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Cantora pop da Turquia é presa ao fazer piada com escolas religiosas

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A cantora turca Gulsen foi presa na quinta-feira passada (25), acusada de incitar ódio por uma piada que ela fez sobre escolas religiosas. Na ocasião, durante um show em abril, a cantora pop brincou que a “perversão” de um integrante de sua banda era causada pelo fato dele ter sido estudante de uma dessas escolas.

A fala de Gulsen é de alguns meses, mas elas viralizaram recentente, fazendo com que ela fosse alvo de conservadores. Estes conservadores pró-governo turco consideraram as falas como insolentes. Já as vozes mais liberais do país, assim como opositores, acharam a prisão desproporcional e motivada pelos planos de reeleição do presidente Recep Tayyip Erdogan no ano que vem.

Antes de ser presa, Gulsen, de 46 anos, considerada a “Madonna da Turquia” pediu desculpas nas mídias sociais pela sua fala. Assim, ela sugeriu que suas palavras foram aproveitadas por aqueles que visam “polarizar a sociedade”.

Além disso, Gulsen escreveu que defende a “liberdade de expressão” e que fez uma “brincadeira entre colegas”. Porém, pediu desculpas “a todos que se sentiram ofendidos”. Agora, a cantora está detida, aguardando o julgamento.

Desse modo, o presidente Erdogan, cujo partido Justiça e Desenvolvimento (AK) chegou ao poder há cerca de duas décadas, estudou em uma dessas escolas religiosas Imam Hatip. Além dele, muitos outros membros do governo frequentaram essas instituições de ensino.

País dividido

A cantora de pop, Gulsen Colakoglu, já recebeu críticas por conta de suas roupas e pelo apoio aos direitos de pessoas LGBTQIA+. Também a prisão de Gulsen ocorre em um contexto em que turcos debatem as intervenções do AK no estilo de vida da população e ao banimento de vários festivais de música no país.

Feyza Altun, advogada, afirma que a decisão “não tem razão legal” e argumentou que Gulsen foi presa por conta das roupas que usa no palco, sua “atitude desafiadora” e seu apoio a pessoas LGBTQIA+.

Entre aqueles que se sentiram ofendidos, está a jornalista Nihal Bengisu Karaca. No entanto, ela também criticou a prisão. “Também sou formada em uma escola secundária religiosa”, disse Karaca. “Também fui ferida pelo insulto de Gulsen. Eu mostrei minha reação escrevendo um artigo… Mas por que Gulsen está sendo presa? Qual é o objetivo aqui?”.

Já o jornal pró-governo Yeni Safak publicou como manchete: “O palhaço passou dos limites”. O colunista Fuat Ugur também afirmou: “Chamar alguém de uma escola, de um time de futebol ou de uma etnia de ‘pervertido’ é um crime de ódio”.

Liberdade de imprensa na Turquia

Em 2017, a Turquia foi o país com mais registros de prisões de repórteres pelo trabalho. Apesar de ter passado por um breve período de melhoria, o governo voltou, em 2022, a praticar uma nova onda de prisões em massa contra repórteres e criminalizou o jornalismo com novas leis. Isso tudo antes das eleições nas quais Erdogan busca se reeleger.

Além da criminalização em curso do jornalismo, os profissionais na Turquia enfrentam diversos ataques, físicos e on-line, multas administrativas abusivas por reportagens críticas, processos estratégicos privados e governamentais. Além disso, há insuficiência de recursos financeiros e tecnológicos, baixa confiança pública e o viés algoritmo das plataformas digitais que impulsionam os meios de comunicação que são pró-governo.

Portanto, diante desse cenário, o efeito espalha a autocensura, criando uma percepção de que o jornalismo independente na Turquia já não é mais possível. No entanto, muitos jornalistas independentes persistem com a missão de sustentar a liberdade de imprensa, apesar das dificuldades políticas, sociais e tecnológicas.

Embora a grande mídia seja dominada por Erdogan e seus aliados, ainda existem vozes independentes em vários meios e formatos que buscam se fazer presentes no país.

Fonte: G1

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