Curiosidades

O primeiro julgamento a usar impressões digitais como prova

0

As impressões digitais de uma pessoa são extremamente importantes porque são elas que fazem cada pessoa única. Justamente por cada pessoa ter a sua é que as digitais são usadas para praticamente tudo. Por exemplo, bancos as usam como forma de identificação. No momento de votar, as pessoas colocam suas impressões digitais para comprovar que são elas mesmas, e até mesmo o ato de desbloquear um smartphone é feito com elas.

No entanto, essa nem sempre foi a realidade. Tanto que foi um marco um julgamento usar as impressões digitais de alguém para conseguir resolver um crime.

O crime em questão aconteceu no dia 19 de setembro de 1910, quando Clarence Hiller morreu assassinado por um assaltante na porta de casa, em Chicago. Quem o matou foi Thomas Jennings, que seis semanas antes tinha recebido liberdade condicional.

O caso pode parecer banal, mas o que dá a ele sua importância foi que Thomas deixou uma marca de dedo na grade recém pintada da casa de Clarence. E essa marca foi usada como prova no julgamento.

Quando viu a marca, a polícia tirou fotos e cortou a grade dizendo que aquilo poderia provar a identidade do assassino. Mal sabiam eles que por conta dessa ação essa se tornaria a primeira condenação em que as impressões digitais serviriam como prova.

Impressões digitais

The Peter Borough examiner

No fim do século XIX, Francis Galton, antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês, começou a estudar as impressões digitais. Com isso, ele propôs que essa identidade dos dedos fosse analisada com base em seus arcos, voltas e espirais que ela deixava onde uma pessoa tocava.

Mesmo com esse estudo precursor, o nome de Galton entrou para a história também porque as pessoas desconfiavam da ciência dos seus estudos e que eles eram, na realidade, focados em preconceitos racistas. Um exemplo do porquê se acreditava nisso foi que ele pensava que as impressões digitais revelariam também a raça das pessoa. Mas não se encontrou nenhuma prova disso.

Segundo pesquisadores, Galton se interessou pelas impressões digitais por conta de princípios colonialistas existentes na época. “As impressões digitais foram originalmente introduzidas para os europeus distinguirem entre a massa indistinguível de povos extra-europeus, que produziram impressões digitais ‘indecifráveis’”, escreveu a jornalista Ava Kofman.

Mesmo assim, o sistema criado por ele foi adotado pela polícia e não demorou muito para que se espalhasse por vários lugares. E em 1904, a Scotland Yard mandou representantes para a Feira Mundial em St. Louis para que eles demonstrassem a técnica que estava se popularizando nos tribunais britânicos.

Julgamento

IPOG

Para o julgamento de Thomas Jennings, a técnica que eles usaram para coleta da prova foi exatamente como Galton descrevia. Na época, os advogados de defesa de Thomas tentaram trazer questões sobre o método que ainda era desconhecido. Contudo, essas tentativas não foram bem sucedidas, uma vez que as impressões digitais do advogado foram coletadas e comparadas com a que tinha sido encontrada na grade.

A acusação do caso argumentou que as impressões digitais nunca se repetiam. E eles provaram seu ponto coletando as digitais de várias pessoas presentes no julgamento.

Por conta disso, no final, o júri votou unanimemente que Thomas fosse considerado culpado pelo assassinato de Clarence. Com isso, o homem foi condenado a ser enforcado.

Com o resultado do julgamento, o jornal Decatur Herald publicou que aquela era “a primeira condenação em evidências de impressão digital na história deste país”. Além disso, a publicação também completou dizendo: “o assassino escreveu sua assinatura quando pousou a mão na grade recém-pintada da casa dos Hiller.”

Sempre diferentes

UFMG

Como os advogados de acusação falaram no caso, as impressões digitais não se repetem. Até mesmo em gêmeos idênticos, que têm a mesma sequência de DNA, cada um deles tem a sua digital que, por mais que sejam parecidas, é diferente do seu irmão.

Isso acontece porque as impressões digitais são influenciadas por fatores genéticos e ambientais durante o desenvolvimento dos bebês no útero. As digitais são definidas entre 13 e 19 semanas.

Fatores como comprimento do cordão umbilical, posição no útero, pressão sanguínea, nutrição e a taxa de crescimento do dedo fazem com que as impressões digitais de gêmeos sejam diferentes. E tudo isso se torna ainda mais evidente depois que eles nascem. Isso porque, cada um deles tem um tamanho e um peso diferente do outro.

Então, mesmo que os gêmeos tenham o mesmo DNA, as impressões digitais jamais serão as mesmas. Elas podem ser parecidas, mas nunca iguais.

Fonte: Smithsonian magazine, UOL

Imagens: The Peter Borough examiner, IPOG, UFMG

Cuidados para se ter antes de entrar com a revisão da vida toda no INSS

Artigo anterior

A depressão desse senador canadense melhorou depois de esposa “dosar” o café com cogumelos alucinógenos

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido