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Medalha de 1,8 mil anos com rosto de Medusa é achada em antigo forte romano

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As mulheres são bem presentes na mitologia e sabemos e estudamos sobre elas até hoje. Uma das figuras mais famosas é Medusa, que na mitologia grega é descrita como tendo cabelos de cobra e um poder de petrificação para quem olhar diretamente em seus olhos.

Ela é bastante presente até os dias atuais. E graças a essa descoberta arqueológica, vemos que no primeiro século d.C., Medusa também era bastante presente. Eles descobriram um forte romano com o rosto dessa figura mitológica. A medalha foi encontrada no sítio arqueológico inglês de Vindolanda, no dia seis de junho. E ele é de aproximadamente 1,8 mil anos atrás.

Descoberta

Aventuras na história

Essa descoberta foi divulgada pela The Vindolanda Trust, que era a organização responsável pela escavação, no dia oito de junho em suas redes sociais. “Esta é uma phalera de prata [uma condecoração militar] representando a cabeça da Medusa. A phalera foi descoberta no chão de um quartel, datando do período de ocupação de Adriano”, disse a publicação.

Na época romana, Medusa era tida como um símbolo que repelia o mal. De acordo com John Pollini, professor de história da arte especializado em arte grega e romana da Universidade do Sul da Califórnia, “desde os tempos gregos, este é um potente item apotropaico para afastar coisas ruins, para evitar que coisas ruins aconteçam com você”.

Por isso que não é incomum ver o rosto de Medusa em outras medalhas que eram usadas como símbolo de honra para os soldados que participaram de batalhas. De acordo com o professor, quem as ganhava, usava essas medalhas durante desfiles locais e também em enterros.

Segundo a revista Galileu, essa descoberta mais recente está no laboratório de Vindolanda e ano que vem irá fazer parte de uma exposição junto com outros achados no mesmo sítio arqueológico.

Medusa

Hypeness

Mesmo que presente na mitologia, normalmente as pessoas escutam como eram as mulheres da mitologia em vozes e visões de autores masculinos. Entretanto, Natalie Haynes, graduada em filologia clássica pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, considerada uma autoridade mundial em literatura clássica, resolveu mudar essa visão que se tem desses mitos.

Como ela fez isso? Revisitando mitos como o de Medusa, mas a partir de uma perspectiva que foi silenciada há anos: a feminina. Em 2021, ela publicou seu livro “Os mil navios”, em que narra a lendária Guerra de Troia e suas consequências terríveis através das histórias de várias mulheres.

Em setembro de 2022, ela lançou outro trabalho com o foco em Medusa. E durante o HAY Festival Querétaro, na Cidade do México, Natalie deu uma entrevista à BBC News Mundo contando um pouco sobre o seu trabalho a respeito dessa figura mitológica. Veja algumas partes transcritas da entrevista.

A história por trás da Medusa também é muito diferente do que costumamos pensar, certo? Medusa encarna em nosso imaginário um monstro terrível e, no entanto, ela também era uma vítima.

Sim. As pessoas pensam na Medusa como o monstro arquetípico, mas ela foi vítima de estupro.

Ela foi primeiro estuprada por um deus masculino (Poseidon) e depois punida por uma deusa feminina (Athena) por ter sido agredida sexualmente em seu templo.

Escrever sobre Medusa para o meu livro O Jarro de Pandora foi muito terapêutico. Realmente gostei de poder dizer às pessoas: “Veja como tratamos essa personagem que de fato não fez absolutamente nada de errado”.

Quando terminei o capítulo sobre Medusa, ainda estava muito zangada com a forma como a história a trata, que decidiu priorizar partes muito específicas de sua trajetória.

Por que você acha que a versão do mito da Medusa que chegou até nós não fala que ela foi estuprada e que também foi punida por sofrer agressão sexual?

Acho que, sem nem pensar, tendemos a ficar do lado de homens aventureiros, porque tantas histórias em todas as culturas nos convidam a fazer isso.

Até há relativamente pouco tempo, apenas algumas de nossas histórias pediam para nos identificarmos com as mulheres.

As personagens femininas tiveram um papel muito importante nas narrativas antigas, mas depois ficaram perdidas por muito tempo.

Quase todos nós crescemos com Perseu como nosso herói, o bravo homem que salva Andrômeda de um monstro marinho.

Mas para salvar Andrômeda, Perseu precisa primeiro pegar a cabeça de Medusa, e isso imediatamente a desumaniza.

Não pensamos na Medusa como uma górgona, mas como a dona da cabeça que precisamos.

As pessoas têm de ser lembradas que ela é uma das três irmãs, que choram quando ela é tirada delas. Medusa não fez nada de errado.

Na verdade, seu poder de transformar em pedra quem olha em seus olhos só é usado após sua morte, justamente por Perseu. Ela não usa esse poder quando está viva.

E, no entanto, tendemos a olhar para isso com horror.

Fonte: Aventuras na história,  BBC

Imagens: Aventuras na história, Hypeness

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