Quando temos alguma dor de cabeça, uma dor muscular ou um incômodo no estômago, nosso instinto é tomar algum remédio para que essas coisas não atrapalhem o restante do dia. Felizmente, existe um medicamento para quase todos os incômodos e normalmente todas as pessoas têm uma gaveta com remédios para uma emergência ou para se prevenir da enfermidade.
Contudo, tomar remédios sem indicação médica não é uma prática recomendável. Até porque, quando usamos excessivamente um medicamento, isso pode acabar se tornando prejudicial. Além disso, alguém que se automedica está propenso a correr alguns riscos, como a intoxicação. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): “a intoxicação por medicamentos ocupa o primeiro lugar dentre as causas de intoxicação registradas em todo o país, à frente dos produtos de limpeza, dos agrotóxicos e dos alimentos estragados”.
Contudo, mesmo que o automedicamento seja uma coisa ruim, os medicamentos em si são uma coisa boa. Até porque, através do seu uso, as pessoas podem curar doenças ou amenizar a dor que estão sentindo.
Folha PE
Alguns medicamentos são bastante acessíveis e todos podem comprar. Mas existem aqueles que são extremamente caros. Em 2019, a agência federal dos medicamentos norte-americana, a Food and Drug Administration, aprovou o medicamento para atrofia muscular espinal, que é uma doença rara e a principal causa de morte genética entre as crianças.
O medicamento é o chamado Zolgensma. Ele é considerado o mais caro do mundo, com cada dose custando 2.125 milhões de dólares, ou seja, cerca de 12 milhões de reais.
Ele foi aprovado nos EUA três anos atrás e agora a Anvisa aprovou o medicamento para tratar a AME (Atrofia Muscular Espinhal). Esse medicamento da Novartis Biociências S. A. teve seu registro publicado pela agência no Diário Oficial da União.
O registro do Zolgensma foi feito para o tratamento de pacientes com AME do tipo 1, com até dois anos de idade. Esse medicamento ganhou destaque por conta da história de Mariana Roda, uma menina de um ano e 11 meses, que tem AME. Os pais da menina até fizeram uma vaquinha online para conseguir dinheiro para o tratamento da filha com o Zolgensma. Felizmente, depois de 10 meses, eles conseguiram o dinheiro para comprar o remédio.
A AME é uma doença rara que é causada por conta de uma alteração no gene que é responsável por codificar a proteína necessária para o desenvolvimento correto dos músculos. Por conta disso, os efeitos dessa doença são fraqueza, hipotonia, atrofia e paralisia muscular progressiva.
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Segundo dados científicos, essa doença atinge um em cada 10 mil bebês recém-nascidos. E no caso da AME tipo 1, a que é tratado com o medicamento, ela atinge entre 45 a 60% de todos os portadores da doença. Esse tipo é considerado o mais grave, mas não raro, e leva à morte de seus portadores.
“Os estudos realizados até o momento com o Zolgensma demonstraram que uma aplicação única do produto pode melhorar a sobrevivência dos pacientes, reduzir a necessidade de ventilação permanente para respirar e alcançar marcos de desenvolvimento motores”, informou a Anvisa.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que a alíquota de importação para o medicamento está zerada. Mesmo que essa ação tenha sido elogiada por conta do seu caráter humanitário e levando em consideração o drama dos familiares de quem tem essa doença, os técnicos da área de saúde pontuaram que pode ser perigoso esse fato de o Executivo ter zerado a alíquota de importação de um medicamento que, na época, não tinha sido aprovado pela Anvisa.
Com uma pressão sobre a agência, fontes na Anvisa pontuaram um possível impacto que a autorização do medicamento possa ter no SUS (Sistema Único de Saúde). E agora que o medicamento finalmente foi autorizado no Brasil, quem precisar dele pode entrar na justiça para conseguir o tratamento de graça pelo SUS.
Fonte: Vilhena Silva