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Dunas do Piauí em perigo: entenda os desafios que podem levar ao desaparecimento das dunas

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Viajar é algo que praticamente todos, ou ao menos a maioria das pessoas, gostam. E geralmente, quando alguém planeja uma viagem de férias ou com amigos, os primeiros destinos que vêm em mente são os que estão fora do país e até mesmo fora da América do Sul. Mas esquecemos que conhecer o seu próprio país é maravilhoso, e um país como o nosso, com proporções continentais, tem vários lugares maravilhosos para se ir, como por exemplo, as dunas do Piauí.

Além de comporem as belas paisagens do litoral do Piauí, as dunas são uma das atrações mais procuradas pelos turistas da região. No entanto, elas não são eternas e tendem a desaparecer. Isso acontece por conta de um processo natural, mas claro que a ação humana pode acelerar esse processo.

Tanto é que, nesse ano, um alerta foi feito a respeito do risco de desaparecimento da Duna do Pôr do Sol, que fica na Praia de Jericoacoara. Para se ter uma ideia, na década de 1980 ela tinha 60 metros de altura, mas nos últimos anos ela tem diminuído o seu tamanho, tanto por conta de fatores naturais, como por causa do turismo. Por conta disso, em 2020, o governo do Ceará até chegou a elaborar um projeto para a recuperação dessa duna, porém, nunca o colocou em prática.

No entanto, essa situação com as dunas também é vista no Piauí. E será que algo está sendo feito para que esse processo de desaparecimento seja retardado? Alguns especialistas falaram sobre o assunto.

Formação das dunas

G1

O primeiro ponto a ser entender é como as dunas se formam. Elas são formadas por areia que, normalmente, tem sais minerais, como o quartzo e o feldspato, e também materiais orgânicos.

De acordo com Érico Rodrigues Gomes, geólogo e professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI), a areia surge do processo natural de erosão que os rios fazem nas suas bacias hidrográficas.

“Um rio, quando deságua no mar, na sua foz, ele joga essa areia no mar. Na dinâmica litorânea, há duas forças que agem nesse processo: a corrente oceânica, que transporta essa areia ao longo da costa, e a onda, que joga essa areia de volta para a praia”, explicou.

Essa areia que volta para a praia é levada até o interior através do vento e vai se acumulando em um lugar chamado pós-praia, formando assim montes pequenos de areia. Como esse processo vai se repetindo de forma contínua, as dunas se formam. “Em algum momento essa duna vai cair dentro do rio e o rio empurra essa areia de volta para o mar. Assim, a duna some”, disse Rodrigues.

Dunas do Piauí

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No caso das dunas do Piauí, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), elas têm em média 20 metros de altura e podem ter várias formas. Por exemplo, as duas lineares e paralelas à costa, no formato de meia-lua, ou então no formato de estrela.

E assim como as vistas em outros lugares, as piauienses também estão em movimento constante. Tanto é que, uma pesquisa feita no estado na década de 1990 mostrou que as dunas da Lagoa do Portinho, em Parnaíba, se movimentam 20 metros todo ano.

Além disso, elas também são o lar de uma variedade de ecossistemas e podem ser o habitat de várias espécies de animais ou de plantas que sejam adaptadas às condições específicas.

Entretanto, dependendo do local que a duna estiver no litoral do Piauí, essas características podem mudar, já que também mudam as condições climáticas e a interação delas com o ambiente.

O perigo

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Por mais que o desaparecimento delas seja uma coisa natural, Érico Rodrigues pontua que a urbanização na orla das praias é prejudicial para a formação das dunas. De acordo como ele, elas tendem a desaparecer porque a urbanização acaba interrompendo o seu suprimento de areia.

“Isso impede que haja a renovação das dunas, porque aquela areia que seria soprada pelo vento, que ocorre ali na zona da praia, esse processo é interrompido porque a urbanização, ou seja, as residências, barraquinhas, criam uma barreira”, disse ele.

E para que as dunas não desapareçam, em fevereiro desse ano, o governo do estado começou um projeto de contenção das dunas plantando mil mudas de plantas nativas. O objetivo é que sejam plantadas seis mil mudas.

“A contenção é feita com palhas de carnaúba de babaçu, sendo a contenção inicial. Além disso, existe o reflorestamento a partir de mudas de espécies nativas como murici e outras árvores frutíferas que conseguem estancar, naturalmente, preservando o meio ambiente e estabilizando as dunas”, declarou Daniel Oliveira, secretário estadual de meio ambiente.

Preservação

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Ainda de acordo com o secretário, a contenção das dunas tem o objetivo de preservar o ecossistema e garantir a segurança da região, para que elas não cheguem aos imóveis.

Nós não identificamos ainda no Litoral do Piauí uma ação humana, com relação ao ecoturismo, que implique na degradação do ecossistema que envolve as dunas. O que nós já identificamos e fizemos algumas ações de fiscalização e conscientização foram algumas queimas de vegetações nativas que têm já a proteção desse ecossistema das dunas, uma ação humana queimando essa vegetação, ou propositalmente, ou acidentalmente. Nós recebemos essa denúncia e fizemos apuração dela com relação às causas, consequências e o que fazer para evitar”, afirmou o secretário.

Contudo, na visão de Rodrigues, essas medidas são paliativas. “O pessoal faz fixação de dunas, plantam vegetação, mas isso tudo é temporário, considerando a escala de tempo geológico. O vento é o agente geológico natural que forma e também destrói a duna. Alguém consegue parar o vento? Ninguém consegue parar o vento”, afirmou.

Fonte: G1

Imagens: G1

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