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A tecnologia ”milagrosa” que resfria os estádios do Catar

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Dentre as coisas que estão chamando atenção na Copa do Mundo 2022, uma delas é o investimento em inovação que foi pensado para esse evento, e o ar-condicionado nos estádios de futebol é um exemplo disso. Claro que isso é um dos pontos cruciais por conta das altas temperaturas do país sede do torneio.

No Catar, sete dos oito estádios são equipados com ar-condicionado. Isso foi um dos pontos que fez com que o país pudesse sediar a Copa do Mundo desse ano, já que as temperaturas do verão podem chegar a 45°C ou 50°C. Segundo Michel D’Hooghe, um ex-membro belga do comitê executivo da FIFA, seus colegas viram essa tecnologia como uma “solução milagrosa”.

De acordo com Saud Abdul Ghani, o engenheiro que desenvolveu a tecnologia, ela é uma “bolha microclimática controlada”. A tecnologia envolve cada pessoa no estádio, isso porque são colocados bicos embaixo dos assentos, e também cobre o campo com saídas de ar ao seu redor.

Ar-condicionado

R7

Esse “resfriamento direcionado” e os esforços de isolamento, como fachadas e telhados refletivos, não são a única coisa implementada. Também existe uma operação de circuito quase fechado. Nela, o ar quente é aspirado até metade das arquibancadas e enviado de volta para as plantas de resfriamento subterrâneas. Tudo isso faz com que se tenha um armazenamento térmico que evita os picos de consumo durante o dia.

Além disso, esse sistema otimiza a injeção de ar resfriado, que é previamente desumidificado e purificado. Ele resfria somente determinadas áreas se for necessário. E também só é ligado duas horas antes do jogo começar.

“A climatização de um espaço aberto implica uma perda inevitável. É a pertinência da utilização que se deve questionar. Com o argumento de que estas tecnologias existem e são dominadas, deveriam ser utilizadas de forma sustentável, com um custo de materiais muito elevado e energia?”, disse Morgane Colombert, doutora em engenharia urbana no Lab’Urba da Universidade Gustave-Eiffel.

As unidades de ar-condicionado podem ser ligadas a equipamentos ou edifícios vizinhos. No caso do resfriamento distrital feito em larga escala nos bairros de West Bay e The Pearl, em Doha, capital do Catar, ele usa entre 40% e 80% menos eletricidade do que as unidades individuais. “Uma rede de resfriamento geralmente é mais eficiente e evita o agravamento do problema ao rejeitar o calor do lado de fora”, disse Colombert.

Catar

R7

Contudo, de acordo com os organizadores do Catar, esse ar-condicionado irá representar somente 20% do consumo anual de eletricidade dos estádios. “Os estádios poderão ser usados ​​24 horas por dia, sete dias por semana, durante todo o ano”, disse Ghani.

As autoridades do Catar não disseram qual foi o custo dessa tecnologia. Contudo, em 2019, Ghani deu uma entrevista ao The Guardian e disse que dobrou ou triplicou o orçamento de construção. Mesmo assim, na visão do engenheiro, essa tecnologia, que não é patenteada, irá permitir que outros países façam o mesmo.

“O estádio climatizado é certamente um belo objeto técnico e tecnológico. É interessante experimentar, mas a energia utilizada para ar condicionado nesses países já é fenomenal, e deveríamos temer a sistematização desses processos”, pontuou Colombert.

Além dos estádios, outros espaços livres são esfriados em Doha, como por exemplo, o shopping Katara Plaza e algumas ruas do souk Waqif.

Necessidade

Engenharia 360

O ar-condicionado no Golfo é uma necessidade, mas também é um sumidouro de energia. De acordo com a empresa nacional de eletricidade Kahramaa, em 2020, entre 60% e 70% da eletricidade produzida no Catar é dedicada ao ar-condicionado.

Em 2019, ela veio quase que 100% de combustíveis fósseis. Segundo a Agência Internacional de Energia, o gás natural representou 92,4% e o petróleo 7,6%. Agora, a usina solar gigante de Al Kharsaah, inaugurada em 18 de outubro, é a que abastece alguns estádios, e ela deverá suprir 10% do consumo de eletricidade do país.

Mesmo que o ar-condicionado dos estádios corresponda a uma fração pequena das emissões de carbono, as críticas estão direcionadas à aplicação de recursos para sete estádios destinados a quatro semanas de competição.

Fonte: Le monde

Imagens: R7, Engenharia 360

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