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A história real que inspirou ‘Peaky Blinders’

peaky blinders
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A última sexta-feira (10) foi de fortes emoções para os fãs de Peaky Blinders, a série da Netflix que acompanha a realidade da organização criminosa inglesa Peaky Blinders durante o século 20.

A série britânica foi ao ar no canal BBC Two antes de entrar no catálogo brasileiro da Netflix, sendo que o canal é transmitido somente no Reino Unido. Então, os fãs brasileiros precisaram aguentar a ansiedade de ver os mais novos passos de Thommy Shelby e de sua família.

A série tem como protagonista Thommy, interpretado por Cilian Murphy. Assim, essa é a sexta e última temporada, alcançando um pico de tensões que culminam na finalização da história, revelando também quem traiu o personagem.

Dessa forma, embora a produção original já tenha se encerrado, o criador, Steven Knight, ofereceu esperanças para os amantes do universo dos Peaky Blinders. Isso porque ele já tem spin-offs em mente.

“Eu já tenho uma ideia totalmente formada para a conclusão da história, temos começo, meio e um fim adequado para aquilo que contamos até agora. Mas, a partir disso, haverá ganchos para outras histórias nesse universo, que podem se tornar outras séries de TV e eu espero que essas ideias saiam do papel”, revelou ele durante uma entrevista à revista Variety.”

Enquanto essas ideias não saem do papel, veja qual foi a inspiração real que deu origem à série Peaky Blinders.

Peaky Blinders

Reprodução/Netflix

Peaky Blinders já era uma série de sucesso da BBC, mas, no Brasil, ela ganhou o patamar de memeficação, uma vez que Thomas Shelby virou o rosto do meme “frio e calculista”. No entanto, a série criada por Steven Knight não é algo totalmente do mundo da ficção.

Sendo assim, ela se passa em 1919, na cidade tomada pela corrupção e pela miséria de Birmingham, na Inglaterra, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial. Nesse cenário, conhecemos a história da gang dos Peaky Blinders, formada por líderes de grupos de apostas e crimes gerais, sendo esses que dominam as favelas de Birmingham.

Dessa forma, a história se baseia numa gangue que realmente existiu e foi documentada, de mesmo nome de Peaky Blinders. Porém, a história real do bando não serviu de base para a série de Knight.

Em entrevista ao History Extra, Knight explicou que baseou sua série numa história que seu avô contou para seu pai, que contou para ele, ainda criança.

“O pai dele [avô de Knight] deu um recado para ele e disse: ‘Vai e entrega isso para seus tios’. Meu pai bateu na porta e viu uma mesa com oito homens vestidos de maneira imaculada, usando boina e com armas no bolso. A mesa estava coberta de dinheiro. Só com aquela imagem — de fumaça, bebida e os homens bem vestidos na favela de Birmingham — pensei, ‘essa é a mitologia, essa é a história, e essa é a primeira imagem que preciso trabalhar’”, declarou.

Os homens que o pai de Knight encontrou eram, provavelmente, os Peaky Blinders de verdade, que eram diferentes daqueles da série. Isso porque a gangue, diferente da produção, não nasceu após a Primeira Guerra Mundial e sim algumas décadas antes, nos anos de 1890.

Gangue real

O historiador Carl Chinn contou ao Birmingham Mail que a influência dos Peaky Blinders caiu quando a série iniciou a história, em 1910, com o começo da guerra. Além disso, os gangsters reais não eram uma organização criminosa tão grande e milionária como são na série. Também não eram fortes o suficientes para controlar a Inglaterra, sendo isso um elemento totalmente ficcional.

Desse modo, os Peaky Blinders verdadeiros eram formados, em sua maioria, por homens de classe baixa, trabalhadores que moravam em bairros com muita violência e que tinham entre 12 e 30 anos. O que destacava os integrantes da gangue dos demais eram suas vestimentas.

“Peaky” era uma referência às boinas distintas que os membros usavam, que tinham vuelos e pareciam ser afiados. Já o “Blinder” é uma gíria presente até hoje que significa uma pessoa que se veste de forma elegante, arrumada e respeitosa.

Cuidado ao passar

Wikimedia Commons

Philip Gooderson explicou como seria um típico peaky blinder em sua obra The Gangs of Birmingham (As gangues de Birmingham, em tradução livre). “Tinha orgulho da aparência e vestia-se com habilidade. Usava calças boca de sino, botas com ponteiras de metal, um cachecol colorido e um chapéu pontudo com uma aba alongada. [O cabelo era] curto por toda a cabeça, exceto por uma parte na frente que era mais comprida e penteada na testa.”

Por conta desses trajes padronizados, os membros eram facilmente reconhecidos tanto pelos cidadãos, pela polícia e pelas gangues rivais. Portanto, tinham que estar em constante estado de alerta, mantendo também uma postura agressiva e empoderada para evitar perturbações.

“Não importa em que parte da cidade você ande, gangues de ‘peaky blinders’ são vistas, e constantemente não pensam duas vezes para insultarem quem passa, seja homem, mulher ou criança”, descreveu uma carta anônima enviada ao Birmingham Daily Mail, em julho de 1898.

A historiadora Heather Shor, da University of Leeds, afirma que os Peaky Blinders estavam mais focados em brigas de rua, roubo e extorsão, incluindo esquemas de proteção, fraude, grilagem de terras, contrabando, sequestro e apostas ilegais.

Nas lutas, usavam cintos com fivelas pesadas, bengalas e barras de ferro, e canivetes, além das ponteiras de ferro de suas botas para chutar. Sendo assim, o Museu Policial West Midland em Birmingham exibe uma coleção de 6 mil fotos dos membros dos Peaky Blinders com fichas de identificação e seus crimes.

Fonte: Aventuras na História

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