Você, provavelmente, já se estressou alguma vez na vida. Se você acha que não, talvez, tenha se estressado sem saber o que é de fato isso. O estresse é uma resposta física do nosso organismo a um estímulo. Quando nos estressamos, o nosso corpo entende que está sob ataque. Assim, muda para o modo “lutar ou fugir”. Ele libera uma mistura complexa de hormônios e substâncias químicas. Essas são: adrenalina, cortisol e norepinefrina, o que prepara o corpo para a ação física.
Os fatores que podem causar o estresse são os mais variados. Mas um deles pode não ser tão lembrado pelas pessoas. Existem aqueles que já se arrepiam de ouvir alguém falar “seje menas”, e isso é uma coisa super normal. Tanto é que um estudo mostrou que escutar erros gramaticais faz com que o corpo entre em um estado de estresse.
O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. Nele, eles encontraram uma correlação direta entre os erros gramaticais e a variação da frequência cardíaca das pessoas que participaram do estudo.
Erros gramaticais
De acordo com um comunicado da instituição, a duração dos intervalos entre os batimentos cardíacos sucessivos de uma pessoa tem a tendência de serem variáveis quando ela está relaxada, mas quando a pessoa está estressada eles ficam regulares.
O novo estudo mostra uma diminuição estatisticamente significativa nessa variabilidade como resposta aos erros gramaticais. Outro ponto visto pelos pesquisadores foi que, quanto mais erros uma pessoa escuta, mais os batimentos cardíacos ficam regulares, ou seja, isso é um sinal de estresse.
“O sistema nervoso simpático ativa a resposta de ‘lutar ou fugir’ durante uma ameaça ou perigo percebido, enquanto o sistema nervoso parassimpático controla as funções de ‘descansar e digerir’ ou ‘alimentar e procriar’ do corpo. As nossas descobertas mostram que este sistema também responde às exigências cognitivas, e isto sugere que o esforço cognitivo reverbera através do sistema fisiológico de mais maneiras do que se pensava anteriormente”, afirmou a pesquisadora responsável pelo estudo Dagmar Divjak.
Os pesquisadores dizem que os resultados do estudo dão foco para uma nova dimensão da relação entre a cognição e o fisiológico.
“O estudo fornece um novo método para explorar aspectos da cognição que não podemos observar diretamente. É particularmente valioso no trabalho com pessoas que não conseguem expressar verbalmente a sua opinião devido à idade jovem ou avançada ou problemas de saúde”, pontuaram.
Impactos
O estresse causa vários impactos no corpo, por exemplo, no sistema nervoso ele pode causar danos córtex pré-frontal, que está relacionado com os processos cognitivos que dão às pessoas a capacidade de planejar, organizar, resolver problemas e controlar impulsos.
Já no sistema cardiovascular, o estresse pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial. Isso é feito como uma tentativa de preparar o organismo para a luta ou para fugir para sobreviver. No entanto, quando o estresse é crônico, que acontece ao longo de meses e anos, ele pode causar hipertensão arterial e maior inflamação sistêmica.
Outro sistema que sente os impactos do estresse é o respiratório. Nele, existe o impacto no transporte de oxigênio e dióxido de carbono no sangue. E quando a pessoa está com uma respiração superficial e rápida, isso é um indicativo da necessidade de oxigênio e pode resultar em sintomas como tontura.
Além disso, outros impactos do estresse são: acelerar o envelhecimento do sistema imunológico e, quando crônico, pode aumentar o risco de Alzheimer.
Estresse
O estresse no trabalho é algo comum. No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que a forma como elas digitam e usam o mouse podem indicar se elas estão ou não estressadas.
Isso foi visto pelos pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (ETHZ), que usaram aprendizado de máquina e novos dados para criar um modelo que detectasse níveis de estresse no trabalho, com base somente na forma como as pessoas digitam ou usam o mouse.
“Como digitamos em nosso teclado e movemos nosso mouse parece ser um melhor indicador de como nos sentimos estressados em um ambiente de escritório do que nossa frequência cardíaca”, disse Mara Nägelin, matemática e autora do estudo.
No estudo, os pesquisadores observaram 90 pessoas fazendo tarefas de escritório, como por exemplo, registro de análise de dados ou planejamento de compromissos. Mesmo que as pessoas estivessem em laboratório, as tarefas eram perto da realidade.
Como resultado, as pessoas estressadas digitavam e mexiam no mouse de uma forma diferente das pessoas que não estavam estressadas. “Pessoas estressadas movem o ponteiro do mouse com mais frequência e menos precisão e percorrem distâncias maiores na tela”, disse Nägelin.
Outra descoberta foi que as pessoas estressadas no trabalho cometem mais erros quando estão digitando e tendem a escrever aos trancos e barrancos, fazendo pausas breves. Enquanto isso, as pessoas relaxadas fazem menos pausas, mas quando fazem, elas são mais longas.
Essa relação entre o estresse e como as pessoas mexem no teclado e no mouse é explicada por uma teoria chamada teoria do ruído neuromotor. “O aumento dos níveis de estresse afeta negativamente a capacidade do nosso cérebro de processar informações. Isso também afeta nossas habilidades motoras”, disse Jasmine Kerr, psicóloga e co-autora do estudo.
Fonte: Canaltech, Science alert
Imagens: Canaltech, Grupo Seres