavam fortes sintomas de dependência química. Essa primeira análise se deu entre 1976 e 1986. Desde então, a equipe do estudo continuou acompanhando os sinais ao passo em que os jovens envelheciam. Sendo assim, algumas relevantes tendências foram detectadas.

Em primeiro lugar, o que se identificou foi uma dependência de medicamentos prescritos na adolescência. Ou seja, os pacientes adultos continuaram a usar os medicamentos cuja receita foi dada quando eles eram adolescentes. Além disso, esses pacientes estiveram mais suscetíveis a se automedicarem com sedativos, opioides e tranquilizantes.

De acordo com a pesquisa, 54% dos adolescentes apresentavam sintomas de transtorno por uso de substâncias. Conforme eles progrediram para a fase adulta, não houve uma redução destes sinais. Logo, os problemas do vício na juventude persistiram em seus cotidianos.

Outra avaliação que se fez foi em relação ao uso de drogas recreativas, tal como álcool e cannabis. Em geral, é comum que o sujeito diminua o uso dessas substâncias na idade adulta. No entanto, quando o indivíduo tem múltiplos sintomas da dependência, o trabalho de Michigan demonstra que é difícil ele conseguir se desligar deste nocivo uso.

Portanto, a pesquisa conectou diversos pontos sobre o uso prejudicial de drogas. Em síntese, os pesquisadores entenderam como a gravidade dos sintomas na adolescência influencia na maneira como o adulto vai lidar com medicamentos prescritos e automedicação. Além disso, foi possível perceber o nível de presença destes sinais até os 50 anos.

Fonte: iStock

Discussões

Sean McCabe é Professor da Escola de Enfermagem da Universidade de Michigan e o principal autor do trabalho. Segundo ele, os dados revelam um grande alerta, pois eles levantam receios quanto à segurança de se prescrever medicamentos a adolescentes com dependência química.

Para ele, “devemos repensar como rastreamos e prescrevemos a indivíduos que têm vários sintomas de transtorno por uso de substâncias no passado, porque eles podem precisar de ajuda adicional para tomar seus medicamentos com segurança.”

Ainda de acordo com o autor, talvez seja necessário desenvolver meios para que esse público faça um uso prudente dos medicamentos prescritos. Uma das alternativas, segundo ele, é a adesão a cofres aos quais o sujeito não têm acesso. Assim, ele aciona um porteiro para lhe entregar a droga na quantia correta.

Além disso, McCabe destaca a não busca de tratamento por parte dos indivíduos. Logo, eles avançaram para a vida adulta com os sintomas da dependência química da adolescência, o que afetou de forma negativa vários campos de suas vidas.

Dessa forma, na visão do pesquisador, é preciso que se faça uma triagem desses adolescentes. Assim, é possível rastrear os adultos com grandes chances de fazerem mau uso de medicamentos.

Outro ponto defendido por McCabe é a necessidade das seguradoras de saúde cobrirem o acompanhamento a longo prazo. Em complemento, os estados e os condados podem utilizar o dinheiro apreendido do tráfico, a fim de promover o tratamento de quem convive com os sintomas da dependência química.

Fonte: Canal Tech, Michigan News.

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