Saúde

Você tem medo? Estudo identifica rota cerebral que leva a esse sentimento

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Graças às pesquisas avançadas, agora cientistas e médicos estão aprendendo mais sobre o caminho do medo. Ou seja, a rota cerebral que nos leva a ter esse sentimento.

Um estudo publicado na revista Science na quinta-feira, 14 de março, expõe que o sistema nervoso humano possui uma predisposição natural a sentir medo, como quando nos deparamos com ruídos estranhos no escuro ou quando um animal bravo se aproxima.

Esta reação ao medo funciona como um alerta para manter a pessoa em estado de vigilância, agindo como um mecanismo de defesa para evitar situações perigosas.

Contudo, quando o medo é desencadeado sem a presença de ameaças reais, pode comprometer o bem-estar do indivíduo.

Aqueles que experimentaram eventos traumáticos ou estresse significativo podem manifestar medo em situações que não representam uma ameaça concreta. Isso pode resultar em danos psicológicos de longo prazo, como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

TEPT

Via Adobe

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um distúrbio mental que pode se desenvolver em algumas pessoas após terem vivenciado ou testemunhado eventos traumáticos ou ameaçadores para a vida.

Estes eventos podem incluir, mas não se limitam a, situações de guerra, desastres naturais, acidentes graves, agressão sexual, violência física ou psicológica, entre outros.

Os sintomas do TEPT podem incluir flashbacks vívidos e intrusivos do evento traumático, pesadelos frequentes, evitação de situações que lembrem o trauma, sentimentos de entorpecimento emocional, hiperatividade do sistema nervoso autônomo, dificuldade para dormir, irritabilidade, problemas de concentração e hipervigilância.

O TEPT pode ser debilitante e interferir significativamente na vida diária da pessoa afetada.

O tratamento pode incluir psicoterapia, medicamentos e outras abordagens terapêuticas para ajudar a pessoa a lidar com os sintomas e a recuperar o funcionamento normal.

No entanto, ainda não se sabe, ao certo, o que leva a essas crises, ou como se origina essa condição. Por isso, a pesquisa, conduzida por neurobiólogos da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, buscou esse viés.

Ou seja, ignorando o sentimento de reação e sobrevivência, buscou entender o caminho do medo humano, identificando as alterações na bioquímica cerebral e mapeando os circuitos neurais responsáveis pelo medo generalizado. 

Caminho do medo

A equipe focalizou sua pesquisa na região do cérebro de camundongos conhecida como rafe dorsal, localizada no tronco cerebral.

A análise revelou que o estresse agudo provocava uma alteração nos sinais químicos dos neurônios, indo de neurotransmissores excitatórios, como o glutamato, para neurotransmissores inibitórios, como o GABA, desencadeando respostas de medo generalizado.

Os resultados fornecem insights valiosos sobre os mecanismos subjacentes à generalização do medo, afirma Nicholas C. Spitzer, membro do Departamento de Neurobiologia da Universidade da Califórnia em San Diego, em um comunicado.

Além disso, compreender esses processos em um nível molecular tão detalhado possibilita intervenções específicas para os mecanismos que impulsionam os distúrbios relacionados ao medo. Por isso, existe um interesse no caminho do medo, o que está ocorrendo e onde está ocorrendo.

Via Revista Galileu

Descobertas

A alteração nos neurotransmissores provocada pelo estresse foi identificada como uma forma de plasticidade cerebral.

Utilizando essa nova descoberta, os pesquisadores examinaram o cérebro de indivíduos com TEPT post-mortem e corroboraram uma mudança semelhante nos neurotransmissores, passando de glutamato para GABA.

Além disso, a equipe encontrou uma maneira de evitar o medo generalizado. Eles injetaram um vírus adeno-associado (AAV) na região do rafe dorsal dos camundongos, capaz de suprimir o gene responsável pela síntese de GABA.

Esse procedimento conseguiu prevenir que os animais desenvolvessem medo generalizado. Adicionalmente, após a exposição a um evento estressante, os ratos foram tratados com o antidepressivo fluoxetina.

Os pesquisadores também conseguiram mapear a localização dos neurônios capazes de realizar a troca de neurotransmissores e sua conexão com a amígdala central e o hipotálamo lateral, áreas cerebrais associadas a outras respostas de medo.

Compreendendo agora o cerne do mecanismo pelo qual o medo induzido pelo estresse ocorre e os circuitos que o executam, será possível direcionar intervenções de forma específica.

 

Fonte: Revista Galileu, Portal Drauzio Varella

Imagens: Adobe, Revista Galileu

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