A obesidade tem sido uma questão crescente no mundo inteiro. A cada dia que passa, as pessoas comem mais e se exercitam menos. Além disso, com a proliferação dos famosos fast-foods, entra cada vez mais comida industrializada e outros tipos de besteiras na dieta da população média. Consequentemente, a obesidade vem se tornando um dos problemas mais sérios e graves do mundo inteiro.
A obesidade é citada por médicos como uma praga do século XXI. Se ela é vista com tanta urgência assim por especialistas, é porque é uma das coisas que mais levam à morte hoje em dia. Várias doenças crônicas e fatais são causadas pela obesidade.
Geralmente, quando se fala em país com pessoas obesas, nós pensamos nos Estados Unidos quase imediatamente. Entretanto, o Brasil está cada vez mais gordo. Mesmo com os vários alertas a respeito da importância de se ter e manter uma alimentação balanceada e praticar exercícios regularmente, a população do nosso país continua engordando.
Entre 2003 e 2019, o número de pessoas obesas, com mais de 20 anos, mais do que dobrou no Brasil. Esse número aumentou de 12,2% para 26,8%. Esses dados são vistos no Volume 2 da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo IBGE.
Os especialistas alertam que, se esse número continuar crescendo, em quinze anos, nosso país irá entrar para o grupo de países onde mais de 30% da população é obesa. Esse já é o caso dos Estados unidos, México e Austrália. E esse problema também está ligado à grande desigualdade econômica e social nos países.
“A desigualdade é um grande problema. Em sociedades onde a desigualdade é profunda, a obesidade tende a crescer”, afirmou o especialista Wolney Conde, da Universidade de São Paulo (USP).
“Toda a nossa campanha de prevenção é voltada para os esforços individuais. Mas precisamos nos voltar também para as questões sociais. Ou seja, se não tem condições de preço, de oferta, de alimentos saudáveis, é difícil fazer com que pessoas comam de forma mais correta. Se a pessoa não tem tempo disponível em sua jornada diária, se não tem equipamentos disponíveis perto de casa para se exercitar, ela não vai conseguir fazer isso. O Estado precisa agir sobre esses outros aspectos para que o cidadão possa fazer as escolhas individuais a favor de sua saúde. Em condições tão desiguais, as chances de sucesso das escolhas individuais serão muito baixas”, continuou.
A pesquisa ainda mostra que, entre 2003 e 2019, a obesidade feminina foi a que mais aumentou. Ela passou de 14,5% para 30,2%. Essa porcentagem foi bem maior do que o crescimento da obesidade masculina, que subiu de 9,6% para 22,8%. E nos dias de hoje, uma em cada quatro pessoas com 18 anos ou mais é obesa no Brasil.
“A gente sabe que a obesidade é uma doença crônica, complexa, que existe uma biologia que favorece o ganho de peso. Não dá para responsabilizar o indivíduo. Precisamos mais do que nunca ter políticas públicas para a prevenção da obesidade, como regulamentação da alimentação escolar, rotulagem de alimentos, marketing de ultraprocessados voltados para crianças, sobretaxação de bebidas açucaradas e até redução para os alimentos saudáveis”, disse a endocrinologista Cintia Cercato, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
Além da obesidade, o número de pessoas com excesso de peso também está crescendo consistentemente. Entre 2003 e 2019, a porcentagem de pessoas com excesso de peso no Brasil, em pessoas com 20 anos ou mais, subiu de 43,3% para 61,7%. Esse aumento também foi maior em mulheres do que em homens.