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Espécie nova de tardígrados recebeu nome em homenagem a Harry Potter

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Os tardígrados são um animal microscópico que por causa da sua aparência foi apelidado de Urso da Água. Eles podem sobreviver a todos os tipos de condições, indo de temperaturas mega baixas até um calor gigante. Os tardígrados podem sobreviver até mesmo no vácuo do espaço. Essa capacidade de sobreviver pode ter segredos que possibilitem viagens espaciais de longo prazo.

Como se eles já não fossem surpreendentes o suficiente, um novo estudo descobriu uma nova espécie de tardígrados que, além de possuir todas essas características já conhecidas dessas criaturas, tem novas habilidades.

A nova espécie foi descoberta por pesquisadores do Departamento de Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade de Jyvaskyla, na Finlândia. Esse tardígrado estava vivendo em solos arenosos. E o estudo mostra que essa nova espécie encontrada no Parque Nacional de Rokua, na Finlândia, tem uma habilidade de sobrevivência incrível.

Segundo o estudo liderado pelo biólogo Matteo Vecchi, a nova espécie passou por uma adaptação morfológica. Foi exatamente isso que deu a ela essa capacidade de se mover pela areia. Essa locomoção é uma novidade, visto que os tardígrados são encontrados normalmente em ambientes que têm umidade.

Nome da nova espécie

Galileu

Os tardígrados são microrganismos de oito patas que medem entre 0,5 e 1 milímetro. Eles são famosos por serem um dos organismos mais resistentes da Terra. Contudo, ainda se sabe pouco a respeito do seu comportamento e ecologia, principalmente nos ecossistemas finlandeses.

Além disso, as dunas de areia são um ecossistema único e pouco estudado, ainda mais quando o foco do estudo é a diversidade microscópica. Essa nova espécie descoberta nos musgos do parque de solo arenoso tem a habilidade de entrar em anidrobiose, que é a perda irreversível de água corporal. Essa habilidade faz com que eles possam colonizar habitats que são relativamente secos.

A nova espécie descoberta foi nomeada como Macrobiotus naginae, inspirada em uma das criaturas dos livros de Harry Potter. A inspiração é Nagini, uma mulher amaldiçoada que foi transformada na cobra que acompanha Lord Voldemort em toda a saga.

Na visão dos pesquisadores, a história da personagem lembrou o padrão evolutivo de redução de membros pela qual os tardígrados descobertos passam. E os pesquisadores também ressaltam que o Macrobiotus naginae evoluiu para uma forma com garras bastante reduzidas, o que faz com que sua locomoção pelos grãos de areia seja mais fácil.

Tardígrados

Galileu

Além desse estudo, a equipe de Vecchi também fez uma pesquisa que revelou a primeira evidência direta de que tardígrados que vivem no musgo conseguem sobreviver passando pelo intestino dos caracóis terrestres.

Nela, Vecchi e sua equipe descobriram que os tardígrados têm várias formas de se dispersar, não se limitando apenas ao vento e à água como normalmente é visto. Na pesquisa, eles conseguiram recuperar tardígrados ativos nas fezes de um quartos dos caramujos Arianta arbustorium que foram recolhidos da natureza.

Para que eles analisassem a capacidade de sobrevivência dos tardígrados, eles fizeram um experimento. Nele, os caracóis foram alimentados com uma quantidade conhecida de um tardígrado de origem local. Depois disso, as fezes deles foram analisadas durante quatro dias.

Como resultado, os pesquisadores viram que dos 698 tardígrados ingeridos, 218 foram defecados vivos, atingindo seu pico no segundo dia depois de terem sido ingeridos. E esses tardígrados recuperados se reproduziram nas condições do laboratório.

O objetivo dessa pesquisa foi destacar a importância da pesquisa ecológica para melhorar a compreensão da dispersão de microrganismos e suas relações com as adaptações extremas.

Locomoção

Science Alert

Para além da impressionante resistência dessa criatura, existem outras várias coisas misteriosas a respeito dos tardígrados. Uma das principais indagações é: como eles andam?

Isso porque eles são um dos únicos animais com corpos macios e que conseguem andar. Além disso, eles também são um dos menores animais com pernas conhecidos.

“Uma das coisas mais legais, e inicialmente mais surpreendentes, sobre os tardígrados andando para mim é como eles eram bons nisso. Eles têm um andar regular e se parece muito com os de animais muito, muito maiores”, escreveu a bióloga mecânica Jasmine Nirody, da Universidade Rockefeller, no Twitter.

Para analisar a forma como esses animais se locomoviam, Nirody e sua equipe registraram a locomoção da espécie Hypsibius dujardini, analisando sua marcha e coordenação de pernas.

“Não os forçamos a fazer nada. Às vezes, eles ficavam bem tranquilos e só queriam dar uma volta pelo substrato. Outras vezes, eles veem algo de que gostam e correm em sua direção”, explicou Nirody.

No estudo, a equipe pegou esses tardígrados e os colocou em superfícies diferentes. Com isso, eles descobriram que o padrão de passos dessas criaturas é bem parecido com o dos insetos, mesmo que esses dois grupos sejam de tamanhos tão diferentes e feitos de materiais também completamente diferentes.

Além de analisá-los caminhando, a equipe também registrou essas criaturas tentando andar em um vidro liso. Mas nessa superfície lisa eles não iam longe. Eles também puseram os tardígrados em géis com dois níveis diferentes de rigidez para então descobrirem como isso mudava a maneira que eles andavam em diferentes condições.

“Descobrimos que os tardígrados adaptam sua locomoção a um padrão de coordenação de ‘galope’ ao caminhar em substratos mais macios. Esta estratégia também foi observada em artrópodes para se moverem com eficiência em substratos fluidos ou granulares”, escreveram os pesquisadores.

Fonte: Galileu, Science Alert

Imagens: Galileu,Science Alert

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