Curiosidades

A vaca transgênica

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As pessoas que não são ligadas à fazenda, ou não mexem com animais, não sabem algumas coisas que acontecem todos os dias nesses lugares, como por exemplo, a chamada mocha ou mochamento da vaca.

Esse processo é feito com álcool, seringa, tesoura, facão e um martelo de ferro em forma de T. Com a tesoura, os homens aparam os pelos em volta dos dois pontos onde estão nascendo o chifre do animal. Então, eles injetam uma anestesia no local segurando a vaca firmemente, que pode dar um pulo e se contorcer de dor. Quando o chifre é decepado, um martelo em brasa cauteriza a ferida. Ao final do processo é aplicado um spray cicatrizante no crânio ainda quente.

A vaca sente a dor dessa ferida por dias, semanas ou até mesmo meses. Todo esse processo parece e é bem doloroso. E se existisse uma foram menos cruel e mais tecnológica? Em 2015, a empresa de biotecnologia Recombinetics anunciou o nascimento de Buri. Ele foi o primeiro boi sem chifres desenvolvido por edição genética. O DNA do animal foi mudado para que ele não tivesse chifres, já que essa é uma característica transferida aos descentes.

O objetivo era usar o sêmen de machos editados geneticamente, assim como Buri, para conseguir rebanhos de vacas leiteiras sem chifres. Esse boi era malhado em preto e branco, do mesmo jeito que uma vaca Holstein, mas sua cabeça era lisa como a da raça Angus, que é mocha.

Em dois anos a empresa conseguiu o que os pecuaristas levariam décadas em um processo natural de cruzamento. Essa nova tecnologia acabaria com o sofrimento animal sem diminuir a produção de leite.

Transgênico

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Isso foi possível graças ao chamado “alelo Céltico”, que é um gene que faz as vacas Angus não terem chifres. Ele foi colocado, de forma precisa, em um determinado trecho do DNA de Buri.

“Nós sabemos onde o gene deve ir, e o colocamos em seu lugar exato. Temos todos os dados científicos provando que não há efeitos fora do alvo”, disse Tammy Lee Stanoch, o CEO da Recombinetics, em 2017.

Nesse ano começou uma nova fase na agropecuária, a era dos bovinos geneticamente modificados. Em novembro de 2018, o sêmen do Buri foi liberado para ser usado no Brasil. Mas no primeiro semestre de 2019, tudo mudou.

De acordo com uma descoberta feita, Buri era problemático e tinha DNA de uma bactéria misturado ao seu DNA bovino. Além disso, as células carregavam genes de resistência a antibióticos.

Por mais que essa inserção genética fosse minúscula, ela já era suficiente para colocar um rótulo de altamente indesejável nesses animais transgênicos que tinham DNA de outra espécie, no caso uma bactéria, em seu genoma.

E o estudo feito pela FDA mostrou que os genes herdados por Buri foram os que deram às bactérias sua característica mais preocupante, a resistência a antibióticos.

“Dos dois genes de resistência a antibióticos encontrados pela FDA, um confere resistência a neomicina e canamicina e o outro, resistência a ampicilina”, escreveram os cientistas americanos Jonathan Latham e Allison Wilson em um artigo sobre o caso.

Na visão deles, esses genes em Buri levantava questões de biossegurança. “Isso porque todas as células do animal também contêm os genes de resistência, permitindo que eles sejam facilmente transferidos para bactérias”, pontuaram eles.

Como o boi estava envolvido em uma história envolvendo bactérias, política e negócios, ele acabou sendo sacrificado. Seus cinco filhos machos também tiveram o mesmo destino. Apenas uma vaca sobrou e foi batizada de #1.

Editar o DNA de uma vaca

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Todo esse processo foi feito com o objetivo de criar uma vaca que desse muito leite, assim como a raça Holstein, mas que não tivesse chifres, como a raça Angus. Para essa criação é preciso seguir um processo.

1° – Extrair algumas células da vaca Holstein.

2° – Injetar nelas uma enzima projetada para cortar um trecho específico do DNA da vaca.

3° – Nesse trecho, inserir um pedaço de DNA das vacas Angus.

4° – Retirar o núcleo da célula e inserir em um óvulo. Depois deixar as células multiplicarem e formarem embriões.

5° – Selecionar um embrião macho e implantar no útero de uma vaca. Assim nascerá um bezerro híbrido de Holstein e Angus.

6° – Use o sêmen desse animal para fertilizar outras vacas que irão das à luz um rebanho de bezerras híbridas.

Fonte: Superinteressante

Imagens: Superinteressante

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