Um lutador de MMA pode ter relação com o sumiço do rei do Marrocos

Muitas pessoas podem nem saber, mas o Marrocos tem um rei e os 37 milhões de habitantes do país estão curiosos e preocupados com o sumiço dele. O rei Mohammed VI ficou 200 dias fora do país em 2022 sem nenhuma explicação plausível. E a preocupação dos moradores do país é por conta de uma crise iminente.

O que se sabe é que o rei está exilado na França e morando em uma mansão perto da Torre Eiffel. Contudo, mesmo nesse castelo nas colinas de Betz, Mohammed VI tem dificuldades de escapar de ser vigiado constantemente. Tanto é que ele muda seus chips de telefone de forma constante, porque ele tem medo de ter sua linha grampeada, e muda os endereços onde vai se encontrar com alguém no último minuto.

Como ele está exilado na França, o rei do Marrocos não foi a eventos importantes, como por exemplo, o funeral da rainha Elizabeth II, a cúpula da Liga Árabe e os jogos do seu país na Copa do Mundo do Catar.

Rei

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Por mais que o governo do Marrocos seja uma monarquia constitucional, ou seja, o rei é somente uma figura simbólica, no caso de Mohammed VI, é ele quem dá a palavra final a respeito das disputas entre as facções políticas rivais.

A infância de Mohammed VI foi bastante rigorosa e exigente por conta do seu pai, Hassan II. Para se ter uma ideia, a escola que ele frequentou foi construída dentro do palácio e era composta por um grupo de 12 pessoas que foram escolhidas a dedo.

Talvez tenha sido a opressão que ele sofreu quando criança que fez o rei buscar um conforto na cultura ocidental. E quando Mohammed VI terminou o seu mestrado em direito público, ele foi estagiar na Comissão Europeia. Contudo, na época, ele frequentava muito mais os bares e as boates europeias.

Quando o pai de Mohammed VI faleceu, muitas pessoas acreditavam que ele seria um rei moderno no país. Assim, mesmo que ele tenha tornado mais fácil que as mulheres se divorciassem dos seus maridos, logo ele ficou mais envolvido com a política e acabou virando um rei mais autoritário.

Amizade com lutador

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O sumiço dele pode ter a ver com o lutador de MMA e o começo de tudo aconteceu em 2018. Nessa época, fotos foram divulgadas, nas quais o rei segurava o cinturão de Abu Azaitar, um kickboxer que já esteve preso na Alemanha. Desde essa época, a amizade entre os dois foi ficando cada vez mais forte, como era visto nos posts feitos no Instagram.

A amizade era tamanha que Azaitar e seus três irmãos eram considerados como treinadores especiais de Mohammed VI. Então, uma academia foi montada no palácio para que o rei, que estava acima do peso, tinha problemas pulmonares e sofria com asma, pudesse se exercitar. Com o passar do tempo, a aparência do rei melhorou bastante, no entanto, cada vez mais ele estava fora dos eventos oficiais.

Com essa mudanças do monarca, como uma forma de agradecimento, Azaitar e os irmãos tinham várias regalias e podiam fazer praticamente tudo dentro do palácio.

Ausência

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Claro que quando um monarca some do seu país essa ausência é sentida. E com relação ao rei do Marrocos isso não é diferente. O país está com uma situação instável, tendo cortes de energia e alimentos depois que a Ucrânia foi invadida. Além disso, a inflação do país disparou.

Por conta disso, milhares de pessoas foram }às ruas para protestarem contra o alto custo de vida. E mesmo com toda a situação explodindo no país, o rei e os amigos deixaram a nação e parecem não estar se importando com isso.

Por isso que a elite conservadora do Marrocos está tentando diminuir a influência que Azaitar tem no reinado de Mohammed VI, mas não foi bem sucedida. Com isso, mesmo que não seja defendida de forma aberta, a abdicação do rei tem sido cogitada. Se isso acontecer, quem assumirá o trono será o filho do rei, Hassan, de 19 anos, ou então o seu irmão mais novo, Rachid.

Fonte: The economist

Imagens: Mega curioso