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Tardígrado: a criatura mais resistente do planeta pode estar ameaçada

Tardígrado
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Existem algumas criaturas que os humanos ainda estão longe de desvendar a forma como vivem e se alimentam. Algumas espécies já foram estudadas por diversos cientistas e, mesmo assim, continuam intrigando aqueles que pesquisam a vivência de animais. Esse é o caso dos tardígrados, animais microscópicos conhecidos como “ursos d’água”.

A estratégia de sobrevivência dessas criaturas é bem curiosa: elas retraem suas oito patas e a cabeça e se deixam desidratar, entrando em dormência completa e “desligando” todos os seus sistemas e processos biológicos. Assim, ainda que essas criaturas sejam jogadas em uma fogueira, submetidas ao vácuo do espaço ou congeladas, elas sobreviverão. Por esse motivo, elas são conhecidas como as criaturas mais resistentes do planeta.

Características dos tardígrados

Em 2007, vários exemplares de tardígrados foram enviados ao espaço e expostos não apenas ao vácuo fora da Terra, onde é impossível respirar, mas também a níveis de radiação capazes de incinerar um ser humano. De volta ao nosso planeta, um terço deles ainda estava vivo, mostrando-se assim os únicos animais de que se tem conhecimento capazes de sobreviver às condições do espaço extraterrestre sem a ajuda de equipamentos.

Dos sobreviventes enviados ao espaço, 10 % foram capazes de reproduzir com sucesso, produzindo ovos que eclodiram normalmente e deram vida a novos animais saudáveis. Curioso, não? As táticas de sobrevivência desses bichinhos são motivo de estudos constantes por pesquisadores espalhados por todos os cantos do planeta Terra. Enquanto estão no estado de suspensão do metabolismo, a atividade corpórea é reduzida a menos de 0,01% do normal e a quantidade de água em seus corpos pode cair a até 1% do normal.

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Os tardígrados têm corpos cilíndricos, com quatro pares de pernas atarracadas. A maioria tem entre 0,3 e 0,5 milímetros de comprimento, mas a maior espécie pode alcançar 1,2 milímetros. O corpo tem quatro segmentos (sem contar a cabeça), quatro pares de pernas sem articulações, e oito patas com quatro a oito garras em cada. A carapaça é trocada periodicamente.

A boca desses animais tem dois estiletes, que são usados para perfurar as células de plantas, algas ou pequenos invertebrados dos quais os tardígrados se alimentam. Os estiletes se perdem quando o animal troca de pele, e um novo par é secretado de glândulas que ficam em cada lado da boca. Algumas espécies só defecam quando trocam de pele, deixando as fezes para trás com a carapaça abandonada.

A ameaça aos pequenos animais

Mesmo que os tardígrados sobrevivam a condições extremas, um grupo de cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, identificou o que pode ser uma ameaça para esses seres aparentemente indestrutíveis: o aquecimento global. Uma pesquisa de 2018 já havia alertado que a espécie de tardígrado que vive na Antártida, a Acutuncus antarcticus, poderia ser extinta devido ao aumento da temperatura dos oceanos.

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Mas, em 2020, pesquisadores da universidade dinamarquesa publicaram um estudo sugerindo que outra espécie, a Ramazzottius varieornatus, apresenta o mesmo ponto fraco. A pesquisa se baseou em espécies encontradas em países nórdicos, segundo informou Ricardo Cardozo Neves, principal autor do estudo, publicado na revista científica Scientific Report.

Quando não estão no período de dormência, essas criaturas são capazes de suportar temperaturas de até 150 graus acima e abaixo de zero. Mas, se elas são tão resistentes, quanto a temperatura da água teria que aumentar para chegar ao ponto de ser um problema? Segundo os cientistas, não se trata da temperatura, mas do tempo de exposição a ela.

Durante o estudo da universidade dinamarquesa, conseguiram sobreviver apenas 50% das espécies metabolicamente ativas submetidas a temperaturas de 37,1º C por 24 horas (sem aclimatação, ou seja, sem adaptação às temperaturas). Isso mostrou, de acordo com Cardozo Neves, que o aumento da temperatura no planeta poderia ser praticamente letal para as espécies.

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“Podemos concluir que os tardígrados ativos são vulneráveis ​​a altas temperaturas que permanecem constantes”, afirma o pesquisador na publicação. “Mas com uma aclimatação prévia, é possível que essas criaturas possam se adaptar ao aumento das temperaturas em seu habitat natural”, completou Cardozo Neves.

No estudo, as amostras da espécie que foram aclimatadas antes de serem submetidas a 37,1º C conseguiram sobreviver em maior porcentagem. E, se estavam desidratadas, conseguiam suportar temperaturas próximas a 60° C.

“Os tardígrados desidratados são muito mais resistentes e podem suportar temperaturas muito mais altas do que os tardígrados ativos”, explicou Ricardo no estudo. “No entanto, o tempo de exposição é claramente um fator que limita sua tolerância a altas temperaturas”, conclui o estudo.

Fonte: BBC

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