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A Vara de Deus possui um nome com sentido bíblico, praticamente armagedônico, que não foi escolhido à toa, inclusive foi o objetivo da Força Aérea dos Estados Unidos.
A ideia surgiu de indagações bizarras, como quando perguntaram o que aconteceria se atingissem a Lua com uma bomba nuclear, justamente o tipo de pergunta que quase sempre colocou a potência à frente no campo de guerra.
Imagina agora se fosse possível, sempre que preciso, enviar um grande objeto para o espaço, fazê-lo orbitar a Terra e jogá-lo de volta à superfície em uma velocidade que resultaria no impacto e poder de uma bomba nuclear, mas sem a radiação, transformando o inimigo em uma imensa cratera.
Durante a Guerra Fria, em meados de 1950, em um dos períodos de maior temor da potência americana depois da catástrofe causada em Hiroshima e Nagasaki, essa ideia foi desenvolvida pelo especialista em armas espaciais Jerry Pournelle, enquanto trabalhava no ramo de operações da Boeing.
O seu sistema de armas, apelidado “Thor”, apesar de parecer insano, foi analisado com muita seriedade pela Força Aérea Americana.
O “poder de Deus”
Foto: Kerbal Space Program Forum/Reprodução
Com o fim da Corrida Espacial e a ratificação do Tratado do Espaço Exterior, em 1967, foi iniciado o desenvolvimento do conceito do Projeto Thor durante a Guerra da Coreia e do Vietnã. Nesse momento, os americanos utilizaram, em larga escala, os chamados “bombardeamentos cinéticos” por meio da bomba Lazy Dog.
Os dispositivos eram projéteis cinéticos em forma de bomba convencional, com aproximadamente 50 centímetros de diâmetro e 44 milímetros de comprimento, equipados com aletas (superfícies que se estendem de um objeto com o objetivo de aumentar sua troca térmica com o ambiente por meio de trocas de calor por convecção).
Os objetos poderiam atingir uma velocidade de 800 km/h, e penetravam até 22 centímetros de concreto depois de serem lançados a quase mil metros de um avião. O efeito provocado era o de uma metralhadora disparada na vertical, um conceito similar ao dos projéteis flechette utilizados desde a Primeira Guerra Mundial.
Esses bombardeamentos cinéticos não carregavam explosivos. O projétil deveria ganhar velocidade e energia, que seria gasta no impacto, depois de lançado. O conceito era o mesmo que atirar munições com as mãos em um alvo.
As Varas de Deus
Foto: Correio do Brazil
No entanto, em vez de pequenos projéteis, o Projeto Thor criaria um grande projétil de 6 metros de comprimento, 30 centímetros de diâmetro, com feixe de hastes de tungstênio do tamanho de postes de telefone. Esse projétil seria lançado em órbita para atingir uma velocidade até 10 vezes superior que a velocidade do som.
Essas “Varas de Deus”, como foram chamadas, penetrariam centenas de metros na terra, possuindo a capacidade de destruir até mesmo bunkers em locais secretos subterrâneos. Também vale destacar que o impacto de uma vara causaria uma explosão equivalente à magnitude de uma arma nuclear, levando somente minutos para destruir o alvo.
A estimativa é que o custo do empreendimento seria superior a US$ 230 milhões por haste lançada ao espaço, o que era algo inimaginável para o período da Guerra Fria. Anos depois, durante o governo de George Bush, foi considerado revisar as Varas de Deus, especialmente depois dos ataques de 11 de setembro.
As Varas de Deus foram consideradas imprevisíveis demais para serem adotadas, além de serem caras. Essa arma era complicada em diversos aspectos técnicos, como no aquecimento atmosférico quando entrasse na órbita da Terra, podendo derreter componentes não tungstênio do dispositivo.
No entanto, as armas hipersônicas não foram descartadas como o “futuro da guerra global”. Existem também diversas especulações que o Projeto Thor pode ser revisitado novamente, de maneira mais decisiva.
Fonte: Mega Curioso
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