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”Lá ele”, entenda a gíria que está dominando as redes sociais

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As redes sociais se reinventam praticamente todos os dias. Sempre surge um novo meme, um novo vídeo viral e claro, uma nova expressão ou gíria que de uma hora para outra todas as pessoas estão falando. Um exemplo disso é a gíria do momento o “lá ele”.

Mesmo que a expressão esteja sendo muito usada nas redes sociais nem todas as pessoas conhecem a sua origem. E ela é o exemplo perfeito de como nossa  língua é diversa. Existe o português de Portugal. Existe o português do Brasil. Existe o português da Bahia e, dentro dele, o português de Salvador, que é de onde a expressão veio.

Gíria

Instagram

O “lá ele” significa “sai fora, eu não”. A expressão é usada quando alguém quer evitar se comprometer com alguma coisa, principalmente em brincadeiras de duplo sentido. A  gíria é dita com frequência em Salvador, normalmente em brincadeiras entre amigos.

Se você ainda não entendeu muito bem como usar a expressão, e quer entrar na tendência das redes sociais mostramos alguns exemplos de como ela pode ser usada.

“Véi, certamente você tem dado em casa né?” “Lá ele!”

“Em buraco de paca, tatu caminha dentro?” “Lá ele!”

“Vou pegar aquele cajú ali.” “Lá ele… cajú não, cajívis!”

Polêmica

Bahia notícias

Por mais que uma gíria se popularize nas redes socais isso não quer dizer que ela esteja livre de polêmica, muito pelo contrário. Tanto que esse jeitinho de falar tipicamente soteropolitano foi motivo de um grande debate nas redes sociais nesta semana.

“Eu não sou de Salvador e conheço muito pouco algumas gírias e expressões linguísticas daqui. E fiquei sabendo hoje, na aula, que ‘Lá ele’ é uma expressão extremamente pejorativa, machista e homofóbica. Passado. Vocês sabiam?”, dizia um post no Twitter de uma pessoa não soteropolitana.

Por conta desse tweet, uma grande parte das pessoas foi atrás de descobrir o que a expressão “lá ele” significava. E de acordo com uma internauta, que definiu a expressão como um dicionário, ela significa: la é ele é repreender energias emanadas na minha direção. Lançou o lá ele? Tá salvo, tá amarrado em nome do Pai e do filho.

Mas quando a dúvida é com relação à algo linguístico, o melhor lugar para se procurar a resposta é no dicionário. Mas no caso de uma expressão baiana, o melhor é um “dicionário de baianês”.

No livreto, escrito por Nivaldo Lariú, a expressão é explicada como: “Outra pessoa, não eu”. É parecido ao que foi descrito pela internauta em um post da página Frases de Baiano e ao que aparece na página Baianês Oficial, criada pela baiana Roberta Magalhães.

Em uma entrevista, Nivaldo afirmou que a expressão também costuma ser usada em situações que podem dar a entender justamente no que foi “denunciado” pelo internauta.

“Majoritariamente é uma expressão utilizada em frases de duplo sentido, sim, mas tem isso também de querer dizer que é outra pessoa lá e não ele. Você percebe também que tem essa carga de humor”, contou ele.

O autor, natural de Itaperuma, na Rio de Janeiro, também disse que sua obra, além de funcionar como um guia para as pessoas que não conhecem o dialeto, é também uma  prova de amor para a cidade que o abraçou quando ele se mudou ainda jovem.

“Aqui eu entrei muito em sintonia com o jeito de falar. Eu costumo dizer que o baianês não é só a língua, tem o gestual, o jeito de olhar, vai além da entonação, e que são coisas só daqui. Eu vi um jeito de falar, de se expressar, diferente. Tinha umas expressões curiosas, engraçadas. Um dia um dos engenheiros baianos chegou para a gente e falou ‘Bora pegar um baba hoje?’, e eu fiquei ‘Que p@rra é essa?’ e eles explicaram que era jogar futebol na Bahia. E aí nos encontros com meus colegas baianos eu comecei a ficar atento”, disse Nivaldo.

A respeito das contestações de leitores sobre as expressão apresentadas em seu dicionário, como a feita pela internauta nas redes sociais, ele disse que não chegou a ter um embate por conta disso.

“Durante o período que eu escrevi o texto, surgiram pessoas que ajudaram a enriquecer. Porque é complicado, os termos usados no Dicionário de Baianes são basicamente de Salvador e do Recôncavo, que foi onde eu vivi. Vem da linguagem popular, embora hoje, pobre ou rico, a maioria das pessoas usam essas expressões. Mas nunca ninguém questionou”, pontuou.

Fonte: Sotaqueando, Bahia notícias

Imagens: Instagram, Bahia notícias

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