O amor pelo café é uma coisa quase universal. Ele já foi uma das mercadorias mais negociadas no mundo por conta do valor monetário. O que se sabe é que, desde sua época gloriosa, nunca saiu do gosto do povo. Seja servido em pequenas xícaras ou até mesmo em grandes copos, a bebida não sai do paladar das pessoas do mundo todo.
Além da bebida em si, ela tem também todo um ritual de preparação. Claro que esse ritual pode variar um pouco entre as pessoas, e cada um acredita que o seu faz o café ficar melhor. No entanto, a realidade é que a origem do grão interfere no gosto da bebida.
E como em vários outros campos da nossa vida, um estudo quer usar a IA e o aprendizado de máquina para conseguir selecionar e definir quais grãos de café são de uma melhor qualidade.
De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Agronômico em parceria com o Instituto Axxus e a Universidade Estadual de Campinas, 97% dos brasileiros consomem café. Entretanto, os grãos que dão origem à bebida não são iguais. Tanto é que, alguns deles têm um destaque por serem “gourmet”.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café, o consumo desses grãos com maior qualidade aumentou. Para se ter uma ideia, a venda dos cafés “gourmet” e “especiais” cresceu 84,8% em abril do ano passado em comparação com o mesmo período de 2022.
Com esse aumento nas vendas, Bruno Pereira de Oliveira, doutor em Física pela Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos e degustador de café, viu um dilema a ser enfrentado: como conseguir identificar cada tipo de grão e colocar um preço? Foi por conta disso que surgiu a IA.
IA para identificar os tipos de grãos
Ainda de acordo com Oliveira, ele provou uma variação do café que era mais doce, que ele considera como “especial”. Então, ele mandou um relatório para uma empresa colocando a bebida nessa classificação. No entanto, ele foi surpreendido quando a empresa discordou e afirmou que aquele não era um café especial.
Esse impasse resultou na IA. A inteligência artificial com aprendizado de máquina foi criada por Oliveira unindo os conhecimentos dele em física e sua paixão pelo café. Assim, a IA pode quantificar a qualidade do grão.
Para isso, ela usa uma técnica de fluorescência, uma área da física óptica. O grão é submetido a uma luz que interage com seu material e depois devolve outra luz para o sensor. Assim, ele faz a comparação entre a luz emitida e refletida para criar um espectro.
Conforme Oliveira explicou, é possível aplicar modelos matemáticos e aprendizado de máquina no resultado obtido pelo espectro, e com isso analisar se determinado grão é mais próximo do café especial, gourmet, rio ou riado. O que difere essas variações são a intensidade e o gosto característico do café.
Gosto
Um estudo feito pela Universidade de Oregon quis saber se uma técnica bem amada pelos aficionados pela bebida realmente deixa o café mais saboroso. A técnica investigada foi a de umedecer os grãos antes de moê-los. O resultado que o estudo obteve foi que sim, esse método é realmente eficiente.
Claro que sabendo que isso realmente melhora o sabor da bebida, a próxima pergunta que vem à mente é o motivo disso acontecer. Essa melhora do sabor do café está relacionada com a eletricidade estática. Isso porque o atrito entre os grãos durante a sua trituração é responsável por gerar essa forma de energia.
Então, umedecendo um pouco os grãos com um pouco de água essa eletricidade estática já pode ser diminuída. Como consequência, isso acaba evitando que os grãos grudem uns nos outros ou então que eles sejam jogados para fora do moedor.
O estudo foi feito com vários tipos de grãos de café, tendo origem comercial e com os que foram torrados em laboratório. A variação deles era vista na sua origem, tempo de torra e teor de umidade.
Segundo Christopher Hendon, químico de materiais da Universidade de Oregon e um dos autores do estudo, o ideal é colocar aproximadamente 20 microlitros de água por grama de café para que o sabor seja aprimorado.
Por mais que ainda seja necessário fazer mais testes para entender os efeitos da água nos diferentes tipos de moedores e formas de preparo, a conclusão que se tem é a mesma: “Alguns simples jatos de água resolvem os problemas de aglomeração, canalização e extrações ruins, ao mesmo tempo em que contribuem para a busca pelo café expresso mais saboroso”, pontuou Hendon.
Fonte: Olhar digital
Imagens: Olhar digital
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