Morcego-espectral se alimenta de outros morcegos

Na Reserva Arqueológica de Lamanai, Belize I, foi localizado o morcego-espectral. A cientista-chefe da organização sem fins lucrativos Bat Conservation International e ecóloga da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, Estados Unidos, desenvolveu um estudo sobre esses morcegos que comem outros animais da própria espécie.

A expedição foi realizada em novembro de 2021. No local, foram encontrados diversos morcegos, desde a espécie Centurio senex, que possui os rostos enrugados, os morcegos Rhynchonycteris naso, que possuem nariz similar ao do Pinóquio, até os morcegos-vampiros, característicos por suas presas pontiagudas.

Porém, o destaque fica com o Vampyrum spectrum, mais conhecido como morcego-espectral. A espécie é do tamanho de um corvo, com orelhas, focinho e dentes que lembram o Lobo Mau, além disso, possui 1 metro de envergadura de asas, sendo considerado o maior morcego do Hemisfério Ocidental.

“Os morcegos são parte importante da biodiversidade de mamíferos, e o Vampyrum especificamente é um ótimo exemplo de um morcego impactante”, disse Frick. “São como onças aladas nas florestas tropicais da América Central e do Sul.”

O morcego carnívoro

Um grupo liderado por Melissa Ingala, pesquisadora associada do Museu Americano de História Natural, na cidade de Nova Iorque, colocou uma pequena etiqueta sob a pele do morcego para descobrir o que a fêmea comeu. Com isso, se o animal for capturado novamente é possível saber se a dieta dele mudou.

Os especialistas explicam que as poucas informações sobre a espécie é devido à dificuldade de capturá-los. Nancy Simmons, curadora-chefe do Departamento de Mamologia do Museu Americano de História Natural, organiza pesquisas anuais sobre os morcegos.

“Acredito que o Vampyrum, especificamente, vaga pela floresta em busca de pequenos vertebrados e, quando ouve algo estranho, vai investigar”, disse Simmons.

De acordo com estudo recente, o Vampyrum sobrevoa à noite em busca de aves, pegando-as nos ninhos e em galhos de árvores. Ele também caça roedores do sul do México até o Brasil.

“Eles mergulham e envolvem suas presas, utilizando as asas como leque”, informa Rodrigo A. Medellín, ecólogo da Universidade do México, que não participou da expedição a Belize. Ele ainda acrescenta que os morcegos “desferem uma mordida mortal, geralmente no topo da cabeça ou na nuca da presa”.

Isso pôde ser registrado poucas vezes por conta da pequena quantidade de Vampyrum observados. Vale lembrar que o animal está listado como como quase ameaçado de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

De acordo com Madelin, quando as morcegos-espectrais fêmeas ficam na toca com um filhote, o macho leva roedores e outras presas para ela. O especialista ainda informa que essa espécie se guia pelo som das próprias presas na hora da caça.

“Há também a hipótese, que precisamos testar, de que os morcegos estejam utilizando o olfato”, acrescentando que as aves que o animal costuma comer tem odores fortes.

Habitat do Vampyrum

De acordo com estudo recente de Medellín, tanto o Vampyrum quanto o Chrotopterus (falsos-vampiros) gostam de ficar em árvores ocas. Contudo, em áreas em que as duas espécies estão, o Chrotopterus costuma ficar em cavernas, sítios arqueológicos e buracos.

“Mas quando o Vampyrum não está presente no sistema, seja em maior altitude ou latitude, então o Chrotopterus ocupa as árvores ocas”, disse o especialista.

Para Medellin, isso sugere que as outras espécies de morcegos que compartilha ecossistema com o Vampyrum ajustam o seu comportamento para garantir a própria segurança

Fonte: National Geographic