Com a poluição, contaminação e demais destruições que o homem fez no planeta ao longo dos anos, a qualidade de vida que temos no mundo foi se modificando. E um fator seriamente atingido, e que pode ser mais afetado ainda se o ritmo continuar, é o fornecimento de energia e a forma como a conseguimos.
Por isso, formas alternativas à energia hidrelétrica são estudas e já colocadas em prática em alguns lugares. Muitos países já reconheceram essa necessidade de fazer a mudança de combustíveis fósseis para energia renovável ou “verde”.
Além disso, grandes empresas também já estão caminhando para essa direção. Por exemplo, o Google fechou seu maior acordo por energia eólica offshore depois de comprar joint ventures entre a Shell e a concessionária holandesa Eneco, da Crosswind & Ecowende Consortia, 478 megawatts (MW) de dois parques eólicos novos.
Acordo do Google
De acordo com a Reuters, essa negociação é parte dos esforços que o Google está fazendo para fazer com que seu fornecimento de energia seja mais ecológico para que a empresa possa atingir suas metas climáticas.
Até agora, esse é o maior acordo que a big tech fechou. Além dele, o Google também anunciou um Contrato de Aquisição de Energia (CAE) renovável para a Itália, Polônia e Bélgica, no entanto, nenhum detalhe financeiro foi divulgado a respeito desses negócios.
Com isso, a big tech está tentando igualar cada hora de eletricidade usada com a mesma hora de produção de energia limpa. Na visão de quem defende esse método, ele tem uma reflexão melhor sobre o uso real da energia pelas empresas.
“Nossa ambição de operar com energia livre de carbono 24 horas por dia até 2030 exige soluções limpas em todas as redes onde operamos”, disse Matt Brittin, presidente do Google sobre a região da Europa, Oriente Médio e África.
De acordo com um relatório feito pela Administração de Informação sobre Energia dos EUA (EIA), nos próximos dois anos, quem irá liderar a produção de energia limpa nos EUA será a solar e a eólica.
Além disso, os projetos de geração de energia solar também devem aumentar essa produção em 75% até 2025. Com isso, ela irá de 163 bilhões de quilowatts-hora (kWh), vistos em 2023, para 286 bilhões de kWh.
Com relação à eólica, o crescimento esperado é de 11%. Então, ela passará dos 430 bilhões de kWh, em 2023, para 476 bilhões de kWh em 2025. Para esse ano, ela deve se manter estável em 156 GW.
Energia limpa
A maioria das casas no mundo é alimentada por uma mistura de fontes de carvão e vento. Mas será que um dia vai ser possível que tudo seja exclusivamente vindo de fontes limpas de energia? Vinte e dois especialistas em energia renovável, engenharia e sistemas de energia responderam se algum dia um país pode ter 100% de sua fonte renovável. Para 15 deles isso é realmente provável.
A energia renovável é um tipo que pode ser reposta de forma rápida. Já o petróleo e o carvão levam milhões de anos para serem produzidos, e por conta disso não são renováveis. E a nuclear, que usa urânio, também não é uma fonte renovável.
Algumas formas renováveis são a geotérmica, solar, hídrica, eólica, das marés e biomassa. São classificadas assim porque não irão se esgotar em um futuro próximo. E a capacidade desse tipo é enorme.
“A Terra recebe 23.000 TW de energia solar, enquanto o consumo global de energia é de 16 TW. Portanto, 100% de energia renovável poderia ser possível mesmo se capturássemos apenas 0,07% da energia solar”, disse o professor Xiao Yu Wu, uma empresa de energia especialista do MIT.
A Islândia, por exemplo, consegue abastecer quase 100% da sua eletricidade com energia renovável. O país usa os seus suprimentos geotérmicos e hidrelétricos abundantes para isso. E a energia renovável também pode conseguir atender às necessidades elétricas de países mais populosos.
No Brasil, por exemplo, 80% das necessidades elétricas para os 213 milhões de brasileiros vêm de fontes renováveis, principalmente hidrelétricas. No entanto, em média, as energias renováveis geram cerca de 29% de eletricidade no mundo todo.
Nessa busca pela mudança para o uso de 100% de energia limpa, o professor Mark Jacobson e colegas da Universidade de Stanford publicaram um artigo científico em 2017, no qual delineavam um roteiro para que 139 países fizessem a transição para uma energia 100% renovável.
Os estudos são baseados em modelos que preveem cenários futuros e testam sistemas diferentes de energia para ver se eles são capazes de atender às demandas. E assim como acontece com qualquer tipo de modelagem, pode ser um desafio estimar todos os parâmetros de forma certa.
Já outros especialistas discordam da ideia que energias renováveis podem chegar a 100% na maior parte dos países. Tanto é que Benjamin Heard, da Universidade de Adelaide, e sua equipe, publicou um artigo analisando essa viabilidade dos sistemas de eletricidade 100% renováveis.
De acordo com os argumentos dele, existe uma forte dependência de fontes de hidro e biomassa por mais que a maior parte dos países não tenha acesso a elas. Por conta disso, dependeria de fontes solar, eólica e armazenamento. E nessas circunstâncias, é altamente improvável que esse tipo de energia consiga fornecer 100% de eletricidade.
Além disso, segundo alguns especialistas, para que se alcance uma energia 100% renovável, é preciso ultrapassar barreiras econômicas e políticas.
“Viável em termos de quê? Se for viável em termos de tecnologia, parece provável. Se for viável em termos de políticas, financiamento e drivers institucionais necessários, é menos provável. Sistemas de governança são muito perturbados”, disse o professor Laurence Delina, especialista em energia renovável da Universidade de Boston.
Fonte: Olhar digital
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