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Árvores indicam que mundo não esteve tão quente assim em 1,2 mil anos

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Grandes e robustas, as árvores nunca são pensadas de maneira diferente do senso comum, ou seja, um bom lugar para fazer sombra e, às vezes, render alguns frutos para o consumo. Mas elas, que muitas vezes são vistas só como parte de uma paisagem maior, têm suas peculiaridades. E são muitas.

Somos ensinados, desde sempre, que as árvores são extremamente importantes para o nosso planeta. São imprescindíveis para a vida na Terra, ainda mais agora que estamos passando por mudanças climáticas profundas por conta do descaso com a natureza.

E elas podem funcionar como verdadeiras capsulas do tempo, já que mostram em seus anéis as mudanças de temperatura que a Terra enfrentou. Por isso que uma equipe internacional de pesquisadores fizeram várias análises nas madeiras de 188 pinheiros, vivos e mortos, da espécie Pinus sylvestris na Suécia e na Finlândia. O objetivo deles era entender as temperaturas do planeta nos últimos séculos.

Além das árvores, os pesquisadores também usaram fósseis de madeira em lagos e montanhas, o que fez com que as amostras cobrissem um período de 1.170 anos. O objetivo dos pesquisadores era fazer a análise até a Idade Média porque a época medieval e os séculos seguintes tiveram uma turbulência tanto social como climática.

Essa época também teve uma “pequena Idade do Gelo” e também o oposto disso chamado “Anomalia do Clima Medieval”, momento que pode ter sido extraordinariamente quente.

As temperaturas que aconteceram podem ser reconstruídas nos anéis das árvores. E como as temperaturas medievais são retratadas como sendo bem mais altas do que as vistas hoje em dia, isso sempre foi um enigma. Até porque, de acordo com os pesquisadores, não existe uma explicação física conhecida para esse calor medieval.

Anéis das árvores

Galileu

O estudo foi publicado no começo do mês da revista Nature e teve como base um método que consiste em medir, de forma direta, a espessura da parede celular dos anéis que crescem no tronco das árvores anualmente.

“Cada célula individual em cada anel de árvore registra informações climáticas sob as quais foi formada. Ao analisar centenas, às vezes milhares de células por anel, informações climáticas extraordinárias e puras podem ser obtidas”, explicou Jesper Björklund, autor principal do estudo.

Com essas medições feitas, os pesquisadores fizeram uma estimativa das temperaturas de verão na região nórdica no último milênio. Então, eles fizeram uma comparação com as simulações de modelo do clima regional e com reconstruções que tinham sido feitas anteriormente baseadas na densidade dos anéis anuais.

Como resultado, eles viram que as temperaturas dos modelos e as novas séries temporais estavam de acordo uma com a outra. “Isso significa que agora existem dois relatos independentes do clima regional que encontram temperaturas mais baixas durante o Medieval, fornecendo novas evidências de que essa fase não foi tão quente quanto se pensava”, concluiu Björklund.

Importância

Ibama

Um dos motivos para as árvores serem tão importantes é que consomem e armazenam carbono da atmosfera em sua madeira. Mas e quando uma árvore morre, o que acontece?

Essa pergunta é tão complexa que até os dias de hoje não se entende bem como todo o processo acontece. A madeira morta, que é composta por árvores caídas, árvores mortas em pé e troncos e galhos caídos, atualmente tem aproximadamente 8% de todo o carbono que já está na atmosfera.

Contudo, o quadro completo que a madeira em decomposição tem no ciclo global do carbono é difícil de se estimar. Por conta disso, vários experimentos novos estão sendo feitos para colocar um número nessa parte que é tão importante no ciclo de carbono do nosso planeta. Eles sugerem que os insetos têm um papel invisível, mas muito importante.

Os estudiosos acreditam que anualmente cerca de 10,9 giga toneladas de carbono são liberadas de matéria lenhosa em decomposição ao redor do mundo. Isso é o equivalente a 115% das emissões anuais de combustíveis fósseis, e um quarto do carbono liberado dos solos todos os anos.

Entretanto, isso também é uma parte natural da renovação da floresta, já que a decomposição é uma parte crucial do ciclo de vida da floresta. Mais de 90% dessas emissões vêm da desintegração da madeira nos trópicos. E quase 30% são liberadas pelos insetos em decomposição.

“Até agora, pouco se sabia sobre o papel das árvores mortas. Sabemos que as árvores vivas desempenham um papel vital na observação do dióxido de carbono na atmosfera. Mas até agora, não sabíamos o que acontece quando essas árvores se decompõem. Acontece que isso tem um impacto enorme”, disse o ecologista e biólogo conservacionista David Lindenmayer, da Australian National University (ANU).

Claro que nem todo o carbono que é liberado pela madeira morta vai direto para a atmosfera. Um pouco fica preso no solo ou em criaturas que usam a madeira como alimento ou abrigo

De acordo com um estudo feito no começo de 2021, descobriu-se que as árvores mortas em pé podem não estar emitindo tantos gases de efeito estufa por conta própria quanto o solo. E essas árvores podem, na realidade, agir como palha e sugar carbono ou metano do solo e os emitindo na atmosfera.

A velocidade com a qual a madeira morta vai se decompor depende principalmente das interações entre o clima local e a atividade dos decompositores, como por exemplo, os fungos, micro-organismos e insetos.

Os pesquisadores viram que a mudança climática pode aumentar a decomposição da madeira nas regiões tropicais e subtropicais conforme as temperaturas vão subindo. Isso, desde que ainda tenha umidade nessas regiões. E nas áreas secas, a decomposição da madeira provavelmente irá diminuir, mesmo se as temperaturas forem altas.

A conclusão que se chegou foi que as florestas temperadas e boreais mais ao norte representam menos de 7% do carbono liberado da madeira morta anualmente. O resto vem dos trópicos. Os pesquisadores descobriram que nesses lugares a precipitação e os insetos chatos de madeira juntos têm um papel bem crítico na reciclagem das árvores mortas.

Fonte: Galileu, Science alert

Imagens: Galileu, Ibama

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