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Barbeiro corta cabelo de crianças autistas e faz sucesso nas redes

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o autismo se refere a várias condições que são caracterizadas por algum grau de comprometimento na comunicação, linguagem e comportamento social. Os sinais do autismo podem ser percebidos ainda na infância e, normalmente, podem dificultar atividades tidas como “simples”, como por exemplo, cortar o cabelo. Felizmente, profissionais pensam sobre isso, tanto que esse barbeiro ficou conhecido por seu atendimento humanizado para crianças com autismo.

Recentemente, o barbeiro Carlos Henrique Camilo, mais conhecido como Mallas, de 29 anos, fez muito sucesso nas redes sociais com o vídeo de ele atendendo o pequeno Theo. O vídeo tem mais de 19,4 milhões de visualizações e mostra o barbeiro cortando o cabelo do menino de uma forma humanizada e recebendo um abraço da criança no final.

“A humanização começa em identificar as necessidades da criança, em respeitar os limites e espaço dela, em não ter pressa e não querer impor o que acho”, disse Mallas.

Muitas pessoas podem nem pensar nisso, já que para elas cortar o cabelo é uma coisa normal. Contudo, para as crianças autistas e para suas famílias esse momento pode ser bastante estressante. Isso porque o ato de cortar o cabelo envolve várias questões sensoriais que podem acabar desorganizando a criança. Tal fato pode ser doloroso e aversivo para a criança, como aponta Ellen Mendes, terapeuta ocupacional que atua na área de desenvolvimento infantil, síndromes, distúrbios comportamentais e transtorno do espectro autista na clínica Emedi, em Belém, no Pará.

Barbeiro

Com relação a Mallas, as primeiras vezes que o barbeiro cortou o cabelo de crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) ele não sabia da condição delas e nem ao menos o que era autismo. Mesmo assim, a forma como Mallas tratou as crianças foi bem recebida pelos pais. Então, eles começaram a divulgar o trabalho do barbeiro.

Consequentemente, a demanda de Mallas aumentou e ele foi pesquisar a respeito do autismo e começou a estudar os seus atendimentos para ver o que estava funcionando e o que não, de acordo com cada criança. Com isso, ele foi criando estratégias e testando coisas novas.

Claro que para fazer um atendimento não existe uma fórmula mágica. Contudo, conforme explica Luciana Garcia de Lima, neuropsicóloga e psicopedagoga, o profissional tem que estar preparado e saber o que a criança gosta e o que não gosta, além de entender se ela usa uma linguagem verbal ou algum outro tipo de comunicação, se tem alguma alteração sensorial e, nesse caso em específico, se ela já cortou o cabelo antes e como foram as experiências passadas.

“Além disso, o cabeleireiro precisa ser paciente, estar disponível e se envolver de forma lúdica com a criança, para que ela ganhe sua confiança e o veja como um amigo e não como uma ameaça”, pontuou Mendes.

Um caso assim aconteceu com Artur, de três anos. O menino teve uma crise de choro quando chegou no barbeiro por conta das suas experiências ruins anteriores.

“Saí do salão por alguns minutos e os deixei lá para ele se acalmar e se familiarizar com o ambiente. Depois enfileirei os carrinhos por cor que nem ele estava fazendo, ele até se aproximou, mas voltou a chorar quando mexi no cabelo dele. Demorei duas horas nesse atendimento, mas preferi não cortar o cabelo e pedi para os pais para retornarem posteriormente, porque tinha observado algumas coisas importantes. Na semana seguinte, eles voltaram e atingi o objetivo. A paciência é minha grande aliada”, lembrou Mallas.

Estratégias

VivaBem

Como dito, não existe uma fórmula mágica. Por isso que Mallas foi tentando e tendo erros e acertos até conseguir ter algumas estratégias. Uma delas é ligar o ventilador pra que o barulho da maquininha seja diminuído, outra é esconder a maquininha atrás de um urso de pelúcia. Além dessas, ele ou umedece sua mão com água ou dá o borrifador para a criança para que ela própria jogue água em seu cabelo.

O barbeiro também liga a televisão e algum desenho ou vídeo que a criança goste. Ele também senta e gira a cadeira por alguns segundos para mostrar para a criança que nada de ruim irá acontecer quando isso acontecer. Mesmo assim, normalmente, Mallas corta o cabelo das crianças no chão, no sofá, no carrinho, ou então correndo atrás delas. “Fica cabelo espalhado pelo salão todo, o corpo cansa, mas a sensação é boa”, pontuou ele.

A única regra que Mallas tem é que ele não corta o cabelo das crianças as segurando à força e nem permite que os pais o façam. “Às vezes, alguns pais ficam impacientes e propõem isso, mas não trabalho desta forma. Com pressão e sem paciência nada dá certo. A gente não pode traumatizar a criança, mas fazer com que ela perca o medo de cortar o cabelo e que aquele momento seja agradável para ela”, disse ele.

Serviço gratuito

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O salão do barbeiro fica em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. Mallas trabalha sozinho há sete anos e desde o dia 1° de janeiro desse ano ele não cobra pelo corte em crianças autistas e tem as terças fechadas exclusivamente para esse público, mesmo atendendo também nos outros dias junto com os demais clientes.

“Esse é o meu propósito, o pouco que tenho a oferecer, ou seja, o meu dom de cortar cabelo, pode ajudar outras pessoas e fazer diferença na vida delas”, disse.

“Me solidarizo com o sofrimento das famílias. Minha recompensa é o sorriso e a alegria delas no final de cada atendimento. A inclusão é uma palavra bonita, mas pouco praticada. Espero que com o meu trabalho possa inspirar outros colegas para que tenhamos mais profissionais habilitados a cortar o cabelo de crianças autistas”, concluiu ele.

Fonte: VivaBem

Imagens: VivaBem, Instagram

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