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Macacos podem explicar por que gostamos de bebidas alcoólicas

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O ser humano costuma gostar de bebidas alcoólicas pois, assim como muitos outros mamíferos, inclusive os macacos, possuímos genes que nos proporcionam a habilidade de metabolizar etanol e extrair calorias da substância. No entanto, não se sabe o porquê ou de onde vem essa afinidade com a ingestão de bebidas que contêm álcool.

Existem diversas teorias, mas o que responde essa questão é um estudo científico de primatologistas, como Christina Campbell, da California State University, Northridge, que pesquisou o comportamento de macacos-aranha-de-Geoffroy (Ateles geoffroyi) em seu habitat natural, no Panamá.

As frutas comidas regularmente por esse macaco contém baixas doses de etanol. A pesquisa que investiga o caso foi publicada na revista científica Royal Society Open Science em março de 2022.

O macaco e o álcool

Foto: Pbase

Além de ter descoberto que as frutas de palmeiras ingeridas pelos macacos são etílicas, Christina e sua aluna, Victoria Weaver, que lideraram o estudo, perceberam também metabólitos específicos ao etanol em amostras de urina de dois dos macacos-aranha, o que aponta que o álcool não só passa pelo corpo desses animais, como também é digerido e usado de alguma forma.

A primatologista afirmou que essa é a primeira vez que se vê um primata selvagem consumindo uma fruta etílica sem interferência humana, o que aumenta a força da “hipótese do macaco bêbado”.

De acordo com essa teoria, proposta pelo biólogo Robert Dudley, da University of California, Berkeley, no ano 2000, a atração que os primatas têm pelo cheiro e sabor do etanol, seria uma vantagem evolutiva que o auxilia a encontrar frutas maduras e energizantes, fazendo com que eles consigam ingeri-las antes de outros animais.

Nós, humanos, possuímos essa mesma característica. No entanto, ela não se baseia apenas nos benefícios nutricionais da substância: aprendemos a destilar bebidas e apreciar drinks alcoólicos.

Até o momento, a teoria não tinha muitas evidências concretas. Os chimpanzés (Pan troglodytes), por exemplo, bebem seiva fermentada de palmeiras, que contêm concentrações de álcool próximas a 7%, porém, não foi identificado se é o etanol que os atrai.

Apesar da sensibilidade primata a frutas alcoólicas já ter sido registrada em cativeiro, a pesquisa de Christina é a primeira a notar esse comportamento na natureza.

O porquê do etanol

Foto: Reprodução

A autora da pesquisa explica que os macacos-aranha-de-Geoffroy provavelmente procuram frutas etílicas por causa das calorias. Isso porque as  frutas fermentadas fornecem mais energia do que as não-fermentadas devido ao maior teor alcoólico.

As frutas que esses macacos comem, inclusive, fazem parte da produção de certas variedades de chicha, uma bebida alcoólica fermentada por povos indígenas da América Central e do Sul.

Nossa preferência por bebidas alcoólicas pode ser consequência dessa “fome” por frutas maduras. A própria levedura, quando se alimenta de açúcar, produz álcool, para afastar a competição. Após esse cheiro ser espalhado no ar, os mamíferos costumam ser atraídos.

Consumindo as frutas fermentadas, ganhamos mais energia, mas também ficamos bêbados. Já o macaco-aranha possivelmente não fica. Isso porque, além das frutas terem só 1% ou 2% de etanol, os animais enchem o estômago antes dos efeitos inebriantes os atingirem.

Dudley comenta que eles devem ter algum benefício fisiológico com esse consumo. Entre eles, podem estar: efeitos anti-microbianos, ações da levedura, com os micróbios pré-digerindo a fruta. 

Uma certeza que esse estudo trouxe foi que os chimpanzés, bonobos, gorilas e Homo sapiens têm o mesmo gene que aumenta a quantidade de enzimas digestoras de etanol em 40 vezes em comparação aos outros parentes ancestrais, como o orangotango.

No entanto, mais pesquisas devem ser realizadas para descobrir quais vantagens esse gene providência exatamente. Enquanto isso, o consumo de calorias adicionais já se destaca como um benefício importante em um ambiente onde é difícil de consegui-las. 

As autoras do estudo finalizam que como os mamíferos em geral tendem a ter uma seleção positiva desses genes, é provável que o consumo natural de carboidratos fermentados seja mais comum do que imaginamos. 

Fonte: Canaltech

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