Curiosidades

Ex-jogador da NFL perde 45 quilos com jejum de 40 dias; é seguro?

0

Emagrecer pode ser uma coisa difícil para muitas pessoas. Por isso que dietas tidas como milagrosas ainda fazem muito sucesso. Contudo, nem todas as pessoas as usam para perder peso. Em alguns casos, a pessoa pratica o jejum para conseguir eliminar os quilos que queria.

Esse foi o caso de Russell Okung, ex-jogador da NFL de 34 anos. Ele chocou seus seguidores quando mostrou em sua rede social o seu antes e depois de perder 45 quilos. Como se a quantidade de peso perdida já não fosse surpreendente o suficiente, Okung surpreendeu revelando como ele conseguiu isso. O ex-jogador ficou 40 dias em jejum bem rígido em que ele só consumia água.

“Ao acalmar minha fome física, desbloqueei clareza mental e revelação espiritual. Uma reinicialização total. Como atleta de elite, sempre me disseram para comer muito, ficar forte. Eu nunca questionei isso. Mas romper, abraçar o jejum, mudou tudo. Não sou apenas mais leve; estou mais leve de espírito”, escreveu ele em eu Twitter.

Ex-atleta

O único ponto revelado por Okung foi a quantidade de dias que ele ficou de jejum. Ele não falou mais detalhes a respeito da dieta, como ele ficou nesses dias, se tomava algum tipo de suplemento, nada.

Claro que vendo alguém passar por isso surge a dúvida se um jejum tão longo e radical assim é seguro. E independentemente da quantidade de dias que se pretenda fazer um jejum, ele sempre deve ser feito com acompanhamento médico para que não haja nenhum risco para a saúde.

No caso desse feito por Okung, especialistas comentaram a respeito. Conforme explica Paulo Camiz, clínico geral e médico do Hospital das Clínicas de São Paulo, um jejum tão grande assim só é possível quando a pessoa tem um estoque de gordura bem alto. Até porque, é ela que servirá como combustível para fazer com que o corpo continue em funcionamento mesmo sem alimentos.

E conforme ressalta Patrícia Soares, nutricionista do Instituto Florescer CBSM, em Salvador, existem culturas que têm jejuns longos como parte de seus rituais, como por exemplo, o ramadã, que é o mês sagrado dos muçulmanos em que eles fazem jejum entre 29 e 30 dias. Contudo, eles não ficam sem comer todo esse tempo. O período em que eles não podem comer e nem beber água vai da aurora ao pôr do sol.

Efeitos do jejum no corpo

Dr Francis Vinícius

Quando a pessoa começa a jejuar, a primeira resposta do corpo é tentar se adaptar para que funcione em homeostase, ou seja, em equilíbrio. “Nesse caso, com o jejum se inicia um processo de cetose, com consumo de gordura como sua fonte de energia, dependendo da composição corporal”, disse Ronaldo Arkader, endocrinologista e médico do esporte do VITA Ortopedia, parte do Grupo Fleury.

Na visão de Paulo Camiz, clínico geral e a favor do jejum, essa técnica geralmente funciona para emagrecer porque usa a gordura como combustível primário. “Isso preserva a massa muscular mais do que em uma dieta hipocalórica, por exemplo”, disse ele.

Contudo, depois que a gordura é consumida, o corpo começa a consumir os músculos. “Esse processo pode acarretar danos a diferentes órgãos e sistemas”, alertou Arkader.

Riscos

Veja SP

Mesmo sendo a favor da prática de jejum, Camiz explicou que fazendo um jejum tão prolongado igual o ex-atleta fez, ele perderia seus micronutrientes, que são aqueles que a pessoa consegue através da alimentação.

Com isso, ele poderia sofrer deficiências de vitaminas e minerais essenciais para o corpo, o que resultaria em problemas para sua imunidade, saúde dos ossos e funcionamento do sistema nervoso. Além disso, também existe o risco de acontecer um desequilíbrio eletrolítico que afeta a pressão arterial e a função cardíaca. “Por isso, embora tenhamos poucos detalhes da dieta, acho muito difícil que o ex-atleta não estivesse consumindo algum tipo de suplementação”, disse Camiz.

Outro risco de um jejum prolongado, de acordo com Patrícia Soares, é a desnutrição, que pode desencadear a chamada termogênese adaptativa. Ela é a diminuição da taxa metabólica basal que acontece quando uma pessoa perde peso e dificulta que ela mantenha o peso que foi perdido.

“É uma fase de funcionamento do organismo que irá diminuir a atividade do sistema nervoso simpático, reduzindo o hormônio da tireoide, o que pode levar, inclusive, ao hipotireoidismo”, explicou ela.

E Ronaldo Arkader pontua que para uma pessoa sem consumir alimentos por tanto tempo seria bastante perigoso a prática de exercícios físicos. “O jejum prolongado pode afetar o músculo cardíaco, levando a uma diminuição da força de contração e da frequência cardíaca. Além disso, a falta de eletrólitos e sais minerais pode agravar essas alterações e representar um risco à saúde, podendo levar a complicações graves, como uma parada cardíaca”, disse.

“Se existissem benefícios de um jejum tão prolongado, certamente estaríamos lendo vários artigos científicos de alta qualidade. Infelizmente não existe muita evidência científica que justifique receitar um jejum tão prolongado”, concluiu Arkader.

Fonte: VivaBem

Imagens: Twitter, Dr Francis Vinícius, Veja SP

Elevação do nível dos oceanos da Terra assusta cientistas da NASA

Artigo anterior

“Nem Deus pode afundar esse navio”. A verdade sobre a polêmica frase do Titanic

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido