Todos que estavam no Brasil no ano passado puderam sentir e sofreram com a passagem do El Niño. Foram vistas mudanças bruscas de temperatura, calor em pleno inverno, ou o contrário, e vários ciclones e secas atingiram o país inteiro. Por conta disso, muito se falou sobre ele e também sobre La Niña, fenômenos responsáveis pelo aquecimento e pelo resfriamento do Oceano Pacífico, respectivamente.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o El Niño está chegando no seu fim, tanto que desde o começo de abril ele entrou na sua fase de neutralidade. Nesse período, as temperaturas do oceano sofreram uma diminuição bem significativa.
“Foi registrado um resfriamento substancial das Temperaturas da Superfície do Mar (TSMs) que chegaram, nos últimos cinco dias, a valores próximos a 0,5ºC (graus Celsius) acima da média, na área de referência para definição do evento, denominada região de Niño 3.4. Esse valor de temperatura é considerado o limite para o início da fase neutra do oceano”, informou o órgão.
Os modelos climáticos que o Instituto está analisando mostram que essa condição de neutralidade deve seguir até meados de junho.
Ida do El Niño e chegada do La Niña
O que caracteriza o El Niño é o aquecimento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico Equatorial, especialmente na região central leste. Por conta disso, os padrões atmosféricos e oceânicos são alterados, o que provoca mudanças significativas no clima do mundo todo.
Normalmente, esse fenômeno está relacionado com o aumento das temperaturas atmosféricas, determinadas áreas com chuvas intensas e outras com secas, e grande influência dos padrões de precipitação e temperatura no mundo todo. Por conta disso, suas consequências variam, podendo provocar enchentes e secas severas.
Enquanto que o La Niña é o oposto. Esse fenômeno faz com que aconteça um resfriamento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico Equatorial. Além disso, ele também provoca mudanças nos padrões atmosféricos e oceânicos, o que afeta o clima do mundo todo.
Quando o La Niña está acontecendo, a tendência é que as temperaturas atmosféricas diminuam e as chuvas fiquem mais escassas em determinadas regiões, ao mesmo tempo que outras têm um aumento nas precipitações. Como consequência, o fenômeno pode trazer secas prolongadas, invernos mais rigorosos e eventos climáticos extremos, como por exemplo, tempestades tropicais e furacões. Por conta disso, o La Niña pode acabar afetando a agricultura, recursos hídricos, ecossistemas e economias no mundo todo.
De acordo com as previsões, o La Niña irá causar, a partir de junho, chuvas acima da média em partes da região Norte, Minas Gerais e Bahia. Já no Sul, que sofreu com as enchentes provocadas pelo El Niño, com o La Niña as chuvas devem ser abaixo da média.
Conforme explicou o Inmet, a persistência e a expansão de áreas mais frias em direção a parte central do oceano são fatores favoráveis para que o La Niña se forme. O fenômeno está previsto para começar no segundo semestre desse ano.
Diferenças
De acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), durante o El Niño, os ventos são mais fracos e a água quente é empurrada para leste, em direção à costa oeste das Américas.
Como consequência, isso faz com que as águas fiquem mais quentes e a corrente de jato do Pacífico se mova para o sul de sua posição neutra. E por ser um fenômeno que atinge todo o mundo, nosso país também sente seus efeitos, como por exemplo, nos padrões de circulação atmosférica, na umidade, na temperatura e nas chuvas.
Já no La Niña, os ventos alísios ficam ainda mais fortes e empurram a água quente para a Ásia. E a água mais fria vem para a superfície ao largo da costa oeste das Américas. Por conta disso que, em determinados países, La Niña pode trazer uma temporada de furacões mais severa.
No nosso país, o último fenômeno desse tipo ficou ativo entre 2020 e 2023. Por mais que La Niña tenha uma intensidade maior, seus efeitos não são instantâneos.
Fonte: Olhar digital, Canaltech
Imagens: Olhar digital