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Grandes empresas “fraudaram” os salários dos CEOs durante a pandemia

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Um recente estudo da Institute for Policy Studies (IPS) apontou que metade das 100 maiores empresas que empregam trabalhadores de baixa renda nos Estados Unidos ajustou as remunerações de seus respectivos CEOs no ano passado, ano em que a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus começou a assolar o mundo. De acordo com o estudo, as empresas realizaram os reajustes salariais dos chefes executivos enquanto promoviam cortes na remuneração dos funcionários.

O estudo

Segundo as informações que foram disponibilizadas em uma reportagem publicada pela CBS News, o estudo revelou que o salário dos CEOs de 51 das 100 empresas em questão aumentou em média 29% em relação aos anos anteriores. Enquanto isso, muitas dessas mesmas empresas reduziram ou dispensaram funcionários que ocupavam cargos de menor destaque. Para cumprir com o aumento, o salário médio do trabalhador nessas empresas teve que sofrer uma queda de 2% em 2020.

“Reter talentos. Essa foi a justificativa mais comum para o aumento da remuneração dos CEOs durante a pandemia”, disse Sarah Anderson, autora do estudo de remuneração de chefes executivos realizado pela IPS. “A noção de que um único indivíduo seja de grande valor no mundo corporativo e, portanto, deve receber o que for preciso para não abandonar o navio, sempre foi absurda, ainda mais diante de uma pandemia”.

Dentre as empresas que aumentaram o salário de seus CEOs, a Aptiv é uma das que realizou o maior ajuste no valor total da remuneração de seu chefe executivo. De acordo com um arquivo da Securities and Exchange Commission, Kevin Clark, CEO da Aptiv, ganhou, em 2020, US$ 31 milhões – mais do que o dobro dos US$ 15 milhões que a empresa pagou a Clark em 2019. No mesmo ano, a Aptiv realizou um corte de 19% nos salários de outros funcionários – tanto aqueles que cumprem regime parcial quanto integral.

Em uma declaração à imprensa, a Aptiv disse que a mudança no salário de seu CEO inclui um ajuste contábil que não reflete a remuneração real. Segundo o documento, excluindo o ajuste, o CEO ganhou US$ 13,5 milhões no ano passado, 11% menos em relação a 2019. O que, particularmente, não interfere no cenário. Caso consideremos a exclusão do ajuste, o salário da Clark, em 2020, foi de 2.279 vezes maior que o dos funcionários.

De acordo com um porta-voz da Aptiv, o índice de remuneração da empresa reflete o fato de muitos dos trabalhadores da empresa morarem fora dos Estados Unidos.

Segredo sujo

O estudo da IPS ecoa relatórios anteriores, incluindo um artigo publicado pela CBS MoneyWatch no mês passado, o qual mostra que muitas grandes empresas abdicaram de atingir certas metas para aumentar o salário dos líderes corporativos.

Um relatório da Bloomberg descobriu que, no ano passado, os comitês de remuneração de mais de 300 empresas adotaram novas métricas para atender os chefes executivos. Em poucas palavras, essas novas métricas permitiram que os salários se tornassem mais volumosos com ajustes que até então não haviam sido feitos.

O estudo da IPS comparou o aumento da remuneração dos CEOs a um sistema “manipulado”, que visa recompensar os executivos de alto escalão mesmo quando o desempenho das empresas é ruim.

“Os aumentos de salários de diversos CEOs no ano passado revelaram um segredo sujo, que mostra como esses líderes não são realmente pagos com base em seu próprio desempenho”, disse Brian Rees, vice-diretor de corporações e mercados da AFL-CIO.

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