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Esse é o motivo de pacotes com ”WhatsApp grátis” estarem com os dias contados

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O WhatsApp já é uma forma de se comunicar unânime no Brasil. O aplicativo foi criado em 2009, mas somente em 2012 que ele se tornou famoso e virou quase que obrigatório entre os brasileiros, tanto que é quase impossível se imaginar sem usá-lo.

Justamente por isso que vários pacotes de internet móvel, mesmo tendo uma quantidade limitada de dados para a internet, têm ela liberada para o uso de alguns aplicativos, dentre eles, o WhatsApp, Twitter, Waze e YouTube. Esses planos são conhecidos como “zero rating” por deixar de lado alguns aplicativos na contagem da franquia de internet dos usuários.

Por mais que esses planos sejam bastante populares e chamativos para as pessoas, eles podem estar com os dias contados. Isso porque, indo de encontro com um movimento visto no mundo todo, as três maiores operadoras de telefonia móvel do país começaram a falar publicamente sobre a reavaliação dessa estratégia no nosso país.

Além delas, entidades como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) também começaram a fazer críticas a esses pacotes que têm o WhatsApp e outros aplicativos ilimitados porque acham que isso acaba limitando as opções dos usuários e os direciona para esses aplicativos liberados e acabam impedindo que exista uma competição justa com relação a outros.

Sem WhatsApp

Istoé dinheiro

Mesmo que isso tenha ganhado mais notoriedade por agora, esse discussão entre os especialistas a respeito de acabar com o zero rating não é uma coisa nova. Em países da Europa e Índia, isso já não é mais uma realidade. Consequentemente, os pacotes de dados de telefonia móvel ficaram maiores, o que permitiu que os usuários escolhessem quais seriam os aplicativos que eles iriam acessar.

“Não tenho dúvida que o zero rating foi um erro, um equívoco. E, apesar de ter sido criado no passado, não há nada que não possa ser consertado”, disse João Félix, presidente do grupo Claro Brasil.

“Assim nasceu [o zero rating] porque decidimos colocar esses produtos, mas, ao longo do tempo, reavaliamos as decisões. A tendência, no momento, é de que, em função do consumo de dados e do valor percebido pelo cliente, haja uma diminuição da presença de produtos zero rating nos próximos anos”, disse Alberto Griselli, CEO da TIM.

Essa fala de Griselli veio depois de ele ter sido questionado por analistas enquanto apresentava os resultados do segundo trimestre de 2023. Ele também disse que, quando as operadores decidiram sobre o zero rating, o uso de aplicativos e redes sociais era bem menor e menos disseminado do que é visto hoje em dia.

“No nosso caso, só temos gratuito, ilimitado, o ‘zero rating’, o WhatsApp. As outras operadoras têm outros OTTs [provedores de conteúdo digital]. E o WhatsApp era gratuito quando ele era um aplicativo de mensagens. Hoje, o WhatsApp já é um aplicativo de várias coisas, de fotos e vídeos. E é um dos [aplicativos] que impacta o crescimento do tráfego de dados nas nossas redes”, disse Christian Gebara, diretor-presidente da Telefônica Brasil, dona da Vivo.

Assim como no caso de Griselli, Gebara disse isso durante a apresentação de resultados da empresa. Ele ainda afirmou que a Vivo está discutindo internamente a respeito de mudar essa política do zero rating.

Além disso, as três operadores ainda reafirmaram o posicionamento feito por seus executivos, enquanto que o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal (Conexis) disse que esse assunto “está sendo tratado pelas empresas”, e não existia nenhuma atualização até o momento.

É pior para o consumidor?

Metrópoles

Na visão do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), esses pacotes de zero rating atrapalham a competitividade entre os aplicativos e acabam piorando o uso da internet para o consumidor.

“Não é à toa que as plataformas mais favorecidas dentro desses planos são atualmente as principais que os usuários utilizam, ou seja, as do grupo Meta, Twitter e do Google. Como essas aplicações são as mais favorecidas, a gente acaba vendo outras que poderiam ser incentivadas ou utilizadas pelos usuários sendo deixadas de lado porque consomem os dados dos usuários”, pontuou Luã Cruz, pesquisador do programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec.

Ainda conforme explica Cruz, os planos zero rating acabam limitando o usuário em acessar vários serviços, como por exemplo, de saúde, bancários e de educação. Por exemplo, se uma pessoa contrata um pacote de 1 Gigabyte por mês, ela usa 2GB para acessar o WhatsApp. “No caso, ele teria 3 GB de internet e não só 1 GB. Ou seja: você o está privando de acessar outras coisas”, disse ele.

De acordo com um levantamento feito pelo Idec, 52% das pessoas que usam internet restrita pelo zero rating têm um acesso restrito aos serviços públicos e outros direitos.

“A gente vê que o ‘zero rating’ contribui para a falta de competitividade entre plataformas digitais. Isso inclusive é um prejuízo para a economia nacional e para a soberania digital do país. Você não consegue fazer com que um app brasileiro concorra com esses grandes, uma vez que não recebe o mesmo incentivo”, explicou.

E com o fim desse plano, muitas pessoas têm dúvidas se o consumidor perderá com isso com relação à quantidade de dados disponíveis. Nesse ponto, na visão do Idec, é preciso buscar alternativas. Justamente por isso que ele já notificou as secretarias Nacional do Consumidor, da Comunicação da Presidência da República e de Direitos Digitais para que esse tema seja tratado.

“A gente defende que a internet é um serviço essencial, ou seja, não pode ser cortado”, afirmou Cruz.

Fonte: Tilt

Imagens: Istoé dinheiro, Metrópoles

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