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Corredores aproveitam mais o treino depois de usar cannabis, diz estudo

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Há tempos a cannabis, planta da maconha, é usada como uma erva medicinal, principalmente com função de analgésico. Contudo, em alguns países ela tem o seu uso proibido porque também pode ser usada como fumo recreativo. Mesmo assim, seu lado medicinal é inegável. Por isso que a planta e seus componentes são sempre estudados.

Como por exemplo, esse estudo feito pela Universidade do Colorado Boulder, que sugere que o uso da cannabis antes de uma corrida pode fazer com que o trajeto fique mais agradável, mas também pode fazer com que seja mais difícil completá-la.

O estudo foi feito com 42 corredores regulares no Colorado, local onde a venda recreativa da cannabis é legal desde 2014. De acordo com os participantes do estudo, eles tiveram uma melhora do humor e um prazer maior em um treino de 30 minutos depois que fumaram ou vaporizaram a erva antes.

Contudo, em média, os participantes relataram que tiveram que se esforçar muito mais para correr depois de usar a substância quando comparado com as vezes que eles corriam sóbrios.

A motivação dos pesquisadores para fazer esse novo estudo foram estudos anteriores que sugeriam que os corredores usavam cannabis de forma regular quando se exercitavam em estados dos EUA onde o uso recreativo é legalizado.

Cannabis e corrida

Correio braziliense

Por mais que a cannabis não faça um corredor regular se transformar em um atleta de elite, seu uso pode dar a coragem a pessoas que têm uma probabilidade menor de praticar exercícios a se sentirem motivadas para se exercitarem.

“Temos uma epidemia de estilo de vida sedentário neste país e precisamos de novas ferramentas para tentar fazer com que as pessoas movam seus corpos de maneira agradável”, disse a coautora da pesquisa Angela Bryan.

De acordo com Bryan, se a cannabis é uma dessas ferramentas de incentivo para as pessoas praticarem exercícios, é necessário explorá-la, ponderando seus benefícios e os seus danos.

A cannabis tem substâncias chamadas canabinoides, como o tetrahidrocanabinol (TCH) e canabidiol (CBD). O THC é responsável, em grande parte, pela característica de “euforia” associada à erva. Enquanto que o CBD não tem efeitos, mas suas propriedades medicinais foram estudadas.

Nesse estudo, os pesquisadores mediram o condicionamento físico dos corredores em um teste de esteira de 15 minutos. Depois disso, eles pediram que os corredores pegassem um grama de cannabis e consumissem em casa. Então, eles foram levados para uma academia e responderam um questionário antes, e depois correram durante mais 30 minutos.

Observações

Smoke buddies

Através do questionário, os pesquisadores queriam sondar aspectos como o humor dos participantes, seus níveis de dor e quão difícil eles acharam o exercício. Esse processo foi repetido pelos corredores depois de dois dias, mas sem a cannabis. E todos disseram que gostaram mais do treino quando tinham usado a substância.

Isso vai ao encontro dos estudos anteriores que sugerem que os endocanabinoides fazem parte da produção de uma “euforia do corredor”. Com isso, os curtos momentos de euforia que algumas pessoas têm durante ou depois do exercício têm uma constância maior.

Contudo, aqueles que inalaram variedades de cannabis com predominância de THC viram um aumento menor nesse prazer do que o grupo do CBD. Eles também sentiram que era preciso muito mais esforço para completar o treino.

Segundo Bryan, a razão pela qual isso pode ser verdade é que o THC aumenta a frequência cardíaca. E uma coisa importante a ser dita é que esse estudo teve várias limitações. Por exemplo, eles não tiveram um grupo de controle que não usou cannabis ou um placebo e todos os participantes já tinham consumido cannabis durante o exercício antes de participarem do estudo.

Uso

G1

No Brasil, a cannabis, ou maconha como é conhecida popularmente, é proibida, tanto para fins recreativos como medicinais no geral. Contudo, em dezembro de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) a cultivar cannabis com o objetivo de pesquisas sobre a atuação dos seus derivados em distúrbios neurológicos e psiquiátricos.

Esse foi um grande feito e passo importante na história do nosso país, visto que é a primeira vez que a Anvisa autoriza o cultivo da planta para fins de pesquisa científica. A única concessão que tinha sido feita antes pela agência tinha sido para a Universidade Federal de São João Del-Rei, em Minas Gerais, para que ela pudesse cultivar in vitro. Isso quer dizer que eles podiam cultivar somente as células e os tecidos da cannabis.

Essas pesquisas feitas pela UFRN são pré-clínicas e serão feitas pelo Instituto do Cérebro (ICe-UFRN) com o objetivo de analisar a eficácia, e também a segurança, das combinações de fitocanabinoides, que são as moléculas da planta, para o tratamento de sintomas relacionados com distúrbios neurológicos e psiquiátricos.

Segundo mostram as evidências científicas, a cannabis tem aplicações que vão desde o tratamento de epilepsia até ansiedade. No caso do ICE-UFRN, que irá fazer essas pesquisas no Brasil, um de seus fundadores foi Sidarta Ribeiro, neurocientista e uma das maiores autoridades do país na pesquisa sobre a cannabis.

A Anvisa concedeu autorização para a UFRN depois que a universidade entrou com um recurso administrativo depois do seu primeiro pedido ter sido negado em 2021. Analisando o recurso, Alex Machado Campos, o diretor da Anvisa e relator do processo, pontuou que a Convenções de Drogas da ONU de 1961, 1971 e 1988 impõe restrições no comércio internacional e também na circulação interna para as substâncias psicotrópicas e entorpecentes.

“É útil clarificar que o controle imposto pelas Convenções nunca visou a coibição do uso científico e medicinal. O mesmo texto que desenha as limitações também explicita que o uso medicinal e científico de todas as substâncias deve ser assegurado”, disse ele.

Então, como outro ponto de justificativa para a importância dessas pesquisas com cannabis, Campos ressaltou a pesquisa feita pela UFSJ quando a universidade mineira teve seu cultivo in vitro que, mesmo com sua limitações teve como resultado duas patentes e tem uma terceira em tramitação.

O relator Alex Machado Campos votou a favor da autorização e foi seguido pelos outros diretores. Contudo, esse plantio deve seguir algumas condições para que a UFRN possa fazê-lo. Todas elas já estavam previstas no projeto de pesquisa para poder garantir que a planta será usada somente para o desenvolvimento de fármacos.

Essas condições são:

O plantio deve acontecer em salas especiais com sistema fechado com cultivo indoor.

Esse espaço deve ter cerca de 100 metros quadrados e ser feito de alvenaria e ter portas maciças, além de o acesso a ele ser feito por controle biométrico das pessoas que serão autorizadas previamente.

Tanto o edifício como o seu entorno tem que ter um sistema moderno de videomonitoramento 24 horas por dia, todos os dias da semana, e ter vigilância armada todos os dias do ano.

Por fim, precisa ter um sistema de vídeo que consiga gravar sob qualquer condição de iluminação e possa gerar imagens de qualidade. Além disso, essas imagens devem estar disponíveis para vistorias.

Fonte: Mega curioso, G1 

Imagens: Correio braziliense, Smoke buddies, G1 

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