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Além do corpo, anabolizantes afetam também a saúde mental

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Que os exercícios físicos fazem bem à saúde todos sabem. Contudo, em vários casos, as pessoas que praticam essa atividade tomam algum suplemento para ter uma melhora ou dar uma acelerada nos ganhos. Contudo, às vezes, as pessoas podem procurar mais do que somente os suplementos e começarem a usar anabolizantes nessa busca pelo corpo perfeito.

Essa é uma realidade vista principalmente entre os jovens que sentem uma pressão para se adequarem aos padrões, e isso pode acabar fazendo com que eles procurem caminhos que não fazem bem para a saúde física e mental.

Esse foi o caso de Robson Silva, de 42 anos, e seus amigos de Santo André, José Freire, 42, e Helder Nunes, 39, todos personal trainers. De acordo com os três, quando eles estavam por volta dos 18 e 20 anos, eles foram incentivados a usar anabolizantes para conseguirem alcançar um físico musculoso.

Anabolizantes, uso e problemas

Rafael Figueiredo

“No meu caso, eu era muito magro, pesava 55 kg para os meus 1,76 m de altura. Queria ficar forte, comia muito, mas meu corpo não mudava em nada. De tanto rirem da minha magreza na academia, acabei aceitando o conselho para usar esteroides, que mantive por cerca de uns cinco anos”, contou Robson.

O que muitas pessoas não sabem é que além dos prejuízos físicos, algumas pessoas que usam anabolizantes também podem ter efeitos colaterais em seu psicológico porque essas drogas afetam o cérebro.

“São sintomas comuns impulsividade, intolerância, mudança de humor súbita, ciúme patológico, delírios. Se já houver tendência ou transtorno de base, pode piorar muito”, afirmou Vanessa Greghi, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria Paulista.

“Com o passar do tempo, pessoas ao meu redor notaram que eu fiquei mais agressivo”, disse José.

“Passei a ter reações totalmente anormais, como ficar irritado e discutir no trânsito. Também ansiedade, não parava quieto”, pontuou Robson.

Usar hormônios, como a testosterona, de forma excessiva e sem recomendação é bastante perigoso, principalmente para adolescentes. “É que amadurecer com foco na imagem facilita transtornos, como vigorexia (busca incessante por um corpo perfeito) e dismórfico corporal (distorção em que se enxerga fraco). Além de distúrbios alimentares, baixa autoestima e uso de drogas ilícitas”, explicou a psiquiatra e professora Raquel Cordeiro, do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê).

No nosso país, os anabolizantes são bem conhecidos entre as pessoas que fazem musculação como “bombas” ou “suco”, fazendo uma referência às suas fórmulas que são fortificantes. Mesmo existindo vários tipos, o mais comum são os hormônios sintéticos. “Derivados de testosterona e somatotropina, ou hormônio do crescimento (GH)”, disse Alex Meller, urologista e professor na Escola Paulista de Medicina (Unifesp).

Elas têm uma capacidade de estimular a produção de novas fibras musculares e melhorar a resistência e força da pessoa. Por conta disso eles são usados de forma indevida pelos entusiastas do fisiculturismo. “Usava doses baixas, mas por longos períodos, até que comecei a ter problemas, como diminuição da produção da testosterona normal, pelo organismo, e ginecomastia, aumento das mamas”, contou Helder.

Como dito, esse uso de anabolizantes para fins estéticos pode resultar em consequências graves para a saúde, como por exemplo, mudanças cardíacas, intoxicação, aumento do risco de doenças crônicas, infertilidade irreversível, que afeta até 20% dos homens que usam os anabolizantes por mais de dois anos.

Começou a usar? Não pare sozinho

Sociedade brasileira de medicina do exercício e do esporte

As pessoas que usavam anabolizantes e interrompem o uso por conta própria podem enfrentar um outro desafio: os efeitos da abstinência. Esses sintomas podem variar e podem ser mais graves nas pessoas que usavam grandes quantidades por muito tempo.

Dentre os três personal trainers que usavam anabolizantes, Helder foi o único que procurou uma ajuda médica. “Fui parar e tive queda da libido, fraqueza, perda de peso. Precisei de medicamentos para me estabilizar”, contou.

“A descontinuação abrupta de um anabolizante pode levar ainda a alterações no sono e cefaleia”, disse a psiquiatra Raquel Cordeiro. Além disso, em casos graves, pode acontecer depressão, ideias suicidas e um colapso no organismo. Por conta disso que a psiquiatra recomenda que a pessoa procure um profissional de saúde para fazer essa descontinuação de maneira segura. E ter um acompanhamento psicoterápico pode ajudar no trabalho com o mental e emocional, além de evitar a dependência.

“Hoje, compreendo que saúde é mais importante que estética e que o processo para chegar ao objetivo é mais importante que o próprio objetivo”, disse José, e Robson e Helder concordam.

Os três personal trainers recomendam que as pessoas que estiverem insatisfeitas com seus corpos façam exercícios de forma regular, tenham paciência, façam uma dieta saudável, descansem e tenham cuidado com promessas de resultados rápidos sem esforço nenhum.

Fonte: VivaBem

Imagens: Rafael Figueiredo, Sociedade brasileira de medicina do exercício e do esporte

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