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O mistério dos terremotos sem explicação

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Terremotos ocorrem em vários lugares do mundo todos os anos. Alguns, de proporções massivas, acabam chamando atenção da mídia, devidos aos grandes estragos que eles acabam causando. Enquanto outros, sequer são sentidos. A não ser pelos sensíveis aparelhos que os cientistas utilizam para estudá-los.

E nem todos eles são fenômenos naturais, alguns são provocados pelo homem. Como por exemplo, o terremoto que aconteceu no dia 15 de novembro de 2017 em Pohang. De acordo com um relatório publicado por uma equipe de especialistas que tentou descobrir o que causou o tremor, a conclusão foi de que ele foi causado pelo homem.

Ao todo, esse terremoto deixou 135 pessoas feridas e 1,7 mil temporariamente desalojadas. Para descobrir se a atividade industrial tinha desencadeado o terremoto, os sul-coreanos pediram ajuda a uma nova geração de sismólogos: os chamados “detetives de terremoto”.

Terremotos

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Esses detetives analisam os registros sísmicos e dados da indústria para ver se o tremor foi ou não natural. Essa não é uma tarefa fácil, mas os cientistas estão desenvolvendo métodos mais seguros para conseguir identificar os responsáveis.

Até porque, cada vez mais as perfurações e operações de “fracking”, fraturamento hidráulico, são feitas no mundo todo. Por conta disso, os terremotos induzidos pelo homem se tornaram uma preocupação crescente.

Hoje em dia, aproximadamente 100 mil poços de petróleo são perfurados anualmente. Para isso é usado a energia geotérmica, que às vezes envolve a injeção de fluidos em rochas quentes para gerar vapor, e seu uso pode aumentar em seis vezes até 2050. Quando se remove grandes quantidades de combustível fóssil ou se inunda rochas fraturadas com líquido, é possível que se altere o equilíbrio de tensões subterrâneas e que um terremoto seja provocado.

No caso do terremoto de Pohang, Bill Ellsworth, do Centro de Atividade Sísmica da Universidade de Stanford, nos EUA, e sua equipe começaram analisar as evidências. Quando fizeram isso, uma história diferente veio à tona.

Causa

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Os pesquisadores usaram como base dados sísmicos da área, assim como informações sobre a atividade de perfuração da NexGeo, empresa que operava a usina geotérmica experimental.

Esse tipo de usina opera usando o calor do solo para gerar eletricidade, e existem várias formas de fazer isso. Algumas delas usam vapor liberado diretamente de reservatórios geotérmicos. Enquanto isso, em outros casos, a rocha pode estar quente, mas não há fluido suficiente para trazer calor para superfície na forma de vapor. Então, para que a rocha libere esse calor, a NexGeo queria injetar um fluido no solo.

Entretanto, antes de chegar nessa etapa, a empresa precisava perfurar a terra bem profundamente. Foi aí que as coisas deram errado. “Por algum motivo, havia uma passagem que permitia que o fluido escapasse do poço”, explicou Ellsworth.

E quando a empresa injetou mais fluidos eles conseguiram garantir a perfuração do poço, mas a grande pressão causou a atividade sísmica. “Isso desencadeou alguns eventos muito pequenos, tão pequenos que não foram notados na época”, ressaltou o pesquisador.

Observações

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No entanto, o que a equipe de perfuração parece não ter percebido, mas que a análise espacial desses mini terremotos mostrou mais tarde, foi que a perfuração tinha, na verdade, atravessado uma falha geológica. É nesse ponto onde duas placas tectônicas se encontram. E o movimento da terra pode acontecer ao longo dessas falhas, e é justamente isso que causa terremotos.

Na época, os mini terremotos foram ignorados, mas eles eram um sinal de que alguma coisa estava errada. Depois de algumas semanas aconteceu o terremoto de magnitude 5,5.

Então, os dados coletados por Ellsworth e seus colegas os convenceram de que o evento foi induzido pela atividade do homem. E o governo sul-coreano se comprometeu a desativar a usina geotérmica.

“Não existe uma receita padrão para identificar ou discriminar qualquer evento”, explicou o pesquisador.

Entretanto, ouvindo com atenção o que o solo tem a dizer, as empresas e os governos podem estar melhor preparados para reagir a um terremoto antes que seja tarde demais.

Fonte: BBC

Imagens: BBC

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