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Vitrificação: pesquisadores realizam transplante de rim congelado de rato; técnica ainda é um desafio em seres humanos

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A vida é feita de ciclos, disso todos nós sabemos. No entanto, existem pessoas que não pensam exatamente assim e tentam as mais variadas formas de se tornarem imortais, sendo uma delas a criogenia, que é o congelamento do corpo. Contudo, um dos desafios principais sobre essa técnica é a preservação dos tecidos e órgãos.

Isso porque o objetivo é não deixar as células congeladas, mas vitrificadas. A diferença é que nesse segundo estado ela lembra o vidro, e evita que cristais de gelo, que têm o potencial de danificar as células, formem-se. Nesse ponto, no mês passado, novas descobertas acabaram empolgando os cientistas.

O feito foi que os pesquisadores da Universidade de Minnesota tiraram um rim de um rato e então colocaram uma mistura protetora para vitrificar o órgão. Eles o armazenaram durante três meses e depois fizeram um transplante para outro rato. O impressionante é que o transplante foi bem sucedido.

“Eles driblaram um dos principais problemas que a gente tem, que é o aquecimento, que é voltar esse material biológico à temperatura normal”, disse Leandro Godoy, professor de Zootecnia da UFRGS.

Técnica

Correio braziliense

Por mais que esse transplante com o rim congelado do rato tenha dado certo, no caso de um ser humano o desafio é gigantesco. Isso acontece por conta da diversidade de células, além da escala e complexidade dos órgãos e sistemas envolvidos. Além disso, o órgão do rato foi retirado do animal ainda vivo.

Embora hoje em dia trazer pessoas de volta à vida através da criogenia possa parecer impossível, isso pode se tornar realidade em dezenas, centenas, ou milhares de anos se algumas coisas forem conquistadas.

A primeira delas é conseguir descongelar, de forma segura, tanto os corpos como as cabeças que estão nos tanques. Também é preciso conseguir eliminar a ação tóxica dos preparos que substituíram o sangue, e claro, ter a cura da doença que levou a pessoa à morte.

Transplante

Globe news wire

No caso desse transplante do rato, o foco foi na criogenia e na possibilidade de trazer pessoas de volta à vida. Mas existem estudos também que usam órgãos de animais para salvar pessoas ainda vivas. Isso se chama xenotransplante, o transplante de células, tecidos ou órgãos de uma espécie para outra a fim de atender à demanda humana.

Em janeiro do ano passado aconteceu, pela segunda vez, um transplante de rim de um porco para um humano, e a primeira vez que o transplante foi feito envolvendo um órgão de grau clínico.

Os rins são os órgãos mais procurados para transplante. São mais de 800 mil pessoas vivendo com insuficiência renal, apenas nos EUA. Somente 25 mil transplantes são feitos por ano. Por conta disso que, há muito tempo, os pesquisadores trabalham para encontrar uma solução para esse problema. Desse modo, eles se voltaram para órgãos de animais, como o porco, para uma possível solução.

Graças a um trabalho árduo de anos e à doação do corpo do receptor do rim, James Parsons, do Alabama, existe a possibilidade de que os transplantes com órgãos de porco estejam mais perto de virar realidade.

“O conceito de poder ter um órgão esperando na prateleira, esperando pela pessoa que precisa dele, é simplesmente notável e emocionante para essa pessoa. Sinto-me realmente privilegiado por ser apenas uma pequena parte de um quebra-cabeça realmente grande no qual as pessoas trabalham há muitos anos”, disse o cirurgião-chefe Jayme Locke, da Universidade do Alabama, Birmingham (UAB).
Para que se chegasse a esse ponto foram necessárias décadas de progresso feito gradualmente. Uma das principais barreiras para que os xenotransplantes sejam bem-sucedidos é conseguir “enganar” o sistema imunológico humano para que ele aceite os tecidos estranhos no corpo.
Sabendo disso, os pesquisadores modificaram geneticamente os porcos para que eles não tivessem os antígenos. Além disso, também modificaram os genes para prevenir coágulos sanguíneos e outras reações imunes conhecidas.

Como resultado, o transplante provou que as modificações feitas eram suficientes para evitar que o corpo humano rejeitasse o órgão do porco a curto prazo. Além disso, os pesquisadores também confirmaram que o rim do porco conseguiria suportar a pressão arterial mais alta que os humanos têm.

“Todos nós da Revivicor estamos maravilhados com as conquistas históricas. Estamos confiantes de que este UKidney pode vir a ser uma solução para salvar a vida de milhares de pessoas em diálise, sujeita à conclusão bem-sucedida de nossos ensaios clínicos e à obtenção da aprovação da FDA nos próximos anos”, disse o engenheiro genético da UAB, David Ayares.

“Nosso sonho é que nenhuma outra pessoa morra esperando por um rim, e sabemos que Jim está muito orgulhoso de que sua morte possa trazer tanta esperança para os outros”, concluiu ele.

Fonte: G1, Science Alert

Imagens:  Globe news wire, Correio braziliense

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